Difícil versus cômodo: a ideia de escolher o seu difícil tem mais lados a observar

 Cultura e Comportamento

 

A percepção de que o que somos na vida leva a dificuldades tem sido bem difundida pelas redes sociais, em um ou mais posts que falam sobre diferentes características das pessoas, principalmente dinheiro e forma física. Realmente, escolhas levam a dificuldades diferentes, mas não podemos resumir a isso.

 

 

Lá vamos nós com nossas dificuldades!
[Sísifo ilustra bem algumas dificuldades. Imagem: Elias Sch. / Pixabay]


 

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O TEXTO DAS REDES SOCIAIS

 

Em geral, o texto varia um pouco da academia ao coach, podendo ser assim:

 

“Perder peso é difícil.

Manter peso é difícil.

Ser gordo é difícil.

ESCOLHA O SEU DIFÍCIL.”

 

“TUDO É DIFÍCIL,

QUAL É O SEU DIFÍCIL?

SER POBRE É DIFÍCIL, SER RICO TAMBÉM, SER GORDO É DIFÍCIL E SER MAGRO TAMBÉM...

ESCOLHA HOJE QUAL O DIFÍCIL VOCÊ QUER VIVER.

 

POR QUE CADA UMA DESSAS COISAS É DIFÍCIL?

 

Poderíamos citar muitos outros exemplos de situações opostas e que são difíceis, mas vamos falar um pouquinho mais sobre os que foram citados por aí nas redes, sobre os opostos na condição física e na condição financeira. Vamos começar pela condição física.

 

Se você é magro(a) e com boa forma física, isso é difícil porque você não conquista essa condição sem uma receita que parece simples, mas não se adapta à vida cotidiana de muitas pessoas: boa alimentação e rotina de exercícios. A boa comida passa longe de coisas como lanches rápidos, açúcar e gordura, que estão em muitas delícias da cozinha, e é preciso se privar na maior parte do tempo: você já viu alguém comemorar aniversário com bolo fit e água sem gás?

 

Também não é possível chegar à forma ideal sem exercício, e isso não vai ser a coisa mais prazerosa do mundo. Por mais que estudos apontem que liberamos hormônios do prazer em função da atividade física, aquelas dores e aquele suor acumulados logo depois ou mais tarde, não são uma sensação magnífica...

 

E ser gordinho(a) é um problema por alguns fatores. Um deles é o fato de estar fora do que seria considerado o padrão de beleza, e enfrentar dificuldades até para se vestir. Marcas de roupas e outros produtos começaram a surgir, mas são em menor proporção. Também existe a pressão psicológica e piadinhas maldosas no dia-a-dia, não só por crianças, mas em todas as faixas etárias.

 

Além do que vem de fora, existem as limitações da própria condição de sobrepeso, ou ainda de obesidade. Há problemas crônicos de saúde associados, dores, dificuldade de locomoção e cansaço rápido. Em caso de uma infecção, como a do coronavírus, a obesidade acaba sendo um fator de risco a mais para o desenvolvimento de quadros mais graves.

 

    Na condição financeira, temos problemas nos dois extremos, independentemente de pessoa. Em qualquer um dos casos, dinheiro é finito, mas suas necessidades e planos surgem continuamente.

 

Se você é pobre, mudar de condição exige um esforço absurdo. A repórter Sônia Bridi ilustrou muito bem isso em uma reportagem para o Fantástico, onde uma pessoa mais pobre seria aquela tentando subir em uma escada rolante que desce: não que seja impossível, mas é muito mais difícil.

 

A pessoa pobre precisa estar muito determinada a mudar de condição, cortar todo e qualquer tipo de custo, evitar ao máximo ter filhos que não consegue criar direito... Se essa pessoa viver em uma metrópole, ou em alguns grandes centros regionais, não consegue nem atender o básico com um salário mínimo, e essa falta de atendimento ao básico impede de subir de vida, ter capacidade de poupança.

 

Já as pessoas mais ricas passam por outras formas de dificuldade. Isso não passa pelo atendimento ao básico, pois conseguem sustentar muito bem isso e ainda caminham ao supérfluo (ou até mesmo ao desperdício maciço) porque sua condição financeira permite. A dificuldade na riqueza está na proteção ao patrimônio, seja ele dinheiro vivo, investimentos e imóveis, e a proteção à integridade física.

 

O mundo é dinâmico, negócios mudam e fatores alheios à vontade de uma única pessoa acontecem. Se uma pessoa rica sofrer algum revés e perder muito dinheiro, pode enfrentar dificuldades de solvência porque pode não encontrar uma nova posição de trabalho (se for um cargo alto) ou o setor de seu negócio se tornar obsoleto, ou não conseguir levantar dinheiro rapidamente (imóveis ou alguns tipos de investimentos não possuem liquidez imediata). É preciso planejar as condições no futuro para não ser pego de surpresa, pois não basta ter o dinheiro, senão ganhar na loteria seria o passo para a eternidade sem se preocupar com grana.

 

E SE MUDARMOS PARA: O QUE É MAIS CÔMODO?

 

Realmente, existem dificuldades em todos os pontos de vista, que não são as mesmas e refletem na vida de cada um. Mas a análise não basta apenas por dificuldade ou facilidade, mas temos outras formas de ver cada situação, e uma delas é: o que é mais cômodo?

 

No caso de condição física, o primeiro passo a observar é se uma pessoa em sobrepeso ou obesa tem algum fator impeditivo de mudar sua condição física. Existem doenças, ação de remédios, lesões e outras limitações que impedem uma pessoa de emagrecer, e, sendo assim, não se pode tirar conclusões precipitadas a respeito.

 

Mas fora as condições impeditivas, se alguém estiver em sobrepeso ou mesmo obeso, essa condição acaba se tornando mais cômoda e viciante, porque você não precisa ter o cuidado diário, semanal, mensal, anual... que te fariam mudar de condição física.  E opção cômoda, nesse caso, não existe. Exceto indicação médica, há muitos procedimentos estéticos que prometem a forma física rapidamente, mas são pura ilusão, pois estado físico não é estado, é permanência, e permanência exige continuidade.

 

Buscar melhor condição física deve ser, prioritariamente, busca pela saúde física. Não podemos querer que todos virem fisiculturistas, nem faria sentido, mas o esforço pela boa forma possui suas vantagens ao longo do tempo.

 

Quanto ao aspecto dinheiro, não é a condição mais cômoda nem ser muito rico, nem ser paupérrimo. Nesses dois extremos, a falta e a sobra causam problemas e dores de cabeça. O ponto mais cômodo está naquelas pessoas que conseguem garantir um atendimento ao básico, com alguma folga, e certo nível de conforto e lazer. Para ter essa condição, você não precisa ser o sujeito mais rico do mundo, mas precisa ou ter um emprego de nível mais elevado, ou um negócio que garanta alguma renda a você. Você não vai ficar completamente isento de preocupações em momento algum, pois o sustento é algo contínuo, mas o maior nível estará nos extremos, que são mais difíceis de resolver.

 

O PARALELO COMODISMO E AÇÃO

 

Falamos um pouquinho sobre situações mais cômodas e dificuldades, mas essa discussão é mais ampla. Trouxemos para você outro post (linha azul 👇🏻), onde você vê alguns aspectos de decisão, comodismo e ação:

 

 

 

E AINDA MAIS PARA VOCÊ:

👉 Comodismo e ação

 

 

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