Como nossos ancestrais modificavam a paisagem natural?

História


A paisagem se refere ao conjunto de elementos que compõem o ambiente, podendo sensibilizar todos os nossos sentidos, em especial a visão. Pode ser dividida em natural, quando composta por elementos da natureza como vegetação arbórea, montanhas, ambientes intocados pelo homem ou com pouca interferência; e cultural, com a principal expressão desse tipo de paisagem sendo o núcleo urbano.  

http://www.oblogdomestre.com.br/2017/05/ModificacaoDaPaisagemPelosAncestrais.Historia.html
[Exemplo de paralelo entre a paisagem natural (modificada) e cultural, na Colômbia. Imagem: Café com a Beth]



As paisagens natural e cultural podem ser bem distintas ou não. Considerando os primórdios da humanidade, não faria sentido falar em outra paisagem que não a natural. A paisagem cultural, por sua vez, é resultado de um longo processo de transformação do espaço, promovido pelo homem.

O homem coletor e nômade não possuía motivos para modificar a paisagem natural. Nossos ancestrais, nessa condição, utilizavam-se de elementos naturais como cavernas para seu abrigo, e frutas e/ou caça como alimento. A fixação do homem em um endereço físico, em função do desenvolvimento da agricultura, é um grande marco para o início da modificação da paisagem natural.

A princípio, esta intervenção foi pequena, em função do baixo desenvolvimento tecnológico. Os povos ancestrais utilizaram-se de ferramentas rudimentares, com a necessidade de demarcação de propriedades, ou ainda o aprisionamento de animais (onde as espécies cuja captura e manutenção em cativeiro foi bem sucedida fez surgirem os animais domésticos).

Avançando para gerações posteriores, com os povos romanos, gregos e egípcios e muitos outros, percebe-se maior intervenção no espaço, buscando o desenvolvimento da agricultura e controle de inundações por meio de obras de drenagem; e a construção de redes de estradas buscando maior controle e interligação do território pelos governantes. A formação da paisagem cultural se deu, na sua maior parte, nas proximidades de rios, mares e oceanos.

Na Idade Média e períodos antecessores, as cidades foram construídas como um conjunto de elementos moldados segundo a paisagem natural. Materiais rústicos como pedras e madeiras brutas, ruas tortuosas e formas livres ainda hoje são fortes características das cidades medievais.

Posteriormente, os “ancestrais mais recentes” viram a revolução industrial, um grande aumento das cidades e da população mundial. Uma produção mais eficiente e rápida (em oposição ao modelo artesanal), fez com que o espaço natural fosse fortemente modificado, seja em função do crescimento urbano, seja pela busca de matérias-primas e conexão entre núcleos urbanos e propriedades rurais. O acelerado processo de mudanças e consolidação das paisagens culturais tornou-se cada vez mais irreversível, sendo marcado pelos núcleos urbanos reticulares e verticalizados, com pouco espaço para o “verde”; e pelos espaços rurais monocultores e mecanizados, que nada lembram a paisagem natural intocada (difícil é afirmar que algum ponto de nosso planeta seja completamente intocado).

Sendo ancestrais todos aqueles de gerações anteriores à nossa, a resposta à questão que intitula este post depende de que fase do desenvolvimento da humanidade estivermos considerando. Esse desenvolvimento abrange tanto o conhecimento intelectual como os recursos tecnológicos disponíveis. O que ocorre de comum, em todos os ancestrais, é a demonstração da natureza do homem em moldar o espaço em que vive segundo suas necessidades, podendo ou não relacionar harmoniosamente os elementos das paisagens natural e cultural.




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