O que foi a "Nakba"?

 História

 

Povos árabes e judeus vivem, há muitos anos, um conflito que envolve não apenas terra, mas a identidade desses povos e o radicalismo. Vamos entender o que aconteceu antes e depois do Nakba, um episódio desse conflito?

 

Israel e Palestina vivem em conflito

[Pessoas com a bandeira da Palestina em protesto. Imagem: Mohammed Abubakr / Pexels | Reprodução]


 

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ANTES DISSO

 

O conflito entre árabes e judeus se intensificou nos anos 1930. Houve um crescimento muito grande da imigração judia por conta da perseguição na Europa e o movimento sionista, que imaginava um estado Judeu na Palestina.

 

Diante desse contexto, a Assembleia Geral da ONU fez uma resolução, em novembro de 1947, onde dividia a Palestina em dois estados, um árabe e outro judeu, com Jerusalém como território internacional. A administração de Jerusalém caberia à ONU, dentro do Plano de Partilha da Palestina.

 

Árabes rejeitaram o plano. Judeus não seguiram também e foram além.

 

QUANDO ACONTECEU?

 

Em árabe, Nakba significa “catástrofe” ou “desastre”. Esse nome foi escolhido para definir a expulsão de palestinos feita por Israel antes e com a confirmação de sua criação, cujo marco foi dia 14 de maio de 1948.

 

Houve o fim do mandato britânico no território, e o Plano de Partilha da Palestina (1947) foi motivação para o chefe executivo da Organização Sionista Mundial, David Ben-Gurion, declarar a criação do Estado de Israel. Nesse plano, mais da metade do território palestino se tornou Israel.

 

Nem bem Israel foi oficializado, milícias judaicas já começaram a expulsar palestinos, em números citados de setecentos e cinquenta até mais de oitocentos mil – mais da metade de toda a população palestina da época. 

 

Quanto a vilarejos palestinos, muitos foram varridos: de mil e cem, quinhentos e trinta sumiram do mapa até o ano de 1949. O varrer-do-mapa não foi apenas figura de linguagem: resquícios da existência desses povoados foram completamente eliminados, inclusive documentais, como se nada existisse ali antes de 1948. Havia medo pelos palestinos da violência e dos massacres promovidos por essas milícias.

 

Havia um lema sionista sobre "uma terra sem povo", quase como se Israel surgisse sobre terra limpa e descoberta. Na verdade, a comunidade árabe-muçulmana já estava há mais de um milênio.

 

A recordação do Nakba, porém, é feita em 15 de maio, início da Guerra Árabe-Israelense (Israel versus cinco países árabes). Essa guerra teve início apenas um dia após a criação oficial de Israel (1948) e levou Israel a obter 78 % do território palestino. Israel estava oficialmente sozinho, mas na verdade, teve apoio de potências ocidentais.

 

A expulsão das terras criou uma catástrofe humanitária. As famílias precisaram achar nova morada, movimento difícil. Os palestinos desalojados foram forçados a se refugiarem em Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Líbano, Síria e na Faixa de Gaza.

 

Também surgiram muitos campos de refugiados que, graças à inércia internacional, tornaram-se permanentes, verdadeiras cidades onde o exílio dura gerações. São ambientes precarizados, sem infraestrutura adequada.

 

Apesar de que o movimento israelense tenha tentado limpar outras etnias, elas persistem. A Palestina era uma sociedade multiétnica e multicultural.

 

E HOJE?

 

Nos últimos anos, em 2017, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch publicaram relatórios denunciando o governo de Israel de utilizar regime de Apartheid. Palestinos árabes não foram eliminados, mas vivem em situação de exclusão.

 

Segundo esses órgãos, “Israel estabelece um regime de apartheid que domina a população palestina como um todo”. O estado hebraico é acusado de “segregação, expropriação e exclusão” que equivalem a crimes contra a humanidade. 

 

Já se passam mais de setenta e sete anos desde a limpeza de povoados e expulsão de palestinos. É uma ferida antiga, mas ainda aberta e sempre com novos capítulos.

 

RELEMBRANDO A HISTÓRIA AQUI NO BRASIL

 

Dentro do contexto que persiste – de conflito até hoje – a Nakba ainda é uma realidade viva, tema de atos que buscam relembrar essa história, como um ato solene que foi realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) quando se passaram setenta e cinco anos do ocorrido.

 

Nesse evento, ressaltou-se a realidade de divisão, onde o povo palestino vive em alguns bolsões territoriais. Não há um Estado Palestino, Israel ocupa militarmente onde seriam esses locais e poucos territórios municipais isolados são palestinos. Não há exército, fronteira ou alfândega.

 

Também se destacou na sessão solene a presença de Soraya Misleh, jornalista palestino-brasileira e autora do livro "Al Nakba - Um estudo sobre a catástrofe palestina". No evento, assim como no livro, Soraya conta que em 1948 a aldeia de seu pai foi cercada, bombardeada e todos os seus habitantes expulsos pelas forças paramilitares sionistas, quando ele tinha apenas treze anos de idade. Foi preciso se refugiar longe dali, assim como mais de seis milhões de refugiados palestinos, segundo estimativa da época.

 

A narrativa de Soraya veio com emoção, pois ela perdera seu pai em abril daquele ano. Ele faleceu sem conseguir retornar à Palestina, sonho impossível sem a garantia da paz.

 

ATUAÇÃO DA ONU NO CONFLITO

 

Depois de todos esses anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) compreende que existe essa realidade na Palestina, apesar de que por si só não possa encerrar os conflitos.

 

Segundo a própria ONU, os direitos dos palestinos seguem sendo violados. Até hoje ocorrem expulsões de pessoas, confisco de terras e demolições de lares.

 

Alguns eventos marcando o aniversário da Nakba e resoluções como A/RES/77/23 (criando a divisão dos direitos palestinos) foram sendo feitos ao longo dos anos. Sabe-se que o conflito não é simples e ainda pode persistir ao longo dos anos.

 

O HAMAS

 

Assim como houve um forte movimento militar do lado israelense, que domina a maior parte do território, em meio a um povo palestino que sofre, existem também grupos militares islâmicos. Um desses grupos é o Hamas.

 

Apesar de que não seja o único, o Hamas ou  Movimento de Resistência Islâmica é o maior de todos e também o mais visado. Ele surgiu em 1987, a primeira intifada palestina, ou levante, contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Desde lá, o estatuto de criação do Hamas coloca a destruição de Israel como compromisso.

 

Inicialmente, além do propósito de promover uma luta armada contra Israel, também ofereceria programas de bem-estar social aos palestinos. Em 2005, mudanças ocorreram, quando Israel retirou tropas e colonos de Gaza, e o Hamas entrou na Política Palestina. Chegou a formar uma coalizão com o grupo Fatah, mas depois chegou a expulsar o grupo rival.

 

O Hamas como um todo, ou a ala militar, é classificado como um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido, assim como outras potências globais. Por outro lado, tem o apoio de Irã, Síria e do grupo terrorista Hezbollah, do Líbano.

 

Além dos aspectos citados, classifica-se o Hamas como um grupo fundamentalista. Esse adjetivo se dá para grupos ou governos em que há seguimento estrito e rigoroso a certas regras, como preceitos religiosos islâmicos.

 

A atuação do Hamas não é unânime entre Palestinos. Muitos deles querem a paz para viverem na sua terra, sem Israel ou Hamas.

 

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