É possível abater cuidando do bem-estar animal?

 Ciência & Saúde

 

O abate de animais é uma prática constante para fins de alimentação humana, e o consumo é uma opção pessoal, com motivos favoráveis e contrários, ambos justos e que precisam ser avaliados por cada pessoa para sua escolha. A grande diferença, do século passado para os dias atuais, é que grande parte de nossa população se tornou urbana e desconhece os caminhos que vegetais e animais fazem até a mesa.

 

Tanto para quem deseja menos sofrimento animal, como para quem deseja maior qualidade nos produtos cárneos, os cuidados de bem-estar animal no abate oferecem benefícios a todos. A Sociedade Mundial de Proteção Animal no Brasil (WSPA Brasil) elaborou um manual em 2012 sobre o assunto, o qual serviu de referência para algumas informações sobre abate humanitário de animais que vamos passar nessa postagem.

 

 

[Cortes refrigerados após o abate. Imagem: BlackRiv/Pixabay]


 

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A LIBERDADE DOS ANIMAIS

 

No momento em que os animais serão transportados até o momento de abate, ainda é preciso considerar sua natureza como animal vivo. Essa consideração significa que aspectos básicos devem ser respeitados:

 

- Animais livres de fome, sede ou bem-nutridos, com jejum pré-abate (desde a fazenda até o frigorífico de 12 a 16 h, no máximo, mas com água).

- Ausência de dor ou desconforto com espaços apertados, escuros ou com muitos animais reunidos.

- A possibilidade de estar sem estresse e podendo expressar aspectos de natureza animal, como movimentos e sons (mugidos, por exemplo), e dentro dos grupos originais.

 

O transporte é um momento bastante crítico, pela questão de espaço e pelo estresse. A condição de estresse pode ser amenizada com espaços adequados, mesmo que transportando menos animais, pois a movimentação é inevitável.

 

PRÉ-ABATE E DESCANSO

 

A WSPA Brasil reforça que os bovinos reagem ao nível de estresse que são submetidos, bem como às atitudes da equipe de manejo. Se uma pessoa tiver atitudes desproporcionais no manejo do gado, irá sofrer com animais mais agressivos.

 

É por isso que, sendo o comportamento animal um reflexo do comportamento das pessoas envolvidas, é necessário treinar as pessoas que trabalham nos frigoríficos quanto aos cuidados necessários. Animais bem-tratados nas fazendas também tendem a aceitar melhor a presença humana com menor distanciamento (rota de fuga) de onde estiverem presentes.

 

Existe uma posição onde a pessoa que faz o manejo consegue controlar qual será o movimento feito pelo animal sem nenhum tipo de contato, que envolve a posição dessa rota de fuga e do chamado ponto de equilíbrio. Esse conhecimento ajuda a evitar o manejo com objetos físicos em casos de movimento inesperado.

 

Os animais não gostam de barulhos e movimentos bruscos. Uma dica está na bandeira branca ou chocalho para o manejo (não o tempo todo). Para os animais que não se movimentam direito, o caminho é um abate emergencial, com um protocolo próprio.

 

Como o período de transporte é bastante estressante, é necessário um período de descanso para recuperação e inspeção dos animais, com água abundante, ventilação, espaço (2,5 m² por animal) e sombra. Caso o período de jejum vá ultrapassar os limites, é necessário oferecer alimento e aguardar um novo jejum.

 

INSENSIBILIZAÇÃO

 

Antes do abate propriamente dito, o animal deve ser conduzido por um brete a um boxe de insensibilização. Nesse local, de forma gradual, funcionários vão estabilizando a posição do animal com suportes, como a pescoceira.

 

Não deve haver ruídos, variação de luminosidade e outros estímulos que distraiam os animais. Esse cuidado é muito importante para evitar lesões com movimentos bruscos.

 

Após a estabilização do animal, num menor tempo possível, é usada a técnica de dardo cativo aplicado no crânio, deixando-o inconsciente (o tempo de insensibilização é menor do que o necessário para a ocorrência da dor, com uma técnica bem-feita). Em seguida, ocorre a abertura desses suportes.

 

SANGRIA

 

Os funcionários devem ser treinados para ver se o animal ainda apresenta sinais vitais e, se necessário, refazer a insensibilização. O procedimento de verificação precisa ser rápido e, ainda e somente com o animal insensibilizado é que deve ocorrer a sangria.

 

O restante dos procedimentos no frigorífico deve ocorrer somente após três minutos ou mais de sangria, com a comprovação da morte do animal. Esses e outros vários procedimentos precisam ser seguidos para realmente haver o abate humanitário.

 

ABATE DE ANIMAIS NÃO-CONVENCIONAIS

 

Não são só bovinos, aves e suínos que compõem a alimentação humana de pessoas onívoras. Algumas culturas envolvem outras espécies ou cortes animais não convencionais. Na sugestão de postagem (veja logo abaixo, na barra azul 👇🏻), falamos mais sobre o costume chinês de comer carne de cachorro.

 

 

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