Tecnologia
Buscadores e redes sociais foram ferramentas que mudaram a forma com que usamos nosso acesso à internet. Em geral, nossas interações não-físicas com as pessoas acontecem por meio das redes sociais, e dificilmente acessamos sites e conteúdos novos sem que um buscador seja intermediário desse acesso. Talvez não nos tenhamos dado conta, mas existe um mundo por trás desses dois tipos de sites ou aplicativos de celular.
[Redes sociais e buscadores conectando pessoas Imagem: Gordon Johnson / Pixabay] |
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O DILEMA DAS REDES
Nos últimos tempos, o documentário exibido pela Netflix chamado “O Dilema das Redes” chamou a atenção de muitas pessoas sobre aspectos que antes as mesmas não teriam refletido a respeito, falando sobre visões comerciais, políticas e de relacionamento entre pessoas por meio dessas ferramentas. Algumas pessoas se sentiram desestimuladas com suas redes sociais, outras se afastaram e fecharam suas contas, ou ainda passaram a ver de forma diferente as redes sociais.
O lançamento do documentário também gerou manifestações contrárias por parte dos citados, como o Facebook, que lançou a resposta na forma do documento “What ‘The Social Dilemma’ Gets Wrong” ou “Onde ‘O Dilema das Redes’ erra”. Nesse documento, a empresa reafirma que as pessoas não são mercadorias, que checa informações falsas e evita a sua disseminação.
Quem vos escreve não assistiu ao dito documentário, mas pode falar a respeito, apresentando algumas nuances escondidas entre fatos e boatos. Existem muitas coisas legais nas redes sociais, como a possibilidade de interação com pessoas distantes, trabalho e negócios, a estampa do dia-a-dia na visão de cada um. Muitas pessoas ganham o pão de cada dia oferecendo seus produtos nas redes, ou ainda conseguem alcançar muitas pessoas e engajar em causas coletivas.
Só que por trás de toda essa simpática interface, é preciso fazer uma única pergunta, que norteia todas as questões no nosso mundo capitalista. Quem é que paga a conta?
FACEBOOK E OUTRAS REDES SOCIAIS SÃO GRATUITAS?
O mundo virtual não é tão virtual assim. Você pode acessar um conteúdo, mas ele está armazenado em algum lugar físico no planeta. Aquele site ou rede social possui um registro de domínio, pessoas que trabalham nele, sede administrativa, data center, contas a pagar.
O Facebook não é como uma emissora de TV ou portal de jornalismo que produz conteúdo, mas armazena o conteúdo de outras pessoas. Para isso funcionar, cobrindo seus custos e, como uma empresa, gerando lucro, só seria possível existir ou cobrando mensalidades, ou possuindo propaganda. A propaganda funciona quando as pessoas estão em um local, gera-se visibilidade, vendas e lucro ao anunciante e pagamento ao proprietário da rede social.
A mensalidade só funciona quando há real interesse no item, considerando-se a propaganda algo invasivo. Nunca se falou em mensalidade no Facebook, mas outros serviços como Spotify ou YouTube já criaram versões pagas.
O caminho do Facebook foi o de manter-se gratuito ao usuário, mas lucrar com propaganda. O ponto que une o usuário à propaganda e, consequentemente, à venda, é o fato de que a rede social possui dados das pessoas e pode direcionar quais propagandas passar a quem, aumentando a chance de vendas.
E OS STREAMINGS COMO O NETFLIX?
Mesmo os serviços de streaming como o Netflix se baseiam em dados de pessoas para decisões. Não há a veiculação de anúncios, mas como a disponibilização de filmes e peças em catálogo inclui pagamento de direitos autorais, de imagem e outros, e isso só vale ser pago e renovado havendo demanda.
Colocar o exemplo do Netflix aqui é apenas uma forma de ilustrar o que o mundo digital faz: coleta dados e organiza suas ações em função deles. Nas redes sociais e buscadores, a diferença é que são comandados por empresas mais poderosas, que fazem isso mais a fundo. Outro aspecto importante é que esses dados sejam anonimizados, ou seja, sabe-se que há N indivíduos com característica X, mas não se saiba citar os nomes.
OS BUSCADORES COMO O GOOGLE
Durante as discussões sobre uso de dados e internet, propostas de restrições e outros aspectos, a divisão brasileira do Google, em contraponto ao uso de dados pessoais, buscou ressaltar quais as contribuições positivas em sua atuação, como ser ferramenta no combate às notícias falsas, pois uma pessoa faz checagens com buscas. Também ressalta que não é capaz de eliminar conteúdo da internet, pois não é proprietária de todos os sites.
O Google não é o único buscador da internet, havendo várias outras opções que oferecem pesquisas e vendem-seus-peixes anunciando serem mais seguras ou não armazenarem dados. Por outro lado, essas versões alternativas são menos desenvolvidas comercialmente, justamente pelo menor alcance e por explorarem menos o potencial comercial desse nicho.
Dentro da pesquisa, por exemplo, buscadores como o Google possuem critérios para definir conteúdos relevantes, por algoritmos e mais análises de dados. Mas como as pessoas não fazem pesquisas extensas, é valioso o espaço das primeiras páginas, podendo haver conteúdo patrocinado.
E, saindo da pesquisa, outros negócios fazem parte do Google, como os anúncios do AdSense dentro dos sites. Sem contar os celulares, navegador, etc. Para tudo isso funcionar e converter em resultados, dá-lhe dados.
COMO VOCÊ USA AS REDES E BUSCADORES?
Muitas pessoas já perceberam, antes mesmo de o famoso documentário surgir, que são bombardeadas com propagandas. Nos perfis das redes sociais, com textos, campos de características e imagens, as pessoas acabam contando um pouco do que são, o que gostam, idade e tudo o mais. Fornecer todas essas informações acaba favorecendo o processo de venda de algo. Nas redes sociais, os termos de busca também direcionam os anúncios futuros.
Há quem tenha optado, diante desses fatos, em usar bloqueadores de anúncios. Também é possível a restrição dos dados compartilhados nas redes sociais, com menos detalhes pessoais, trajetória profissional e outros aspectos. Isso reduz os dados soltos nas redes e buscadores, mas possui efeitos colaterais.
OS PROBLEMAS RELACIONADOS À FALTA DE RASTREIO E VENDAS
Acabar completamente com o perfil comercial das redes sociais e de buscadores como o Google talvez os tornasse inviáveis, pois, como mencionamos ao longo do texto, isso precisa se manter de alguma forma. Redes sociais e o Google ganham valores maiores do que outros sites e meios digitais porque concentram visibilidade, mas outros negócios menores, comércios e criadores de conteúdo relacionados precisam também de ganhos para que se mantenham. Acabar com a propaganda mata aos poucos vários portais legais na Internet.
O jeito é trabalhar na transparência (veja que vários sites avisam sobre o uso de cookies e outras práticas) e no uso consciente por cada usuário. Para algumas atividades, vale a pena pensar se usa uma ferramenta mais restrita, ou uma plataforma mais aberta e com propagandas. O uso de mais de um buscador ou navegador ajudam nessa quebra de rastreio também.
E QUANTO TEMPO VOCÊ PASSA NAS REDES?
Para entendermos um pouco mais da dimensão das redes sociais, além de lermos essa postagem, também podemos pensar sobre o aspecto do tempo gasto. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, separamos um post onde falamos mais sobre isso:
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👉 Gerenciando seu tempo na internet
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