Ciência & Saúde
O manejo e pesquisas com animais envolvem
técnicas que nem sempre são conhecidas do público em geral, pois a produção de
alimentos faz parte da rotina de alguns setores como agricultura e indústria, e
não de cada casa. Nem é viável que todos produzam seu próprio alimento, pois
faltariam tempo, espaço e conhecimento. Por outro lado, saber de forma real e
sem alarmes para mais ou para menos como as redes sociais provocam é muito
importante.
Na reprodução de suínos, alguns criadores
usam feromônios e transformam uma porca de lata em porca de verdade aos
cachaços (porcos machos). E na fistulação em bovinos, o que acontece? Vamos
saber já, com informações advindas da Embrapa!
O QUE É A FISTULAÇÃO OU CANULAÇÃO?
A fistulação consiste na abertura de um
canal da pele (cânula) até um determinado órgão de um animal (como touros e
vacas, ovelhas e chibarros, bodes e cabras). Esta abertura é cicatrizada, e
então é colocado um envoltório de silicone que consolida a abertura nas
laterais e serve como tampa. A figura a seguir demonstra qual a estética final
do procedimento de fistulação.
[Imagem: Revista Galileu] |
O procedimento de fistulação teria começado
a ser feito em animais desde o século XIX. Naquela época, entretanto, é
provável que outros materiais e técnicas cirúrgicas fossem utilizadas.
POR QUE FAZER ESTE PROCEDIMENTO?
A fistulação permite que se estude animais
vivos, sendo relevante para algumas pesquisas que envolvem o trato digestivo de
animais. Com ela, pode-se testar dietas e verificar parâmetros químicos como
ácidos graxos voláteis, pH e muitos outros.
Pensando no aspecto de sustentabilidade, os
estudos envolvendo fistulação permitem controlar alguns elementos indesejáveis
nos resíduos de alimentação (fezes). O principal deles seria o metano, vilão
para o aquecimento global e que é gerado pelo setor pecuário por meio dos
animais criados.
Também é possível pesquisar dietas para
períodos de seca, verificando a digestibilidade das mesmas pelos animais. Uma
doença importante, que pode levar bovinos à morte, é o timpanismo ruminal, em
que se avalia alternativas preventivas e de tratamento por meio de fistulação.
Há estudos visando, além da saúde animal, obter conhecimento que melhora a
saúde humana, na produção de manteiga naturalmente enriquecida com ácido
linoleico conjugado, importante na melhora de indicadores que são associados à
doença de Alzheimer.
O PROCEDIMENTO E NÚMEROS
Segundo a Embrapa, apenas um número mínimo
de animais seria utilizado em testes envolvendo fistulação. Neste procedimento,
as cirurgias seriam feitas por profissionais qualificados, dando atenção à
cicatrização e assepsia do procedimento – necessárias para que o animal não
venha a óbito.
Mesmo após a realização da fistulação, os
cuidados com os animais precisam ser permanentes. Eles são acompanhados se
estão em estudo ou não, respeitando um protocolo de uma comissão de ética em
uso de animais.
NÃO SE CRIOU NADA MELHOR?
Saindo das motivações e argumentos
apresentados pela Embrapa e partindo para outros contextos, a utilização de
animais em testes e estudos é extensa. Nos últimos anos, diminuíram os testes
de cosméticos em animais, com algumas marcas que baniram a prática. Entretanto,
em outros casos, ela ainda é utilizada.
Os testes em seres vivos (ou sacrificados)
começam pelos próprios humanos. É necessário fornecer medicamentos a pessoas
vivas e avaliar seus efeitos positivos e contraindicações.
Nas faculdades de medicina, vários testes
são realizados no ensino. Utiliza-se cadáveres de necrotérios ou animais
sacrificados, pois a forma e estrutura de alguns sistemas dos outros animais
são bem similares às dos humanos. Ratos são tradicionalmente utilizados para
pesquisas de novos tratamentos, previamente aos testes em humanos.
Tantos exemplos demonstram a complexidade
dos seres vivos em suas respostas a determinados estímulos, estilos de vida e
dietas. Entretanto, seria fundamental que, ao longo do tempo, houvesse outras
formas menos invasivas de chegar ao conhecimento necessário para o progresso na
área científica.
POR QUE É POLÊMICO PENSAR EM FISTULAÇÃO?
Algumas reações envolvendo fistulação em
bovinos surgiram após vídeos como este, onde as pessoas envolvidas estariam agindo
com falta de respeito ao manusear os animais. Mas a questão é mais profunda.
[Vídeo: Argeu Soares]
Nas postagens sugeridas, abordou-se aqui no
Blog do Mestre outros casos de utilizações de animais para diferentes fins e explanou-se
a respeito. Bem-estar animal não pode ser algo relacionado apenas a cuidar de
animais domésticos. Também não vale falar em vida natural e saudável e comer
cinco frangos por semana para manter-se musculoso, sem pensar em complementação
por vegetais, reduzindo a pressão no meio ambiente e mantendo um consumo
razoável de carne.
Claro que, pensando no caso análogo, com
certas adaptações, a um ser humano com colonostomia (um tubo que desvia parte
do intestino, criando uma saída externa para as fezes), é de se imaginar que
haja algum tipo de transtorno para os outros animais fistulados. No caso deles,
não há algum órgão perdendo função, mas há uma abertura no corpo, o que causa
incômodo para várias pessoas, mesmo que, segundo a Embrapa, não haja dor após a
cicatrização.
□
GOSTOU DESTA POSTAGEM ☺? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!
0 Comentários
Seu comentário será publicado em breve e sua dúvida ou sugestão vista pelo Mestre Blogueiro. Caso queira comentar usando o Facebook, basta usar a caixa logo abaixo desta. Não aceitamos comentários com links. Muito obrigado!
NÃO ESQUEÇA DE SEGUIR O BLOG DO MESTRE NAS REDES SOCIAIS (PELO MENU ≡ OU PELA BARRA LATERAL - OU INFERIOR NO MOBILE) E ACOMPANHE AS NOVIDADES!