História
A paisagem se refere ao conjunto de
elementos que compõem o ambiente, podendo sensibilizar todos os nossos
sentidos, em especial a visão. Pode ser dividida em natural, quando composta
por elementos da natureza como vegetação arbórea, montanhas, ambientes intocados
pelo homem ou com pouca interferência; e cultural, com a principal expressão
desse tipo de paisagem sendo o núcleo urbano.
[Exemplo de paralelo entre a paisagem natural (modificada) e cultural, na Colômbia. Imagem: Café com a Beth] |
As paisagens natural e cultural podem ser
bem distintas ou não. Considerando os primórdios da humanidade, não faria
sentido falar em outra paisagem que não a natural. A paisagem cultural, por sua
vez, é resultado de um longo processo de transformação do espaço, promovido
pelo homem.
O homem coletor e nômade não possuía motivos
para modificar a paisagem natural. Nossos ancestrais, nessa condição,
utilizavam-se de elementos naturais como cavernas para seu abrigo, e frutas
e/ou caça como alimento. A fixação do homem em um endereço físico, em função do
desenvolvimento da agricultura, é um grande marco para o início da modificação
da paisagem natural.
A princípio, esta intervenção foi pequena,
em função do baixo desenvolvimento tecnológico. Os povos ancestrais
utilizaram-se de ferramentas rudimentares, com a necessidade de demarcação de
propriedades, ou ainda o aprisionamento de animais (onde as espécies cuja
captura e manutenção em cativeiro foi bem sucedida fez surgirem os animais
domésticos).
Avançando para gerações posteriores, com os
povos romanos, gregos e egípcios e muitos outros, percebe-se maior intervenção
no espaço, buscando o desenvolvimento da agricultura e controle de inundações
por meio de obras de drenagem; e a construção de redes de estradas buscando
maior controle e interligação do território pelos governantes. A formação da
paisagem cultural se deu, na sua maior parte, nas proximidades de rios, mares e
oceanos.
Na Idade Média e períodos antecessores, as
cidades foram construídas como um conjunto de elementos moldados segundo a
paisagem natural. Materiais rústicos como pedras e madeiras brutas, ruas
tortuosas e formas livres ainda hoje são fortes características das cidades
medievais.
Posteriormente, os “ancestrais mais recentes”
viram a revolução industrial, um grande aumento das cidades e da população
mundial. Uma produção mais eficiente e rápida (em oposição ao modelo artesanal),
fez com que o espaço natural fosse fortemente modificado, seja em função do
crescimento urbano, seja pela busca de matérias-primas e conexão entre núcleos
urbanos e propriedades rurais. O acelerado processo de mudanças e consolidação das
paisagens culturais tornou-se cada vez mais irreversível, sendo marcado pelos
núcleos urbanos reticulares e verticalizados, com pouco espaço para o “verde”;
e pelos espaços rurais monocultores e mecanizados, que nada lembram a paisagem
natural intocada (difícil é afirmar que algum ponto de nosso planeta seja
completamente intocado).
Sendo ancestrais todos aqueles de gerações anteriores
à nossa, a resposta à questão que intitula este post depende de que fase do
desenvolvimento da humanidade estivermos considerando. Esse desenvolvimento
abrange tanto o conhecimento intelectual como os recursos tecnológicos
disponíveis. O que ocorre de comum, em todos os ancestrais, é a demonstração da
natureza do homem em moldar o espaço em que vive segundo suas necessidades,
podendo ou não relacionar harmoniosamente os elementos das paisagens natural e
cultural.
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