Qual a real situação das universidades públicas?


Cultura


Nesse último ano, diferentes questões entraram em pauta de discussões acaloradas. Estamos em um momento onde a economia precisa progredir e um desejo de mudança ecoou no Brasil. Mas, além desse desejo, estamos precisando ver questões importantes de maneira menos apaixonada e mais realista. O que existe não é perfeito, mas nem tudo o que existe é ruim e precisa acabar (segundo os mais radicais), como é o caso das universidades federais.

https://www.oblogdomestre.com.br/2019/07/UniversidadesPublicas.RealSituacao.Cultura.html
[Imagem: athree21/Pixabay]



Dizer que são locais perdidos, onde todos são "comunistas" e "maconheiros" e andam "pelados" é uma simplificação absurda da realidade. O nível de exigência para aprovação nessas universidades é bem maior, a começar pelo ingresso via concurso vestibular.

É justamente o capital humano que é o maior bem das universidades. Como elas selecionam alunos melhores, quem desejar entrar ou se manter deverá se esforçar bastante.

Pensando em termos de formação prévia, as universidades acabam sendo mais difíceis para alunos advindos de escola pública, mas não impossíveis. Existem cotas de entrada, cursinhos gratuitos de pré-vestibular e reforço escolar após a entrada em disciplinas.

E o profissional lá formado terá condições de brigar por boas vagas de emprego por ser capacitado. Aquela exceção que vier a cair nas drogas, infelizmente, não terá condições de seguir em seu curso, pois sofrerá com reprovações diante da pressão por desempenho.

Em relação a recursos, uma universidade custa muito mais do que uma escola de ensino básico. Isso deve pela exigência de equipamentos caros, materiais e outros itens mínimos que servem tanto à pesquisa como às aulas de formação dos profissionais.

As escolas públicas de ensino básico precisam melhorar. Isso é fato. Muitos alunos aprendem momentaneamente o que são ensinados, mas não carregam as lições mais tarde. Em parte, uma melhor educação básica dependeria de recursos, para remunerar professores e oferecer melhor infraestrutura. Esses professores também devem ter auxílio para expandir sua formação universitária.

O restante está em um item importante, chamado cobrança. Os alunos precisam ser cobrados a saber e aplicar o que conheceram, afinal seus professores os ensinaram. Em casa, os pais devem estimular seus filhos a saber e que isso é bom, sem o discurso de "não-usar-isso-para-a-vida". Mesmo porque nas universidades eles serão cobrados, principalmente se públicas, onde não há o compromisso de aprovação implícito. E esse fator é importante para a garantia da qualidade, devendo ser espelhado no ensino básico.

Conforme mencionado, universidades custam caro. Não vale comparar custos com universidades particulares pequenas, mas com alguns casos de boas universidades particulares, como PUC, por exemplo. Para fazer pesquisa, é necessário tempo, esforço, dedicação integral, equipamentos e materiais ... e na pós-graduação, ainda há as bolsas, que ajudam os pós-graduandos a se manter no período da pesquisa, mas não são fortunas e, em caso de desistência ou desempenho insuficiente, devem ser devolvidas. O financiamento disso tudo é uma questão-chave.

Cobrar mensalidades pela formação em graduação talvez não seja um bom caminho. Bacharéis podem demorar muito a ter retorno dos valores que investiram ao ir para o mercado e começar em suas profissões. Há um ganho social grande em haver profissionais mais capacitados no mercado, e isso justifica o custo, além de vários serviços prestados à comunidade.

Para evitar que alguns itens das universidades federais sigam passando por sucateamento, e conseguir manter a infraestrutura, um bom caminho pode ser afinar propostas de financiamento privado em pesquisas, como propôs o ministro Marcos Pontes.  Ainda ocorrem projetos com financiamento privado de pesquisa em universidades públicas, mas eles são difíceis de aprovar (burocráticos) e acontecem pouco.

Outro caminho estaria em oferecer os cursos acadêmicos de graduação, mestrado e doutorado ainda gratuitos, e especializações e cursos livres pagos, pois eles têm foco em mercado e são bem procurados, pelo upgrade profissional. Algumas experiências ocorrem com cursos extracurriculares de línguas, onde são oferecidos a valores menores do que escolas de idiomas e as aulas são dadas por estudantes de línguas em mestrado e doutorado, que ganham experiência de aula.

Para esse financiamento misto ocorrer, seria necessário melhorar aspectos legais e oferecer maior facilidade para financiamento. Assim, com o ensino superior fortalecido e economicamente viável, junto com a melhoria do ensino básico (sem o detrimento de um em função do outro) é que teremos a virada da educação.





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