Cative e crie laços

Literatura


Antoine de Saint-Exupéry escreveu a obra "O pequeno Príncipe há alguns anos, tempo suficiente para a obra entrar em domínio público, mas não para invalidar tudo o que ele disse sobre os seres humanos. A forma com que construímos nossas relações é muito importante. Pensando nisso, vamos rever um trechinho que fala sobre isso:

https://www.oblogdomestre.com.br/2019/06/PequenoPrincipe.Raposa.Trecho.Literatura.html
[Imagem: dgabc]



" [...] foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira.
- Quem és tu, perguntou o principezinho.
- Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, disse o príncipe, estou tão triste.
- Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa! Disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

- O que quer dizer cativar?
- Tu não és daqui, disse a raposa, o que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços.
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único do mundo. E eu serei para ti a única do mundo... Mas a raposa voltou a sua ideia:
-Minha vida é monótona, e por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será que como cheia de Sol. Conhecerei o barulho de passos, que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar embaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa nenhuma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...

A raposa então calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:

- Por favor, cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o príncipe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
- Os homens esquecem a verdade, disse a raposa, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!"

Após ler esse trechinho, procure lembrar das sensações, sons e cores que te fazem lembrar de alguém. Pode ser que essa pessoa já tenha te cativado!


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