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A história do cinema mundial

 História

 

Para falar como surgiu o cinema, é preciso ir além e pensar numa série de evoluções tecnológicas que possibilitaram a gravação de imagem e som, até chegarmos à possibilidade de inserir efeitos e fazer além do gravado, sem precisar que todos os elementos sejam reais. Vamos saber como surgiu e se desenvolveu a sétima arte?

 

Filme passando em sala clássica de cinema

[Um lindo cinema clássico: mas como chegamos até aqui? Imagem: Tima Miroshnichenko / Pexels | Reprodução]


 

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ANTES DO CINEMA

 

O marco para o início do cinema foi a exibição pública cinematográfica dos irmãos Auguste e Louis Lumière, em 1895. Muito antes disso, uma série de inventos possibilitaria esse avanço, baseados na luz, sombra, reflexão, refração e fisiologia do olho humano.

 

Cita-se como um marco o teatro de sombras em 5.000 a.C., na China. Em paredes ou telas de linho, estórias eram projetadas, falando de guerreiros, princesas e dragões. Até hoje é algo muito popular, tanto para crianças, como para adultos.

 

Depois, Leonardo Da Vinci e Giambattista Della Porta, nos séculos XV e XVI, respectivamente, trabalhariam na câmara escura, que é uma caixa fechada com orifício com lente, que permitia projetar imagens invertidas em seu interior. Já no século XVII, o alemão Athanasius Kirchner viria com a lanterna mágica, onde um cilindro iluminado por uma vela projetava imagens numa lâmina de vidro. O invento fez sucesso em feiras urbanas e no ambiente acadêmico.

 

No século XIX, a persistência retiniana foi um fenômeno bastante estudado e ferramentas baseadas nele também. Em 1832, Joseph-Antoine Plateau criou o Fenacistoscópio, instrumento em que várias figuras de um mesmo objeto estavam em posições diferentes de um disco, e ao girá-lo, percebia-se movimento. A fotografia teria sido lançada nesse mesmo século, mas eram necessárias horas e horas para a sensibilização do material de fotografia, o que inviabilizava o uso.

 

Findando o século XIX, viriam grandes novidades. O Praxinoscópio (1877) foi criado pelo francês Charles Émile Reynaud e era um aparelho circular onde imagens se sucediam e pareciam em movimento. Era uma máquina pequena, e o inventor criaria sua versão ampliada em 1888, permitindo o chamado teatro ótico.

 

Já o Fuzil Fotográfico (1878) seria criado pelo francês Étienne-Jules Marey. Era um tambor forrado por dentro com uma chapa fotográfica circular, com doze frames por segundo, registrados na mesma imagem. Para desenvolver, ele se baseou na experiência de Edward Muybridge, que decompusera o movimento do galope de um cavalo.

 

INÍCIO DO CINEMA

 

Há quem afirme que o início efetivo do cinema foi com o cinetoscópio. Thomas Edison, um inventor norte-americano, já havia inventado em 1890 um filme perfurado e uma película de celuloide que fixava imagens e as projetava por lentes. O Black Maria, em West Orange, seria o primeiro estúdio de cinema e tinha esse equipamento, podendo exibir esses curtas-metragens.

 

Os curtas-metragens não eram projetados em telas grandes. A projeção era dentro do cinetoscópio, com filmes de até 15 min.

 

A Edson Company conseguiu vender muitos cinetoscópios, instalando em lobbies de hotéis, parques de diversão e fliperamas. Nos EUA, surgiram vários salões do cinetoscópio. Diante desse sucesso, havia resistência de Edison em criar imagens projetadas para audiências maiores. Ele achava que seria menos lucrativo.

 

Essa percepção estava equivocada e outros inventores perceberam. Na Europa, variantes em telas maiores surgiram. A de maior sucesso comercial foi dos irmãos Auguste e Louis Lumière, fabricantes de produtos fotográficos em Lyon, França. Eles eram filhos de um fotógrafo e proprietário de uma indústria de filmes e papéis fotográficos.

 

Em 1895, os irmãos Lumière aprimoraram o cinetoscópio, surgindo o cinematógrafo. O nome cinema, inclusive, deriva desse aparelho.

 

O cinematógrafo era movido à manivela e usava negativos perfurados. Era um equipamento leve e permitia filmagens externas. Essa característica fez com que eles, ao longo dos anos, fizessem mais de mil curtas-metragens de cenas da vida cotidiana (em sua maioria).

 

Uma dessas cenas do cotidiano foi a filmagem da saída dos operários da fábrica dos Lumière. Ela gerou o curta “La Sortie de l’unsine Lumière à Lyon”, que seria exibido em 22 de março de 1895 no Grand Café Paris para uma pequena plateia. Foi considerado o marco inicial do cinema.

 

Depois disso, novas narrativas e formas de fazer cinema, surgiriam. Com a tecnologia criada, a arte começaria a ganhar asas.

 

O CINEMA NARRATIVO

 

O cinema começaria focando na parte documental e em registros estáticos da realidade. Seria um teatro filmado. A ideia de criar novas narrativas e mais técnicas surgiriam de cineastas como Alice Guy-Blaché (1873-1968) e Georges Méliès (1861-1938).

 

Alice Guy, cineasta francesa, criou quase mil filmes. O primeiro se baseava num conto popular, “A Fada dos Repolhos” (1896).

 

Ela não começaria como diretora. Alice trabalhara como secretária na fábrica e produtora de cinema Gaumont. Lá, viu uma demonstração do cinematógrafo e se encantou.

 

Ela tentou ideias como filmar com dupla exposição, atrasar ou apressar a velocidade da câmara e outros, para obter efeitos. Também quis inserir sons e cores nos filmes.

 

Três anos depois da primeira exibição, estava já nos EUA, criou uma produtora e fez estúdios para gravar seus filmes.

 

Em 1920, com seu divórcio, voltou para a França. Sua carreira de diretora não engrenou novamente. Viria a falecer em 1968.

 

Georges Méliès, mágico e ator francês, também buscaria elementos novos, como cortes, sobre-exposição e zoom. Ele estivera na exibição do cinematógrafo, e antes de se aventurar com ele, comandava o próprio teatro em Paris, sua cidade natal.

 

Ele quis usar o cinematógrafo no teatro, mas os irmãos Lumière não venderam. Depois, comprou uma máquina semelhante, começou a escrita de roteiros e atuações. Tornou-se conhecido pelos truques de ilusionismo, sendo considerado o pai-dos-efeitos-especiais.

 

Méliès seria eternizado pelo filme "Viagem à Lua", de 1902. O filme é uma adaptação do livro homônimo de Júlio Verne.

 

Depois de Alice e Méliès, viriam outros grandes nomes como o de D. W. Griffith (considerado criador da linguagem cinematográfica), nos EUA; as produções expressionistas e do “Movimento de Câmera”, na Alemanha; do surrealismo, na Espanha; e o cinema soviético, sobretudo com nomes como Vertov e Eisenstein.

 

O CINEMA SEM SOM SINCRONIZADO

 

O cinema não incluía vídeos com som. Essa lacuna era suprida por músicos ao vivo ou trilhas sonoras executadas de forma síncrona.

 

Essa época, na primeira década do séc. XX, ficou conhecida como a era do Cinema Mudo. A figura do estadunidense D.W. Griffith, seria muito destacada, principalmente pelo filme “O Nascimento de uma Nação” (1915).

 

Outros grandes nomes viriam na comédia. Um deles foi Buster Keaton e outro seria Charles Chaplin, que lançou mais de oitenta e um filmes. Alguns títulos foram icônicos, como "O Garoto" (1921), “Tempos Modernos” (1936) e “O General” (1926). Eles reforçam que a estória e as expressões transmitem ideias com força, mesmo sem uma só palavra falada.

 

MAS UMA HORA, O SOM CHEGARIA...

 

Surgiu o avanço para a captação do som, com os filmes conhecidos como "talkies". O primeiro filme nesse gênero foi "The Lights of New York”, de Bryan Foy, em 1928. Como a aceitação em Hollywood foi imediata, quase todos os filmes eram assim já no final de 1929.

 

No clássico filme “Cidadão Kane” (1941) de Orson Welles, foi demonstrado o potencial narrativo do som, utilizando técnicas inovadoras de narrativa e cinematografia para contar a trajetória de Charles Foster Kane. Já em “Psicose” (1960) de Alfred Hitchcock, o som criou atmosferas tensas e assustadoras. A trilha sonora icônica de Bernard Herrmann se tornou parte integrante da experiência do filme, demonstrando como o som podia ser uma ferramenta poderosa na construção de suspense e emoção.

 

Não foi apenas o som que surgiu. A forma de interpretação precisou mudar, sendo menos caricata por parte dos atores. As habilidades vocais precisaram ser desenvolvidas.

 

Alguns atores como John Gilbert e Norma Talmadge, antes famosos e renomados, tiveram dificuldades e não se deram bem. Clara Bow e Greta Garbo, por sua vez, conseguiram se adaptar e ganharam destaque.

 

DEPOIS DO SOM, A COR

 

Com o desenvolvimento de novos processos de colorização, como o Technicolor, a paleta do cinema se expandiu, trazendo uma nova dimensão à narrativa visual. Antes disso, no início do século XX, era tudo em escala de cinza (o popular preto-e-branco).

 

O primeiro filme colorido foi “O Mágico de Oz”, de 1939. Outro filme icônico dessa nova era foi “…E o Vento Levou” (1939). A chegada das cores criou novos elementos a explorar, e novos cuidados também na produção das novas peças.

 

E O CINEMA TEVE SUAS VERTENTES COMO AS ESCOLAS LITERÁRIAS

 

Assim como a Literatura teve suas diferentes épocas, com escolas literárias que representaram estilos artísticos, isso também se vê ao longo da história do cinema.

 

Na primeira metade do século XX, houve uma efervescência criativa. O Expressionismo Alemão mergulhou na psique humana com filmes como “Nosferatu” (1922) de F. W. Murnau. Nesse filme, foram explorados os terrores do subconsciente de forma profunda.

 

Já na França, a Nouvelle Vague foi um movimento que desafiou as convenções narrativas e técnicas. “Os Incompreendidos” (1959) de François Truffaut e “Acossado” (1960) de Jean-Luc Godard são exemplos dessa ruptura.

 

E na Itália veio o Neorrealismo, liderado por diretores como Roberto Rossellini e Federico Fellini. Realismo, no sentido literal da palavra, representou o uso de atores não profissionais e cenários naturais. O resultado foram filmes como “Ladrões de Bicicleta” (1948), que capturaram a essência da vida cotidiana.

 

A ERA DIGITAL E ALÉM

 

Com a virada do século XXI houve avanços tecnológicos que revolucionaram a produção cinematográfica. A digitalização permitiu uma maior acessibilidade à criação de filmes, democratizando a arte e abrindo portas para uma nova geração de cineastas independentes. Alguns exemplos disso são “A Fita Branca” (2009) de Michael Haneke e “A Rede Social” (2010) de David Fincher.

 

Adicionalmente, o surgimento das plataformas de streaming, como Globoplay, Netflix, Amazon Prime e Disney+, transformou a maneira como consumimos conteúdo audiovisual. O primeiro filme brasileiro a ganhar o Óscar de melhor filme estrangeiro em 2025, "Ainda estou aqui", foi criado como filme original do streaming Globoplay.

 

Por outro lado, essa democratização é um desafio ao cinema, pois na pandemia as plataformas de streaming se fortaleceram e os cinemas fecharam. O Óscar brasileiro fortaleceu o cinema novamente, mas são vertentes diferentes, onde o cinema é uma experiência além do filme.

 

ONDE SABER MAIS SOBRE TODA ESSA HISTÓRIA?

 

Além de nosso post, muito mais da história do cinema existe a contar. O livro "História do cinema mundial", de Franthiesco Ballerini traz muito dessa história.

 

Esse autor fez três anos de pesquisa, com enfoque cultural e geográfico. A primeira parte do livro mostra a formação das principais indústrias cinematográficas do mundo, como Hollywood e Bollywood. 

 

Na segunda parte, os movimentos estilísticos como o Neorrealismo italiano são tratados. Já na terceira, o melhor cinema de cada continente é destacado na análise do autor. Tudo é bem didático, e inclui: 

 

• Sinopses dos filmes mais importantes.

• Curiosidades sobre os bastidores da indústria cinematográfica.

• Fotografias que contam também a história.

• Um índice onomástico composto por todas as películas citadas e por diretores, atores e produtores.

 

O livro está disponível em livrarias e e-commerces.

 

A HISTÓRIA DO CINEMA NACIONAL

 

Falamos do cinema do mundo, dos estilos europeus e da invenção dos irmãos Lumière. E no Brasil, como o cinema caminhou 👇🏻?

 

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