O método ou proposta de Paulo Freire para a educação

 História

 

Paulo Freire ainda hoje é considerado um dos maiores nomes da educação nacional, e seu legado vem sendo discutido intensamente, de forma favorável ou contrária, quando se fala na educação nacional. Diante disso, vem alguns questionamentos: como seria o método/proposta de alfabetização? Como suas ideias tem mexido na educação nacional? Qual o viés político dentro das ideias de Freire que incomodaria tanto? Esse método ou proposta seria aplicável em qualquer contexto educacional?

 

Vamos entender um pouco mais sobre o legado de Paulo Freire. Para isso, esse texto se baseou em informações da Revista Nova Escola, do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) da Faculdade de Educação da UFMG, bem como de um artigo de Loiva Dreyer (2011) para o X EDUCERE.

 

 

O aprendizado no círculo traria outra visão do conhecimento
[A ideia do círculo no aprendizado. Imagem: PublicDomainPictures / Pixabay]


 

DEPOIS, VOCÊ PODE LER TAMBÉM

» Por que trabalhos de conclusão necessitam de defesa?

 

» A trajetória de Antonieta de Barros

 

» A educação montessoriana

 

COMO SERIA O MÉTODO OU PROPOSTA DE PAULO FREIRE?

 

Por muitos, é utilizado o termo “método”. Para Francisca Maciel, do CEALE-UFMG, o termo mais correto seria “proposta”, e Freire nunca teria efetivamente criado um método. Independentemente do termo utilizado, Paulo Freire indicou um caminho muito importante para a alfabetização de adultos, que consistiria em saber o cotidiano desse grupo, selecionar palavras que compusessem esse cotidiano, e a partir daí começar a alfabetização por meio de diálogos com os alunos e seus cotidianos, formando círculos na sala.

 

Esse conjunto de palavras pode variar muito. Para pescadores, por exemplo, as palavras geradoras a utilizar seriam molinete, isca, anzol, canoa, boia, minhoca, barranco, dentre outras.

 

O QUE SUAS IDEIAS IMPACTARAM A EDUCAÇÃO NACIONAL?

 

Como Paulo conseguira alfabetizar adultos muito rápido, ainda mais com o desafio de motivar alunos tradicionalmente menos motivados, sua proposta chamou a atenção para mudanças no meio escolar, para se repensar a forma de ensinar e de aprender, vendo como uma troca entre professor e alunos. Esse professor não seria sempre a fonte-do-saber, mas um orientador do processo.

 

Observando o que seria a proposta educacional e a forma de ensino que existe, vê-se que é infundado dizer que o ensino regular siga essa proposta. Talvez, o principal problema não esteja na proposta, mas nos conceitos políticos, os quais, de acordo com a vertente que se siga, possam ser incômodos a algumas dessas vertentes.

 

POR QUE PAULO FREIRE INCOMODARIA EM TERMOS POLÍTICOS?

 

De acordo com Dreyer (2011), Paulo Freire criticava a educação tradicional por a considerar de mão única, colocando o professor como pessoa de saber supremo, e os alunos como os seres sem conhecimentos e que precisariam receber conhecimentos prontos e categorizados: não seria um processo livre e enriquecedor.

 

A alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador (Freire, 1979, apud Dreyer, 2011).

 

Ao qualificar a educação tradicional, Freire diria que seria uma concepção bancária da educação. Também aponta que a limitação do saber e indicação de quais saberes seriam indispensáveis seria uma forma de tolher o pensar crítico, o que seria importante para evitar que esse pensar consciente e libertador pudesse se desenvolver: isso seria bom às classes dominantes na economia e na política.

 

Desse ponto é que se percebe de onde surgem críticas pelas vertentes políticas mais conservadoras, pois possuem visão de mundo diferente. Mesmo assim, é completamente equivocado associar desempenho educacional ou qualquer situação do sistema de educação atual a Paulo Freire, pois sua proposta não é aplicada nas escolas de ensino regular.

 

O CONTEXTO QUE PAULO FREIRE APLICA SERIA EXTENSÍVEL A QUALQUER ENSINO?

 

Pelo que se extrai das fontes consultadas, com experiência na área educacional, o formato pretendido seria algo parecido com o que ocorre nos níveis mais elevados do ensino, onde o professor troca conhecimentos e desenvolve junto com seus alunos. É compreensível que tenha sido sucesso no contexto de adultos analfabetos, que correspondiam a uma parcela ainda maior da população brasileira naquela época.

 

Alguns fatores que explicam esse sucesso seriam justamente a característica dos alunos: pessoas com uma vida e contexto social já consolidados, que já haviam desenvolvido a fala (que pode ser um processo separado da escrita) e que tendem a buscar mais sentido no que aprendem, sendo menos abertas a conteúdos que não considerem importantes. A prática da seleção de palavras e círculos de aprendizado encaixa numa estratégia de engajamento no aprendizado.

 

Mas quando se fala de ensino de crianças, a alfabetização pode incluir essa proposta, mas não pode ser exclusivamente a forma de ensinar. Linguagens, por exemplo, possuem elementos que as estruturam, como sílabas, elementos das orações, parágrafos, sentido... tudo o que faz um texto e permite que um indivíduo possa ler qualquer palavra e compreender qualquer texto, mesmo que não seja de sua área de conhecimento.

 

Discutir a forma de ensinar e propor novos caminhos é um legado de Paulo Freire. Concordando ou não com suas posições, não se pode anular sua imensa contribuição na área educacional.  

 

FALANDO DA VIDA DE PAULO FREIRE

 

Se você se interessou nessa discussão, pode gostar de conhecer um pouco mais da trajetória de Paulo Freire. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, separamos o texto onde falamos mais sobre isso:

 

 

 

E AINDA MAIS PARA VOCÊ:

👉 O que fez Paulo Freire?

 

 

GOSTOU DESTA POSTAGEM ? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!

Postar um comentário

0 Comentários