Literatura
A obra "Capitães da Areia" foi
escrita por Jorge Amado durante a escola literária do Modernismo. Ele conta,
sem a presença de protagonistas, a história de meninos de rua, em uma linha
tênue entre pensamentos ingênuos de crianças e um mundo do crime, por meio de
um narrador onisciente, ou seja, que sabe tudo o que se passa e não é nenhum
dos personagens. Portanto, a narrativa é em terceira pessoa. O protagonismo é
dado ao grupo dos capitães, que serviram para retratar uma realidade social por
detrás do que se torna página policial.
[Imagem: Revista Época] |
O autor decidiu começar o livro contando as
histórias, por meio de reportagens fictícias, de como acontecia a atuação do grupo
Capitães de Areia, cuja subsistência se dava por furtos. Filho de pai morto
muito cedo, Pedro Bala era o mais esperto de todo o grupo, tanto que assumiu a
sua liderança. As reuniões entre ele e os demais aconteciam em um trapiche
abandonado.
Aos poucos, as crianças vão sendo
apresentadas. Observa-se que, assim como se vê no noticiário, há muitos
apelidos entre os criminosos, representando, em parte, suas personalidades.
Professor é aquele que lê para si e aos outros e cria estórias. Gato é o
bonitão que se relaciona com a prostituta Dalva. Sem pernas era um deficiente
que era amargurado por sua condição, e que a utilizava para especular o que
havia nas casas, passando por menino abandonado. João Grande é... adivinhe...
grande.
Em certo momento, um surto de varíola atinge
inúmeras pessoas, dentre elas um dos membros do bando. Em paralelo, Dora e Zé
Fuinha surgem, sendo que Dora assume o posto de namorada do chefão.
Em mais uma das ações criminosas, a polícia
acabaria por descobrir, mas apenas Dora e Pedro Bala foram pegos. Dora foi
parar em um orfanato, e quando voltou ao grupo já estava muito debilitada e
morreu. Pedro passou alguns dias sendo torturado pela polícia.
Após Dora falecer, os personagens vão
ganhando destinos que também vão de acordo com suas personalidades. Pirulito,
que era religioso, vai acompanhar o Padre José Pedro na Igreja. Gato vira
cafetão de Dalva e os dois se mudam para Ilhéus. Sem pernas morre após uma
perseguição.
O pai de Pedro Bala era sindicalista e havia
morrido em uma greve. Seu filho foi cada vez mais se encantando pelo mundo da
militância, até chegar ao ponto de passar o bastão de líder dos Capitães de
Areia e assumir esse novo posto em sua vida.
Historicamente, o livro foi marcado por
alguns episódios como a queima de exemplares em praça pública, durante o Estado
Novo, de Getúlio Vargas. Em uma obra literária dessas é bom lembrar que não se
quer fazer a apologia ao crime, mas entender melhor os porquês que levam a que
ele aconteça, e que são negados por parte da população.
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👉 E ainda mais
para você: O
cortiço - resenha crítica
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