Quem foi Buda?

 Religião

 

Esta talvez será uma das biografias mais curiosas que você lerá por aqui. Não é um tratado científico ou algo 100 % real, até porque o que sabemos sobre Buda mistura o real e o imaginário, o mágico e o fantástico.

 

O que sabemos de Buda, ou melhor, Sidarta Gautama, foi transmitido por gerações, durante quatro séculos, por meio da tradição oral, e depois na forma escrita. O texto mais antigo, épico, teria sido escrito em torno de 200 a.C. com palavras que trazem o pensamento budista e acontecimentos miraculosos.

 

Ao longo dos parágrafos seguintes, veremos mais sobre verdade e lenda, a vida de Buda. Siga conosco!

 

Buda

[Uma estátua de Sidarta Gautama, ou Buda. Imagem: Daniela Ruiz / Pexels | Reprodução]


 

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QUEM ERA BUDA?

 

Numa pequena lenda, Buda teria percorrido um caminho e, nele, um homem o encontrou e percebera que era alguém incomum. Perguntou:

 

- Você é um deus?

- Não.

- É um demônio?

- Não.

- É um homem?

- Quem é você, então?!

- Eu estou acordado.

 

Nessa pequena lenda, vimos a singularidade de Sidarta Gautama, o Buda, cujo significado do apelido é "o desperto" ou "o iluminado". O entendimento, porém, de que luz ou despertar é esse, vai além das palavras, segundo os budistas.

 

Existe mais um nome pelo qual é conhecido. Buda também é chamado de Sakyamuni, que significa "o santo do clã dos Sakya".

 

O NASCIMENTO

 

Não há um consenso sobre a época em que viveu. Teria sido no século VI a.C., com nascimento em 563 a.C. e falecimento em 483 a.C., segundo algumas crenças. Teria vivido, portanto, até os oitenta anos de idade.

 

O nascimento foi em Lumbini, no Nepal. Após, teria ido viver no principado indiano de Kapilavastu, região da cordilheira do Himalaia, sul do atual Nepal. A Índia tinha muitas cidades-estado, reinos, principados e outros tipos de governos ao longo de seu atual território. Kapilavastu era um reino e uma oligarquia, regida pelos membros de uma mesma família, no caso a do pai dele.

 

Nas tradições indianas mais arcaicas, as mulheres íam à terra de seus pais para darem a luz. A mãe de Buda não conseguira chegar a tempo e, com isso, acabou tendo o parto embaixo de uma árvore, que ficava nesse vilarejo de Lumbini.

 

O nome da mãe de Buda é Maya. Na mitologia, é o mesmo nome da força mágica que criou o universo ilusório. Ela sonhou que um elefante branco, cabeça cor de rubi, seis presas, entrava em seu flanco. Foi nesse episódio que Sidarta foi concebido.

 

Tudo isso é simbólico. Elefante representa, na Índia, a mansidão. As seis presas representam os sentidos possíveis ao se guiar no espaço: norte, sul, leste, oeste, cima e baixo.

 

Buda, ou Bodhisatva, esperava rezando dentro do corpo de sua mãe. Ao nascer, saiu pelo flanco direito de Maya, sem lhe fazer mal.

 

É uma criança muito bela, com cor dourada, altura que se iguala à envergadura com os braços abertos, uma coroa natural sobre a cabeça e pestanas de boi. Na arcada dentária, quarenta dentes muito brancos e unidos, membranas interdigitais e centenas de desenhos nas plantas dos pés.

 

Mesmo tendo uma aparência não convencional ao ser humano, Buda era visto como belíssimo na crença popular oriental. A visão como uma figura obesa chegou ao ocidente pela confusão com uma divindade da mitologia chinesa. Vale ressaltar que, considerando boa parte do que se conta sobre a história de Buda na vida adulta, por mais lendária que seja, não corresponderia a um homem obeso.

 

VIDA OU LENDA?

 

A vida de Buda está rodeada de lendas, e ele mesmo as usava no cotidiano. O uso de discursos mitológicos ao público mais amplo permitia ser melhor compreendido. Nas conversas íntimas e mais restritas, sua linguagem seria requintada.

 

Sobre personagens históricos muito antigos, é difícil precisar o que é fato e o que é lenda. Isso acontece com Buda, com Cristo e vários outros nomes dos quais se fala até os dias atuais. O sobrenatural permeia o real, e não se tem todos os fatos de Sidarta Gautama, o primeiro Buda.

 

O SISTEMA DE CASTAS NA ÍNDIA

 

Na Índia, era prevalente o sistema de castas, condenado por Buda, onde o poder era dos brâmanes ou sacerdotes. Essa estrutura social era contestada pela casta dos guerreiros, à qual Sidarta nasceu.

 

Sudohodana, pai de Buda, era rajá de Kapilavastu, o que o tornava príncipe. Apesar disso, não era o topo da hierarquia social indiana.

 

Kapilavastu significa "morada de Kapila". Mas quem era esse Kapila? Já vindo direto com a resposta, era o fundador do Sankhyan, sistema filosófico que influenciara o ioga clássico e o budismo.

 

Kapila achava uma servidão absurda ser obrigado a presentear sacerdotes. Isso influenciaria Buda mais tarde, que também condenaria as castas.

 

Muito depois de Buda, houve episódios como a invasão muçulmana no século XII d.C., o que impediu que o budismo fosse arraigado e forte na Índia. Nova analogia se pode fazer ao cristianismo, surgido entre os judeus, mas com mais força em outras partes do mundo.

 

A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

 

Buda não teve muito tempo com a mãe depois de ela dar a luz. Maya morreu sete dias depois do parto, o que o levou a ser criado pela tia Mahaprajapati. A tia é considerada a primeira monja budista. Era a irmã mais nova de sua mãe.

 

Como o filho teria um futuro excepcional, o pai tentou tirá-lo das mazelas do mundo e, para tanto, mandou construir três palácios. Todos esses palácios seriam um pouco do exagero indiano para descrever a deslumbrante juventude de Buda.

 

Nesses três palácios, ele teria oitenta e quatro mil mulheres compondo um harém. O filho de Sudohodana era o melhor em tudo: caligrafia, natação, botânica, luta, gramática e corrida. Isso era fantástico, ainda mais que, por tradição, seria o sucessor do pai no governo local.

 

Tanto talento e o futuro brilhante fizeram com que a família fosse superprotetora. Ensinamentos religiosos e o sofrimento humano ficavam dos palácios para fora. Lá dentro, apenas cabia o bonito e prazeroso.

 

Ao fim da adolescência (fala-se entre dezesseis a dezenove anos), casou-se numa união arranjada pelo seu pai, com a prima Yasodhara. Numa idílica felicidade, o casamento frutifica com o nascimento de Rahula. 

 

A rotina palaciana de Buda duraria aproximadamente até os dez anos de casado. A virada-de-chave viria aos vinte e nove anos de idade.

 

A VIRADA NA VIDA DE BUDA

 

Buda inventou de fazer quatro passeios fora dos limites dos seus palácios:

 

× Primeiro: vendo um homem de aparência decrépita, que precisava de um bastão para se manter em pé e caminhar. Sidarta questiona o cocheiro, que o explicou sobre ser o destino dos homens.

× Segundo: observa uma pessoa tomada pela lepra. O cocheiro ensina, com isso, sobre igualdade, dizendo que todos estão sujeitos à doença.

× Terceiro: o passeio cruza um cortejo fúnebre. Novamente sábio, o cocheiro avisa a Sidarta que todos os seres vivos têm a certeza da morte.

× Quarto: descobre um asceta (pessoa sem votos religiosos, mas dedicada ao espírito) meditando, que havia abdicado de prazeres da vida.

 

O moço excepcional, porém, mimado, ficou mexido com isso. Seu pai tentou abafar a realidade e propor mais festas e distrações, mas Buda teria achado as quatro verdades da vida, uma a cada passeio.

 

A VIDA HUMILDE DEPOIS DISSO

 

Perturbado com o mundo que antes lhe fora escondido, Buda deixou tudo para trás e foi sozinho numa cavalgada rumo ao oriente. Assim como São Francisco de Assis o fez, Buda se desfizera de suas roupas.

 

O cavalo foi dado ao criado. Esse criado teria sido incumbido de cortar os cabelos de Sidarta.

 

Conta a lenda, que de um anjo asceta teria recebido os únicos pertences pessoais a que um monge mendicante budista tem direito:

 

× Traje amarelo.

× Cinto.

× Navalha para raspar a cabeça.

× Tigela para esmolas.

× Peneira para filtrar a água.

 

A nova forma de vida veio acompanhada pela busca de conhecimento. Buda foi atrás de Alara Kalamaz, Uddaka Rama-Putta e outros grandes mestres espirituais da época, mas as respostas que ele buscava não foram satisfatórias. 

 

As estórias indianas apontam a doutrina budista dentro das descobertas de Buda. Parte é, e parte vai além da iluminação, como a influência da filosofia Sankhyan e os vedas hindus.

 

O caminho de Buda foi, então, se refugiar no bosque de Sena, território de Magadha, junto a cinco companheiros. Esse local costuma ser escolhido por eremitas para afastar-se das provações mundanas.

 

Nesse período, ele fez automortificação (reduzir a vitalidade de uma parte do corpo, podendo ser por autoflagelação); jejuns prolongados; alimentação seletiva (restrita a frutos); permanecimento em dias seguidos imóvel ou meditando, independentemente de chuva e sol.

 

Ele estava enfraquecido física e mentalmente. Apesar de ser um mundo à parte, a fraqueza mental não ou deixou ter o esclarecimento que buscava em si. 

 

Nisso, Sidarta deixa os demais e banha-se no rio Nairanjana. O alimento que uma aldeã o fornece lhe dá energia. O passo seguinte foi meditar à sombea de uma figueira sagrada.

 

A LUZ DOS PENSAMENTOS QUE TROUXE O BUDISMO

 

Teria sido esse o momento em que a iluminação chegaria, a epifania da verdade absoluta. Nesse momento, ele teria visto muitas coisas, como: os infinitos mundos do universo; as encarnações anteriores a ele e dos demais (infinitas); concatenação das causas e efeitos das coisas.

 

Quando amanheceu, no dia seguinte, ele intuiu as quatro verdades nobres:

 

× 1. O sofrimento é inerente a toda forma de vida.

× 2. Da ignorância surge o sofrimento.

× 3. Extinguindo a ignorância também se extingue o sofrimento.

× 4. O caminho à verdade 3. ocorre numa linha intermediária entre os extremos da entrega aos prazeres e apelos mundanos e os rigores da vida asceta, na rigidez da automortificação.

 

Essa quarta verdade seria ilustrada por Buda usando uma metáfora. As cordas de um alaúde não poderiam estar nem muito frouxas, nem muito apertadas, o que leva ao som adequado. No caso de Buda, suas cordas estiveram muito frouxas numa parte da vida e muito apertadas em outra, até a iluminação.

 

Outra forma de visualizar o autoconhecimento está na senda óctupla, como se fossem oito caminhos muito importantes:

 

× 1. Compreensão correta.

× 2. Pensamento correto.

× 3. Palavra correta.

× 4. Ação correta.

× 5. Modo de vida correto.

× 6. Esforço correto.

× 7. Atenção correta.

× 8. Concentração correta 

 

Essas oito atitudes de meditação não levam a um entendimento pleno que possa ser expresso por palavras, apenas sentido. A ausência da ignorância, tão falada aqui, se refere ao conhecimento ou não do sentido profundo da existência.

 

A iluminação levou Sidarta a se tornar Buda. Ele também adotaria o título de Tatágata ou aquele-que-veio-da-verdade. Depois disso, ele passou ensinando o Dharma (doutrina) a várias pessoas, inclusive os ascetas com que esteve antes da iluminação.

 

Passou quarenta e cinco anos perambulando e ensinando a doutrina. Vários monges e monjas budistas surgiram nesses caminhos. Rahula, filho de Buda, também foi convertido.

 

Buda teria saído do sansara (mundo das aparências) ao nirvana (a iluminação), chegando a um estado pleno, o paranirvana. Nisso, havia passado dos oitenta anos.

 

Havia chegado o momento em que Buda decidira morrer. Começara a comer alimentos estragados e, na aldeia de Pava, tomou banho e esperou a morte deitado com a cabeça voltada ao norte e o corpo virado ao poente.

 

Depois, vários rituais de velório teriam sido feitos pelos seguidores de Buda. O objetivo deles é chegar ao mesmo nível de iluminação, de autoconhecimento. Da mesma forma que Jesus, não instituíra uma religião, mas passou a vida pós-nirvana transmitindo a doutrina. O Budismo se firmou como algo que pode ser entendido como religião depois da morte de Buda, por pessoas que o seguiram e acreditaram em suas palavras e força de vida.

 

DENTRO DOS SÍMBOLOS BUDISTAS

 

Falamos bastante da vida e ensinamentos de Buda. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você conhece um dos símbolos do Budismo:

 

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👉 O que significa a roda do Dharma?

 

 

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