História
Grandes filósofos na história sempre trouxeram suas visões a respeito do ser humano e de suas interações com seus pares. Nisso entra a Filosofia Política, que estuda as questões de convivência do ser humano e as relações de poder. Nisso se incluem a natureza do governo, do Estado, pluralismo e liberdade.
Na Filosofia Política, não se fala de partidos, mas de algo amplo, dentro das relações entre comunidades e governantes. É sobre isso que você vai entender melhor neste post, a partir da visão de grandes filósofos.
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[Estátua de Sócrates. Imagem: IDHL | Reprodução] |
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A FILOSOFIA POLÍTICA
A palavra "política" tem origem na palavra grega "polis", que significa cidade. A Filosofia Política (ocidental), além da palavra, também tem origem grega, mais precisamente na Grécia Antiga. Ela tratava da convivência dos cidadãos nas cidades-estado gregas, que buscavam uma coesão interna, mas tinham rivalidade entre elas. Essas cidades envolviam organizações do tipo aristocrático, democrático, monárquico, oligárquico e até tirânico.
Com o tempo, onde as cidades cresceram e a Filosofia Política se tornou uma área de conhecimento mais ampla, falar em Política passou a envolver todas as esferas de poder. Com isso, diz-se que há política das mais longínquas aldeias até os estados-nacionais.
Muitos filósofos se dedicaram a falar sobre a Política. Veremos o que pensavam alguns deles, como Aristóteles e Jean-Jacques Rousseau.
SÓCRATES
Sócrates (469-399 a.C.) não teria sido o primeiro filósofo, mas ainda assim é conhecido como o pai-da-filosofia. A inovação veio do modo de fazer filosofia, passando a tratar das relações e pensamentos humanos (período antropológico), saindo do tradicional foco em compreender a natureza e o universo (período cosmológico).
Sócrates pensava que mesmo o conhecimento de quem era dito sábio era parcial, funcionando por opinião e autoridade, e não por fatos e pensamento racional. Ser tão crítico assim fez enfurecer o poderio ateniense. Sócrates foi condenado à morte pelas acusações de corromper a juventude ateniense e atentar contra os deuses.
Platão viria a descrever como foi o julgamento de Sócrates. O relato foi no livro "A República".
É um relato de um discípulo. Platão era o principal, Xenofonte era outro e havia críticos. O que se sabe de Sócrates é relato deles, e não do filósofo, que teria dito que a escrita engessava o pensamento e a verdadeira filosofia viria da reflexão. Essa ausência de escrita fez, porém, fez com que se tenha dúvida se Sócrates existira, ou se ele foi uma personagem para trazer algumas ideias.
PLATÃO
Seguindo Sócrates, Platão teve pensamentos que são pilares da nossa cultura ocidental. Nas teorias de Platão surge a distinção entre aparência e essência, definindo o pensamento e a alma como superiores aos sentidos e ao corpo.
Disso surge o dualismo entre dois mundos:
• Mundo das ideias ou inteligível: onde residem as ideias, a essência das coisas e o que só pode ser conhecido por meio da razão. É onde fica a alma, a pureza e a verdade.
• Mundo sensível: onde se imitam as ideias e reside o que é conhecido pelos sentidos. É onde moram o corpo, o erro e a opinião.
Platão já não fez como Sócrates e acabou publicando livros. A linguagem, porém, foi no formato de diálogo. Ele publicou:
• A República.
• O Banquete.
• Fédon.
• Górgias.
• Teeteto.
• Timeu.
ARISTÓTELES
Aristóteles era um filósofo grego que descrevia a política como um meio para a coletividade chegar à felicidade. Chegou a escrever o famoso livro "Política", sobre isso.
Segundo Aristóteles, uma das características que torna os seres "humanos" é a vivência em grupo, e isso o faz um "animal político". A finalidade da vida seria ser feliz e fazer os outros felizes, vivendo em comunidade. A política seria um desdobramento da Ética e, portanto, seriam indissociáveis. O bem viria do conhecimento e da prática das virtudes.
Ele era um discípulo crítico de Platão e chegou a ser muito famoso no mundo antigo, chegando a virar professor de ninguém menos que o imperador Alexandre, o Grande. Aristóteles afirmava que, diferentemente do que Platão propunha, o conhecimento parte dos sentidos, mas evolui ao pensamento racional.
Aristóteles trouxe o desenvolvimento da lógica para instrumentar o correto pensar. Ainda hoje, muito dela baseia o conhecimento científico.
Ele também teve muitos escritos que falavam de temas como: ética, política, lógica, física, poética, retórica, dentre outros. Nesse contexto, as obras de Aristóteles foram:
• Política.
• Poética.
• Ética a Nicômaco.
• Organon.
NICOLAU MAQUIAVEL
Maquiavel (1469-1527) teve como grande obra "O Príncipe". Ele esteve no marco entre a Idade Média e a Idade Moderna.
Costuma-se atribuir a ele a máxima "os fins justificam os meios" porque Nicolau Maquiavel separava a atuação política do governante à Ética do cidadão comum. Ele também publicou "Os Discursos", e nesses dois livros, ele pondera que o bem e o mal são meios para chegar ao fim.
Esse fim, para um rei, seria a manutenção do poder. A análise dos atos dos governantes precisaria considerar o objetivo que teriam.
Mas isso, para Nicolau Maquiavel, só é válido para governantes e não se aplica ao cidadão e situações comuns, sendo um erro grave estender o conceito. Para governantes, Maquiavel desvincula as ações à moral, ética e até da religião cristã, revolucionando a Filosofia Política.
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Rousseau (1712-1778) veio com suas ideias no Iluminismo, que se opunha ao Absolutismo. Numa série de obras, ele e outros autores – John Locke (1632 -1704) e Voltaire (1694-1778) – propunham uma reflexão política quanto a origem dos governos e sua finalidade, criando uma era-de-ouro da Filosofia Política.
Uma das mais influentes obras desse período foi escrita por Rousseau em 1762: "O Contrato Social". Nessa obra, Jean-Jacques Rousseau defendeu que a soberania política vinha do povo e havia uma espécie de contrato social com os governantes.
Nesse contrato, as pessoas abriam mão de parte da liberdade e o Estado (superior ao indivíduo) cuida de organizar tudo e fazer Leis e buscar seu cumprimento. Com o Estado cumprindo seu real papel, os humanos vivem em paz e prosperam.
SANTO AGOSTINHO
Santo Agostinho, ou Agostinho de Hipona (354-430 d.C) foi um importante nome da filosofia cristã desenvolvida na Idade Média. Ele trouxe elementos da filosofia grega, que era de uma cultura politeísta, mas dentro da religião cristã, que é monoteísta.
Platão distinguia a aparência (falsa) da essência (verdadeira), e a alma sendo maior do que o corpo, o que baseou também a doutrina cristã. De forma análoga, a busca da verdade pela razão, que Platão pregava, se tornou busca pelo conhecimento pela fé.
Santo Agostinho também fez parte do período chamado de Filosofia Patrística. O nome se deve ao fato de ser feita por padres da Igreja.
Santo Agostinho, na Filosofia Patrística, ressalta o Estado como instrumento de aplicação da moral. Outro nome dessa época foi São Tomás de Aquino, que trazia a Filosofia Escolástica (equilíbrio fé-razão).
As principais Obras de Santo Agostinho foram: "Confissões" (400 d.C.) e "A Cidade de Deus" (426 d.C.).
SÃO TOMÁS DE AQUINO
Falando dele, Tomás de Aquino (1225–1274) foi o principal representante da filosofia escolástica. De maneira similar a Agostinho de Hipona, que uniu o pensamento de Platão à religião cristã, Tomás de Aquino juntou a filosofia cristã ao pensamento de Aristóteles.
Ele trouxe fundamentações lógicas para a fé cristã, o que foi trazido em seu livro "Cinco provas da existência de Deus". Além desse livro, sua principal obra foi "Suma Teológica", de 1273.
RENÉ DESCARTES
René Descartes (1596–1650) costuma ser chamado de o “pai do pensamento moderno”. Esse pensamento é racional e se considerou que fosse superior a outras formas de compreensão, fortalecendo a corrente do racionalismo.
Com ele surgiu o método cartesiano, que baseia o desenvolvimento cientifico, fundamentado em quatro etapas:
1. Verificar: observe se o que se pretende estudar é real.
2. Analisar: dividir o objeto a ser conhecido em partes que possam ser compreendidas.
3. Sintetizar: os conhecimentos novos são agrupados num todo verdadeiro e essencial.
4. Enumerar: definir e concluir todo o conhecimento extraído a partir do estudo realizado.
Essas ideias entraram no principal livro de Descartes, o Discurso do Método (1637), onde ele traz o princípio da dúvida como método para o conhecimento. Ele busca algo concreto que possa servir de base para o conhecimento até chegar na certeza fundamental ou cogito. O cogito ("penso, logo existo") seria o fundamento para todo o conhecimento. O que existe não é inquestionável, e esse questionamento gera novo conhecimento.
Descartes e os outros filósofos mencionados até agora, como Platão, falavam da dualidade corpo-mente, como elementos distintos. Estudos posteriores demonstraram que pensamentos se transformam em sinais físicos, como estudam autores como Antônio Damásio.
JOHN LOCKE
John Locke (1632–1704) ganhou o apelido de pai-do-liberalismo. Ele defendia que o direito à propriedade é natural dos seres humanos.
Essa ideia surgiu do desenvolvimento, por ele, da teoria das Leis e surgimento do estado. Os seres humanos vivem em comunidade e nessa convivência surgem litígios, o que só pode ser resolvido com um terceiro elemento como juiz.
Nesse contexto, o estado se torna regulador da sociedade, garantidor dos direitos individuais e da liberdade, e da propriedade privada. Locke foi mais um a pensar na ideia de contrato social, onde as pessoas vivem sob as regras do Estado (corrente do contratualismo).
Ele era um filósofo de base empirista e entendia o ser humano como uma tábula rasa, ou uma folha em branco onde a pessoa preenche com suas experiências de vida. A experiência baseia o pensamento e é ponto de partida para o conhecimento.
Também houve publicação em livro por John Locke. A principal obra dele foi o " Ensaio Acerca do Entendimento Humano" (1689).
IMMANUEL KANT
Immanuel Kant (1724–1804) é um dos principais nomes da Filosofia na Idade Moderna. Ele queria promover uma revolução no conhecimento dessa área assim como Copérnico fizera com a Física.
Em meio ao Iluminismo, destacou a educação como algo muito importante para seres esclarecidos e com autonomia moral. Ele uniu as concepções empiristas e racionalistas e criou novas ideias sobre a razão e os limites dos conhecimentos humanos.
Quanto à Ética, Immanuel Kant propunha que a moral tinha de vir do próprio ser, e não de agentes externos (como a religião), com base em algumas regras.
Essa noção de onde vêm os princípios morais sempre foi discutida. Se vamos para a linha da Psicanálise, por exemplo, Freud já traz separações em id, ego e superego, onde os dois últimos balançam valores pessoais e externos na moral do indivíduo.
Fechando o parêntese, as obras principais de Kant foram:
• Crítica da Razão Pura (1781).
• Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785).
• Crítica da Razão Prática (1788).
• Crítica da Faculdade do Juízo (1790).
HEGEL
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770–1831) foi um filósofo alemão, que era bastante idealista. Seus pensamentos foram um marco da filosofia moderna e influenciaram todo o pensamento posterior.
Esses pensamentos se centram na figura do ser, o sujeito. Ele compreende a si e ao entorno, a tudo o que existe, com base numa estrutura dialética feita da tese, antítese e síntese:
• Tese: uma ideia ou afirmação.
• Antítese: ideia aberta que contradiz essa afirmação.
• Síntese: uma ideia que resolve o conflito, incorporando ideias das anteriores e permite evoluir um pensamento ou realidade.
Georg Hegel teve como principal obra a "Fenomenologia do Espírito" (1807).
THOMAS HOBBES
Diferentemente de outros filósofos, Thomas Hobbes (1588-1679) não era um liberal do contratualismo. Hobbes deixou suas ideias no Leviatã (1651), e quase quarenta anos depois, o verdadeiramente liberal John Locke publicaria "Dois tratados sobre o governo" (1689).
Hobbes acreditava no Contrato Social, mas com o poder centrado num soberano absoluto ou numa assembleia. Isso evitaria as tensões da disputa de poder e o consequente enfraquecimento do governo como instituição
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