A síndrome do negro único

Cultura & Comportamento


A busca por uma sociedade que integre em todas as suas funções as pessoas de diferentes cores de pele e etnias é um esforço de anos, levado por muitas gerações. Já tivemos avanços, mas é preciso mexer em mais coisas que parecem realidades inofensivas e até mesmo parecem serem progressos em um primeiro momento, como reflorestamentos-de-uma-espécie-só.

Vamos entender um pouco mais sobre a síndrome do negro único, como ela ocorre e o que precisará acontecer para que tenhamos um futuro diferente. Leia mais nos parágrafos a seguir.


https://www.oblogdomestre.com.br/2020/09/SindromeDoNegroUnico.CulturaEComportamento.Historia.html
[Desafio agora é sair da síndrome do negro único. Imagem: Pexels/Pixabay]



COMEÇANDO A INTEGRAÇÃO SOCIAL E ACEITAÇÃO


Nosso país, assim como vários outros ao redor do mundo, foi construído com base escravocrata, com predominância da mão de obra negra. A escravidão chegou ao fim, mas os indivíduos que receberam a liberdade não tiveram, paralelamente ao ganho desse direito, condições de assumir mais funções na sociedade e ganhar destaque.

Essa realidade teve mudanças com o passar do tempo e surgiu o entendimento de que pessoas negras são seres humanos, com qualidades, defeitos e muita capacidade intelectual, descendentes de pessoas que perderam a liberdade e foram obrigadas a trabalhar em condições degradantes. Atualmente, é comum que notemos a falta de pessoas negras em diferentes funções, assumindo o espaço que lhes cabe em todas as funções políticas e econômicas.

Mas, como mencionado, houve mudanças. De nenhuma pessoa nessas funções, por vezes, encontramos um representante negro em meio aos demais. Esse representante seria um símbolo aos demais, sendo fixada nele toda a ideia a respeito das pessoas com sua cor de pele, bem como um instrumento de busca da integração social, como se fosse uma “cota” por ele ocupada.   

A presença desse elemento único é conhecida como a ‘síndrome do negro único’. Ela é um passo na integração social, mas não pode parar nessa etapa. Não podemos ter apenas um em uma sociedade de um país com maioria negra. A distribuição de pessoas com diferentes cores de pele nas mais diferentes funções deve ser, naturalmente, a mesma que vemos na população em geral.

O PRÓXIMO PASSO


Já há algumas práticas interessantes que podem fazer com que deixemos a síndrome do negro único e passemos a ter mais pessoas em todas as funções da sociedade. Uma delas é a mudança dos sistemas de seleção de candidatos a vagas de emprego em empresas.

Como competência deve ser o principal critério, podem ser adotados métodos que envolvam provas escritas e entrega de currículos sem nome e foto, pois evitariam preconceitos dos recrutadores pelas impressões causadas por uma foto. Também podem ser feitas bancas de entrevistas, com pessoas diferentes fazendo a seleção e chegando a um critério de consenso para a seleção.

Outro passo é melhorar a presença de pessoas negras em graus acadêmicos e técnicos mais elevados, tornando-as mais competitivas para lutar por essas vagas. A princípio, as cotas raciais permitem esse acesso, mas é preciso ter cuidado: antes disso, é preciso realizar políticas sociais que permitam às pessoas negras terem condições de chegar lá na faculdade e se manter.

Só que nada disso vai valer se não for quebrada a ideia de que pessoas negras seriam “inferiores, preguiçosas, marginais, vitimistas...” e todos aqueles adjetivos depreciativos que tentam justificar a manutenção de uma realidade que não faz sentido. Campanhas educativas e a abordagem de combate ao racismo nas escolas básicas são muito importantes, para quebrar ideias que impedem pessoas negras de receberem as merecidas oportunidades.

Já tivemos escravidão porque algumas pessoas se consideraram superiores às outras (isso falando de escravos negros ou de outras etnias) e acreditavam fielmente nisso. O racismo se mantém, dentre outros motivos, porque ainda há pessoas que creem nessas divisões e as perpetuam. Esse ciclo precisa se romper, e os movimentos atuais como #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam demonstram essa necessidade.

E DE QUANDO VÊM ESSA LUTA?


A luta pelo fim da desigualdade entre negros e as demais etnias no Brasil é paralela à escravidão. Se hoje ainda conseguimos ter a realidade da síndrome do negro único, foi depois de muitos movimentos contrários ao racismo.

É possível visualizar essa realidade quando observamos alguns dados estatísticos no Brasil e as Leis que foram criadas com o intuito de combater o racismo. Na sugestão de postagem que você encontra logo abaixo, o Blog do Mestre apresenta um pouco mais sobre esse assunto, incluindo alguns desses dados.





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