Os Sapos

 Literatura

 

O poema "Os Sapos" é criação de Manuel Bandeira. Apesar de ser datado de 1918 e publicado em 1919 (livro Carnaval), foi um dos marcos do Modernismo, tendo sido declamado na Semana de Arte Moderna, de 1922.

 

Vamos conhecer esse poema? Além disso, vamos entender o que ele significa!

 

 

Olhe os sapos coaxando
[Olhe os sapos reagindo! Imagem: Alexas_Fotos / Pixabay]


 

DEPOIS, VOCÊ PODE LER TAMBÉM

» Autorretrato, de Manuel Bandeira

 

» Tiranias

 

» O parnasianismo, ou a arte por si só

 

 

O POEMA "OS SAPOS"

 

    "Enfunando os papos,

    Saem da penumbra,

    Aos pulos, os sapos.

    A luz os deslumbra.

 

    Em ronco que aterra,

    Berra o sapo-boi:

    - "Meu pai foi à guerra!"

    - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

 

    O sapo-tanoeiro,

    Parnasiano aguado,

    Diz: - "Meu cancioneiro

    É bem martelado.

 

    Vede como primo

    Em comer os hiatos!

    Que arte! E nunca rimo

    Os termos cognatos.

 

    O meu verso é bom

    Frumento sem joio.

    Faço rimas com

    Consoantes de apoio.

 

    Vai por cinquenta anos

    Que lhes dei a norma:

    Reduzi sem danos

    A fôrmas a forma.

 

    Clame a saparia

    Em críticas céticas:

    Não há mais poesia,

    Mas há artes poéticas..."

 

    Urra o sapo-boi:

    - "Meu pai foi rei!"- "Foi!"

    - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

 

    Brada em um assomo

    O sapo-tanoeiro:

    - A grande arte é como

    Lavor de joalheiro.

 

    Ou bem de estatuário.

    Tudo quanto é belo,

    Tudo quanto é vário,

    Canta no martelo".

 

    Outros, sapos-pipas

    (Um mal em si cabe),

    Falam pelas tripas,

    - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

 

    Longe dessa grita,

    Lá onde mais densa

    A noite infinita

    Veste a sombra imensa;

 

    Lá, fugido ao mundo,

    Sem glória, sem fé,

    No perau profundo

    E solitário, é

 

    Que soluças tu,

    Transido de frio,

    Sapo-cururu

    Da beira do rio..."

 

    BANDEIRA, Manuel

 

O QUE HÁ POR TRÁS DO POEMA?

 

 

Trata-se de uma paródia (pois envolve crítica) das métricas e formas advindas do estilo parnasianista de escrever. Também existe metalinguagem, isto é, a linguagem usada para falar dela mesma.

 

Para fazer a crítica, não se mencionou nomes, mas foram feitas analogias de estilo aos diferentes tipos de sapos. O sapo-cururu seria o modernista, enquanto o sapo-tanoeiro seria parnasianista. Essa forma de criticar fez que o poema também fosse enquadrado como poema-piada.

 

 

A SEMANA DE ARTE MODERNA

 

Assim como se fala da Semana de Arte Moderna, seu poema símbolo também é considerado como um marco de ruptura, igualmente sem dizer de forma exata como se faria o futuro da arte. Na sugestão 👇🏻, confira nosso post sobre essa semana histórica:

 

 

E AINDA MAIS PARA VOCÊ:

👉 A Semana de Arte Moderna de 1922

 

 

GOSTOU DESTA POSTAGEM ? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!

Postar um comentário

0 Comentários