Como funcionam as barragens de rejeitos de mineração (à montante)?


Ciência & Saúde


Com o segundo episódio de vazamento de barragem de rejeitos em menos de três anos, as atenções voltam-se novamente para o setor de mineração. Apesar de gerar emprego e riquezas, vem deixando de lado um aspecto muito importante, que é o da segurança.


https://www.oblogdomestre.com.br/2019/02/BarragensDeRejeitos.CienciaESaude.html
[Local arrasado pela tragédia. Imagem: Revista Veja]



Rejeito, em geral, é todo aquele material advindo de atividades humanas para o qual não existe (ou ainda não foi viabilizada economicamente) possibilidade de utilização na cadeia produtiva, necessitando apenas o descarte e disposição final em um local adequado, que evite contaminações. Nos aterros sanitários, deseja-se evitar que o chorume atinja o lençol freático, e nessas barragens, que metais pesados diversos contaminem água e solo, após a separação da fração comercialmente útil dos minérios.

Nas barragens de rejeitos, há água, sílica (cor amarelada, de areia), rejeito de minério de ferro (marrom-avermelhado) e matacões rochosos para um "isolamento" de material. Segundo o portal UOL, nessas barragens há as seguintes partes:

- FUNDAÇÃO: suporta a força peso do material contido, transferindo essa carga para o solo imediatamente inferior na forma de bulbos de tensões.
- ATERRO OU MACIÇO: o restante da estrutura de suporte da barragem.
- OMBREIRAS: partes laterais superiores da barragem, que precisam suportar os empuxos produzidos pelo rejeito.
- RESERVATÓRIO: o volume de rejeito em si.
- CRISTA: parte superior, devendo formar um plano horizontal.

A empresa Vale, proprietária da barragem em Brumadinho-MG, anunciou a desativação de todas as similares em outras unidades. Note-se que, tamanha a responsabilidade na manutenção de um sistema desses, há diversos procedimentos de licenciamento iniciais e periódicos, laudos de Engenharia, dentre outros, que falharam. O endurecimento das regras, após o episódio de Mariana-MG, não se concretizou.

Outro fato a se destacar é que, se a Vale vai abandonar as barragens de rejeitos, não significa o fim da mineração, mas que há alternativa viável para tanto.  O rejeito passa por outra forma de disposição nas unidades que não serão desativadas.

Estendendo o raciocínio dessas barragens, você já pensou na forma com que tratamos todo e qualquer tipo de resíduo? O aterro sanitário não desloca grandes massas e provoca desastres como em Mariana e Brumadinho, mas é um local onde se impossibilita uso futuro pela variedade de componentes em degradação misturados àquele solo. Na medida do possível, somente o que for rejeito até o momento é que deve ir para um aterro.

E na barragem de mineração, o rejeito precisa ser tratado com tanta responsabilidade quanto o minério de ferro extraído. Ambos definem vidas e impactam a todos.


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