Ciência
& Saúde
Nas cidades, o crescimento
não ocorre ocupando todos os espaços possíveis, exceto nas regiões centrais ou
locais extremamente valorizados. Sempre há terrenos de pessoas que nunca mais
regularizaram, pessoas que compraram apenas com o objetivo de valorização, vazios
por mudanças de planos e muitas outras situações. Esses terrenos podem virar
problemas, sendo locais de resíduos descartados incorretamente, acumular insetos
e outros vetores de doenças, dentre outros maus usos pelo abandono.
Existe uma boa notícia: é
possível transformar alguns desses locais em espaços melhores, envolver toda a
comunidade e melhorar todo o bairro. Como isso é possível? Com hortas
comunitárias.
[A satisfação em colher os alimentos por nós cultivados enche as mãos e o coração! Imagem: jf-gabnor/Pixabay] |
QUAL O PRIMEIRO PASSO?
Podem ser listados dois
passos simultâneos para a criação de hortas comunitárias. Um deles é a
possibilidade de utilização de um terreno e a vontade de um grupo de moradores
em implementar a horta, pois é necessário trabalho voluntário para começar. Em
terrenos completamente desconhecidos, há todo um trabalho para descobrir o
contato do(a) proprietário(a). Depois, é necessária a limpeza e roçado, para
tornar o lote limpo para poder começar o trabalho.
Em alguns casos, há lotes
urbanos que são bem extensos, onde ou a parte próxima da rua, ou mais aos
fundos está desocupada. Nesses casos, é possível acordar com o proprietário,
por morar naquele local ou ser algum comércio ou instituição, para uso daquele
espaço vazio.
DEPOIS, O QUE É NECESSÁRIO?
Como absolutamente tudo,
para funcionar, além de vontade e força de trabalhar, é necessário pensar em
todos os elementos que compõem as hortas, nutrientes, irrigação, controle de
pragas, divisão do espaço – ou seja, em todos os insumos de entrada, os quais
serão transformados em vegetais que servirão de alimento nos arredores.
Para o solo, podem ser
feitas composteiras nas casas das
vizinhanças, lembrando-se de todos os cuidados necessários e juntando o adubo gerado
para enriquecer o solo. Também é possível fazer a própria compostagem no local,
desde que o material seja revolvido e bem coberto para evitar insetos, em
leiras de compostagem.
Pode ser que falte água,
por conta de períodos mais secos. Quando existe espaço, pode ser interessante
pensar em um sistema simples com uma caixa d’água elevada coletando água de chuva
de um telhado próximo, com uma torneira. Também se pode trabalhar com caixa d’água
enterrada, na forma de cisterna, desde que o acesso seja feito apenas por
adultos, em local isolado.
Para o controle de pragas,
é preciso verificar quais técnicas são mais adequadas. Uma delas pode ser o controle
biológico, inserindo inimigos naturais naquele espaço. Outras técnicas podem
ser o uso de elementos que espantem alguns insetos (como trouxas de fumo) ou
preferir espécies mais resistentes, como tomate-cereja.
A divisão do espaço vai
depender de quem trabalhar e cuidar da horta, mas há um princípio bem
importante: como a alimentação precisa ser bem variada para suprir os
nutrientes necessários, não é interessante plantar apenas uma variedade vegetal.
Variar as espécies também é uma forma de controlar pragas e melhorar a
qualidade do solo, não repetindo o padrão de plantação imediatamente após, com
rotação de culturas, num mesmo canteiro.
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE COM AS HORTAS COMUNITÁRIAS?
O benefício mais imediato é
a disponibilidade de alimentos orgânicos. Esses alimentos trazem o que de
melhor se pode pensar em sustentabilidade: produção próxima (evitam
transporte), nada de agrotóxicos, geração de riquezas para os moradores e
melhoria da dieta alimentar.
Pensando mais longe,
pode-se refletir sobre aspectos físicos e psicológicos. A existência da horta,
por exigir cuidados, leva as pessoas a saírem de casa, tomarem Sol,
movimentarem-se. Em momentos fora de pandemia, aquele lote se transforma em
praça urbana, reconhecido como ponto de encontro e confraternização. Pelo
trabalho ou pela reunião, o indivíduo se sente parte de seu bairro, de sua
cidade, e esse senso de pertencimento o faz feliz.
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