Arte
É muito legal pensar que os artistas que marcaram a história não são apenas fruto de sua criatividade individual, mas cultivaram momentos de vida e amizade juntos. Um desses casos ocorreu com Oneyda Alvarenga, musicista e poetisa natural de Varginha (MG) e Mário de Andrade, escritor e seu professor de música, de São Paulo (SP).
Vamos descobrir como essa história aconteceu? É muita arte reunida...
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UM POUCO DA VIDA DE ONEYDA ALVARENGA E A AMIZADE COM MÁRIO DE ANDRADE
Oneyda Alvarenga nasceu na cidade mineira de Varginha, em 06 de dezembro de 1911, dentro de uma família tradicional e católica. Ela tinha muito amor pela música e adorava tocar em seu piano. Também escrevia muitas poesias.
A prima de Oneyda, Sílvia Alvarenga, também havia estudado piano e indicou um professor. Aos dezenove anos, Oneyda foi para São Paulo querendo aperfeiçoar seus estudos no piano, e seguiu a indicação da prima.
Esse professor era "apenas" Mário de Andrade – escritor, poeta, crítico literário, ensaísta, musicólogo (não apenas pratica, mas estuda música) e fotógrafo. Ele foi uma das lideranças do movimento modernista do Brasil.
Mário era natural de São Paulo, nascido a 9 de outubro de 1893, tendo passado toda a vida na mesma cidade. Ele faleceu em 25 de fevereiro de 1945. A história dele com a música durou anos, e começara em 1917, com a conclusão do curso de piano, no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Nesse mesmo conservatório, em 1922, em função do movimento da “Semana de Arte Moderna” e o conhecimento já adquirido, tornou-se professor de História da Música e da Estética.
Após esse breve relato sobre Mário, voltemos à Oneyda. Era incomum na época, mas os pais permitiram que ela fosse para São Paulo. Nisso, ela entrou no Conservatório, mas sua primeira impressão de Mário não foi muito boa. Em seu livro “Cartas – Mário de Andrade – Oneyda Alvarenga”, ela o descreve como “um homem simpático, elegante, bem vestido, alto, careca, muito feio, a pele de um ocre embaçado e dono de uma voz de quem estivesse com uma batata quente na boca”. Depois, algumas dessas percepções mudaram.
Oneyda era uma aluna aplicada e inteligente. Com a convivência, chamou a atenção de Mário. A mãe de Oneyda chegou a dizer a Mário que a filha escrevia boas poesias, apesar de que a menina não achasse o mesmo, ficando tímida, apavorada e achando que seus versos eram bobos. Mário lera, ficara entusiasmado e, com isso, comentou até com Mário Bandeira.
Mário de Andrade ficou empolgado e passou a orientar os textos e estudos de Oneyda. A relação foi próxima, não apenas de orientação, mas de amizade. A amizade envolvia opiniões sinceras, sejam elas de incentivo, ou de contrariedade.
Por causa daquela ideia inicial sobre as próprias poesias, Mário de Andrade sugeriu a Oneyda que chamasse seu livro de "A menina boba". Sobre esse livro, Manuel Bandeira chegou a fazer o seguinte comentário, no Diário da Noite (Rio de Janeiro):
“Como este Brasil é cheio de surpresas:(…) encontrei poesia mais grave, mais sutil e meditativamente terna, numa mineirinha de Varginha, Oneyda Alvarenga”
Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga, num gesto incomum para a época, mantiveram essa amizade e tinham o costume de trocar cartas, mantendo-o por dez anos. Fizeram isso até 1945, com a morte de Mário, o que entristeceria muito Oneyda.
Nas primeiras cartas, de 1935, além de trazer os assuntos iniciais e o pedido de amizade, Mário dizia que a sociedade ainda trazia muitos privilégios aos homens. As mulheres ainda teriam espaço e voz para conquistar. O voto feminino, por exemplo, era recente, da Constituição de 1934, e o voto obrigatório feminino viria apenas em 1965, com a equiparação ao voto feminino.
Também em 1935, Mário confiou à Oneyda um legado importante: a direção da discoteca pública de São Paulo. Essa discoteca foi fundada por Mário Andrade quando foi Diretor do Departamento de Cultura.
Oneyda Alvarenga permaneceu nesse cargo até a sua aposentadoria, em 1968. Em 1982, a discoteca mudou de nome, passando de “Discoteca Pública” para “Discoteca Oneyda Alvarenga” para homenagear sua primeira diretora e toda sua contribuição à arte e cultura brasileiras.
O PROJETO ENTRE CARTAS, INSPIRADO EM ONEYDA
Anualmente, no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Varginha - MG, é promovido um concurso cultural em homenagem a Oneyda Alvarenga. Com competições de fotografias, cartas e poesias, a organização une a lembrança à memória de Oneyda à discussão de temas atuais, como sustentabilidade e preservação ambiental.
FALANDO EM MODERNISMO
Mencionamos Mário de Andrade, amigo de Oneyda Alvarenga, algumas vezes. Você sabia que ele escreveu o ensaio "A escrava que não é Isaura" para falar sobre as novidades de estilo no modernismo? 👇🏻
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