Cultura & Comportamento
Passamos e estamos passando por momentos
difíceis e, em outras tantas vezes, pareceu que aquele momento difícil nunca
iria acabar. Nesses momentos, surgem dúvidas, ficamos impressionados com a
maldade de algumas pessoas e há até quem associe isso ao fim dos tempos (afinal
tensões políticas + pandemia + gafanhotos + isolamento + ciclone + ...).
É preciso ter calma e pensar com cuidado
nessas coisas, pois o calor das emoções pode nos fazer pensar coisas
equivocadas. Nesse artigo, vamos discutir um pouco mais esse momento, pensando
em coisas como bem e mal, ceticismo ou não, e o final dos tempos.
[Imagem: Thomas Breher/Pixabay]
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O MAL ESTÁ CRESCENDO?
“É o fim dos tempos? ‘Hoje
em dia o mundo está perdido’.“ Em algum momento, você deve ter ouvido falar
essas expressões que fazem parte do vocabulário de algumas pessoas, como
ressalta Mariana Cruz em seu artigo “De onde vem o mal?” Ainda é possível
acrescentar a essa lista, a expressão “o mundo está cada vez pior”, ou mesmo
“as pessoas são cada vez mais ruins”.
Quando vemos notícias de pessoas que tentam
usar sua posição para intimidar os outros, ou até mesmo para deixar de usar uma
máscara, isso impacta bastante, associando-se aos corriqueiros problemas
sociais e crimes (mortes, roubos, abandono de crianças, trabalho escravo) dos
quais nossa sociedade (no Brasil ou fora) não deixaram de presenciar. Por outro
lado, é preciso que olhemos atentamente o passado para ver se esse mal surgiu
agora: imaginemos a escravidão de negros no Brasil, a primeira grande guerra, a
crucificação de Jesus, a inquisição, o lançamento da bomba atômica e tantos
outros episódios que demonstram feições profundas de maldade.
O mal é um elemento constante em nossa
história, mas ele nos fragiliza mais em momentos difíceis como a pandemia, o
que nos faz acreditar mais em fatos apocalípticos. Apocalipse, o último livro bíblico,
ganhou tons de fim-de-mundo pelas diversas interpretações que recebeu, de acordo
com o texto de Rodrigo Cardoso para a Istoé.
Ainda segundo esse texto citado, Apocalipse teria
sido escrito por João e teria passado mensagens de otimismo e fé num triste
momento, ocorrido no ano 90 d.C. O Império Romano estava atacando a comunidade
judaico-cristã, e João anunciava o fim daqueles que faziam sofrer, usando uma série
de metáforas e outras figuras de linguagem. Seria essa
linguagem rebuscada, digna de Literatura, que teria sido mal interpretada,
transformando em fim o texto que inspiraria luta e recomeço.
QUEM É MAIS CÉTICO, OU QUE ACREDITA MAIS NESSE FIM DE MUNDO?
Num primeiro chute, poderíamos pensar que as
pessoas que mais acreditam no fim do mundo seriam aquelas mais velhas, pois o
mundo está o tempo inteiro mudando nas pequenas coisas, apesar de que o bem e o
mal sigam existindo com o passar dos anos, e elas não estejam mais do mesmo
jeito que começaram suas vidas. Por mais que algumas das pessoas mais velhas
digam que “Hoje em dia o mundo está perdido”, é preciso ser cuidadoso nas
generalizações, atentando para não se levar por estigmas associados à velhice,
como bem reforçam Virgínia Moreira e Fernanda Nogueira em seu artigo “Do
indesejável ao inevitável: a experiência vivida do estigma de envelhecer na
contemporaneidade”.
Lá em 2012, a BBC divulgou resultados de um
estudo da Ipsos, chefiada por Keren Gottfried. Em meio à onda do fim-do-mundo-dos-maias,
esse estudo coletou dados de mais de dezesseis mil pessoas em vinte países, chegando
a interessantes conclusões: não era pequeno o número de pessoas que tinham
alguma crença em fim de mundo.
Segundo esse estudo, uma em cada sete
pessoas acreditavam que o mundo acabaria e que vivenciariam isso. Dentre os
povos que mais creem nisso estariam chineses, russos, mexicanos e sul-coreanos
(20 %) contra britânicos e belgas, menos crentes no fim (7 %). Pessoas com
menor escolaridade ou renda, ou pessoas com menos de trinta e cinco anos de
idade, também figuravam entre os mais crentes, chegando a sofrer com essa perspectiva.
Ainda considerando essa pesquisa, as pessoas
mais velhas não seriam as mais crentes no fim do mundo. Elas teriam mais ceticismo,
mas não que as levasse a crer no fim do mundo, pois sua experiência com
situações difíceis as teria feito mais fortes para suportar momentos difíceis e
não temer o futuro.
O QUE MAIS SE IMAGINOU SOBRE O FIM DOS TEMPOS?
Temos teorias apocalípticas e fatos
concretos sobre o final do mundo, alguns deles muito distantes, como o ciclo do
Sol como uma estrela, do qual já falamos aqui no Blog do Mestre e deixamos o link
abaixo para você saber mais. Outra possibilidade estaria não no fim do mundo,
mas a mudança da forma que ele se encontra hoje, pela extinção dos seres
humanos como seus principais ocupantes, pela ação dos supervulcões (saiba mais
vendo as demais sugestões de leitura presentes após a imagem acima).
Todas essas possibilidades levam a períodos
muito maiores do que uma vida humana perdura. A grande lição é não pensar no
fim, mas como se vive o cotidiano, pois é ele que realmente importa. Nem
pandemia, nem outros supostos sinais realmente indicam o fim do mundo, exceto
poucas explicações baseadas na Física e que nada se alinham a esses sinais.
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