O que fez Mário Vargas Llosa?

 Biografias

 

Vargas Llosa foi um grande nome na Literatura mundial. Em 1990, tentou chegar à Presidência peruana, sem sucesso.

 

Ele trazia consciência social em meio aos seus romances e chegou a ser premiado com o Nobel de Literatura em 2010. Vamos relembrar a trajetória dele?

 

Mário Vargas Llosa

[Mário Vargas Llosa. Imagem: Valor Econômico | Reprodução]


 

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PRIMEIROS ANOS

 

Jorge Mário Pedro Vargas Llosa nasceu em 28 de março de 1936, na segunda maior cidade do Peru: Arequipa. A sua infância foi vivida em outras cidades: Cochabamba (Bolívia) e Piura (Peru). Em Cochabamba, seu avô trabalhava como cônsul peruano.

 

Ele acreditava que seu pai havia morrido, quando menino, o que foi uma mentira contada por sua mãe. A verdade surgiria quando, em 1946, seu pai o tiraria, junto com sua mãe, da casa de seus avós maternos e os levaria para morar em outro lugar. Ele entenderia que não era a morte, mas o autoritarismo e a violência do pai que faziam sua mãe querer distância.

 

Nesses anos de infância, leu Alexandre Dumas e Victor Hugo. O clima político peruano era tão instável quanto seu ambiente familiar. O ditador Manuel Odría assumiu o poder em 1948 e manteve o regime pelos oito anos seguintes.

 

Llosa frequentou várias escolas peruanas antes de entrar em uma escola militar, Leoncio Prado, em Lima em 1950. Mais tarde, frequentou a Universidade de San Marcos em Lima. 

 

Enquanto Vargas Llosa estudava na San Marcos, havia controles estatais rígidos na vida social. Isso afetava a individualidade e gerava ceticismo e frustração na sociedade. Esse período inspiraria Llosa a escrever, mais tarde, a novela "Conversación en la catedral", publicada em 1969.

 

Quanto às convicções políticas, Mário era Marxista convicto e apoiou o Revolução Cubana (1959) e seu líder Fidel Castro. Nos últimos anos de vida, migrou politicamente para a centro-direita, defendendo o livre mercado e a iniciativa privada, embora mantivesse visões liberais sobre questões como direitos de LGBTQIA+.

 

MAIS SOBRE LLOSA ESCRITOR

 

Romancistas do séc. XIX influenciaram Vargas Llosa como escritor. Pode-se citar como exemplos o francês Honoré Balzac e o russo Fiodor Dostoievski. Mais recente, do século XX, o romancista estadunidense William Faulkner também foi sua referência.

 

Como citado, os regimes autoritários ou autoritarismo em esferas privadas foram aspectos que marcavam Llosa. Ele condenava e escrevia com essa linha contra tudo o que inibisse liberdades pessoais e de iniciativa.

 

Em 1952, publicou "La huida del Inca", peça de três atos. Depois disso, suas histórias começaram a aparecer em críticas literárias peruanas. Llosa tambem coeditou Cuadernos de composición (1956–57) e Literatura (1958–59). 

 

Fora do Peru, trabalhou como jornalista e radialista e participou da Universidade de Madrid. Em 1959, mudou-se para Paris onde viveu até 1966 numa comunidade de expatriados da América Latina, onde também moraram o argentino Júlio Cortázar e o chileno Jorge Edwards. 

 

Mais tarde, ele escreveu o romance "Travesuras de la niña mala" (2006), em Paris, durante esse período. O enredo desse livro parte da visão de Llosa sobre a obra Madame Bovary (1857), do romancista francês Gustave Flaubert’s.

 

O primeiro romance publicado de Llosa, muito antes, foi "La ciudad y los perros" (1963), muito aclamado e traduzido em várias línguas. Depois teria versões no cinema em espanhol (1985) e russo (1986).

 

Ambientado no Leoncio Prado, esse romance conta a estória de adolescentes que lutam pela sobrevivência em um ambiente hostil e violento. A corrupção da escola militar reflete o momento político peruano.

 

Já em 1966, publicou o romance A casa verde, ambientado na selva peruana. A estória une elementos míticos, populares e heroicos para capturar a realidade sórdida, trágica e fragmentada de seus personagens. Depois viria Los jefes (1967), que é um retrato psicanalítico de um adolescente que foi acidentalmente castrado. 

 

Conversación en la catedral (1969) fala do regime político de Manuel Odría. Muito do que foi escrito vem das experiências de Mário como repórter noturno de um jornal de Lima.

 

Já o romance "Pantaleón y las visitadoras" (1973) ganhou sua versão no cinema, em espanhol, dois anos depois, e em inglês em 2000. Trata-se de uma sátira do fanatismo militar e religioso peruano.

 

O romance La tília Julia y el escribidor (1977) seria "semiautobiográfico". A versão para o cinema surgiu em 1990. Usou-se dois pontos de vista na narrativa, produzindo um efeito interessante na construção da estória.

 

Esse romance se baseia no relacionamento de Mário com sua cunhada, Julia Urquidi Illanes, com quem se casou em 1955, aos dezenove anos. Como Vargas Llosa gostava de um relacionamento socialmente complicado, depois de se divorciar de Julia em 1964, casou-se com sua prima em primeiro grau, Patrícia Llosa. Eles tiveram três filhos e se separaram em 2015.

 

Llosa começara a escrever peças na década de 1980, mas somente após 2005 que ele decidiu subir ao palco e retratar seus personagens. Aitana Sánchez Gijón, a atriz que o acompanhava nesta nova aventura, descrevia-o como um jovem ator promissor.

 

Vargas Llosa ganhou o Nobel de Literatura em 2010. Academia sueca justificou a premiação por sua "cartografia das estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".

 

Esses e outros exemplos mostram a obra de Mário Llosa, misto entre suas experiências e narrativas políticas. Sua vida, além das palavras, teria interseção com a política de maneira mais forte.

 

CARREIRA POLÍTICA

 

Nos anos 1970, quando o Socialismo despontava e havia vários ideais interessantes na Revolução Cubana, Mário Llosa tendia a essa linha de pensamento. Quando os regimes se implementaram e quebraram princípios de liberdade individual, sendo opressores, sua visão política mudou.

 

Ele passou a defender o pluralismo liberal, democracia e livre mercado. Dogmas e fanatismos também entraram na sua mira como algo a ser evitado. Esses elementos de política e sua transformação interna inspiraram o romance A Guerra do Fim do Mundo em 1981.

 

Em 1987, Alan García, presidente peruano, tentou nacionalizar o setor bancário nacional. Vargas Llosa rejeitou a ideia, por ver que isso poderia levar a outras estatizações, inclusive da mídia. Ele se movimentou e, com o apoio popular, fez marchas de protesto e isso o projetou politicamente.

 

O "Movimento Libertado" virou a "Frente Democrática" e se destacou como oposição. Mário, além de líder do partido, concorreu à presidência peruana em 1990.

 

No segundo turno, concorreu com Alberto Fujimori, engenheiro agrônomo e filho de japoneses. Mário perdeu as eleições e Fujimori, depois de eleito, fechou o congresso e estabeleceu uma ditadura.

 

As experiências de Vargas Llosa nessa época foram registradas no livro "El pez en el agua: memorias" (1993). Ele também falou sobre o assunto ao The Guardian, em 2012, dizendo que suas experiências políticas demonstraram que ele é um escritor e não um político. Parte do que ele fez teria sido por gostar de uma vida de aventuras, mas que, também nas palavras dele, seriam mais literárias do que políticas.

 

Desde os anos 1990, até antes de falecer, Llosa publicava uma coluna quinzenal no jornal espanhol El País. A coluna era traduzida e reimpressa em várias mídias mundiais.

 

O ADEUS

 

Mario Vargas Llosa faleceu em 13 de abril de 2025, em Lima, capital do Peru.

 

MAIS UM NOME DA LITERATURA POLÍTICA

 

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