O que fez Papa Francisco?

 Biografias

 

O Papa Francisco, que é o primeiro papa americano, faleceu nesse ano de 2025. Mario Jorge Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, tinha setenta e seis anos de idade quando se tornou papa, dedicando-se com amor e fé a essa missão por doze anos.

 

Papa Francisco acena para os fiéis

[Papa Francisco foi sinônimo de fé, paz e acolhimento. Imagem: Terra | Reprodução]


 

DEPOIS, VOCÊ PODE LER TAMBÉM

» A vida de Buda

 

» Quem foi Allan Kardec?

 

» São Clemente

 

A PERSONALIDADE DO PAPA FRANCISCO

 

O jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio era uma figura religiosa de destaque em todo o continente. Era um sacerdote de hábitos simples e muito amado na diocese.

 

Ele costumava falar que "o meu povo é pobre e eu sou um deles". Essa foi sua filosofia enquanto papa também, pois ele tinha hábitos mais simples e abria mão de elementos de luxo que poderia ter como chefe religioso e, quando papa, também de estado.

 

Enquanto arcebispo em Buenos Aires, vivia num apartamento e preparava seu próprio jantar. Aos sacerdotes das paróquias, recomendava que o exemplo de humildade de Cristo era a máxima a se seguir.

 

OS PRIMEIROS ANOS DE MARIO JORGE

 

Mario Jorge Bergoglio nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes piemonteses (italianos). A mãe Regina Sivori dedicava-se com afinco ao lar e de seus cinco filhos, enquanto o marido Mário era contabilista no caminho de ferro.

 

Em idade escolar, diplomou-se técnico químico. Mais tarde, optou pelo sacerdócio, integrando o seminário diocesano de Villa Devoto.

 

JÁ NA VIDA RELIGIOSA

 

Em 11 de março de 1958, Mario Jorge entrou no noviciado da Companhia de Jesus. Após completar os estudos humanísticos no Chile, voltou para a Argentina. Em 1963 viria a licenciatura em Filosofia no Colégio de São José, em São Miguel.

 

Mario Bergoglio chegou a ser professor. Em 1964 a 1965, lecionou Literatura e Psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé. Já em 1966, esteve no Colégio do Salvador, em Buenos Aires, lecionando também essas matérias.

 

No período de 1967 a 1970, estudou Teologia. Licenciou-se também no Colégio São José.

 

Voltando um pouco, em 13 de dezembro de 1969, Mario fora ordenado sacerdote pelo Arcebispo Dom Ramón José Castellano. Já de 1970 a 1971, seguiu sua preparação em Alcalá de Henares, Espanha, e em 22 de abril de 1973, emitiu a profissão perpétua dos Jesuítas.

 

Voltou novamente à Argentina, virando mestre de noviços na Villa Barilari em San Miguel, professor na faculdade de Teologia, consultor da província da Companhia de Jesus e, ainda, reitor do colégio.

 

Mais adiante, em 31 de julho de 1973, Bergoglio foi eleito provincial dos jesuítas da Argentina, mantendo-se no cargo por seis anos. Mais tarde, retornaria ao trabalho no campo universitário e, de 1980 a 1986, foi novamente reitor do colégio de São José, e pároco em San Miguel. 

 

Em março de 1986, Mario Bergoglio teria ido à Alemanha, segundo o site do Vaticano, e concluído uma tese de doutorado. Outras fontes afirmam que ele escrevera a tese, mas não finalizou ou defendeu, não chegando a ser titulado como doutor em Teologia. Essa informação estaria no livro de Massimo Borghesi "The Mind of Pope Francis: Jorge Mario Bergoglio's Intellectual Journey".

 

O título da tese não publicada teria sido "Polar Opposition as Structure of Daily Thought and Christian Proclamation”, ou numa tradução livre, "A oposição polar como estrutura do pensamento diário e da proclamação cristã". A ideia de Borghesi, ao fazer seu livro, foi entender as visões de religião de Francisco, a partir das palavras vindas do papa.

 

O antecessor Bento XVI tinha doutorado em Teologia. Francisco teria seguido esse nível de estudo, mas não teria finalizado por ter demandas religiosas a atender e precisar voltar para a América.

 

Ele foi enviado, por ordem superior, ao Colégio do Salvador em Buenos Aires e após para a igreja da Companhia, em Córdova. Nessa última parada, foi diretor espiritual e confessor (realizava o sacramento da confissão).

 

Por convite do cardeal Antonio Quarracinoz que o queria como estreito colaborador, Bergoglio foi nomeado em 20 de maio de 1992, por João Paulo II, como bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. Em 27 de junho daquele ano, Quarracinoz faria a ordenação episcopal de Mario referente ao novo cargo. Mario escolheu como lema "Miserando atque eligendo" e no seu brasão inseriu o cristograma IHS, símbolo da Companhia de Jesus.

 

Em 3 de junho de 1997, Mario Jorge seria promovido a arcebispo coadjutor de Buenos Aires. Logo ocorreu o falecimento do cardeal Quarracino, e Mario viria a lhe suceder, tornando-se arcebispo em 28 de fevereiro de 1998.

 

Passados três anos, no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, João Paulo II o nomeou cardeal, atribuindo-lhe o título de São Roberto Bellarmino. Nesse momento, Francisco chamou os fiéis a assumirem os valores cristãos com sua atitude: por mais que tenha se sentido feliz em crescer na missão da Igreja, pediu para que os fiéis não viessem a Roma para festejar, mas a destinassem o custo equivalente em doação aos pobres.

 

O Sínodo dos Bispos aconteceria em outubro de 2001. O relator-geral adjunto da assembleia geral ordinária seria o arcebispo de New York, Edward Michael Egan. Por conta dos ataques terroristas de 11 de setembro, esse arcebispo teve de ficar em sua pátria e quem assumiu a função foi Mário Bergoglio.

 

Ele foi se tornando cada vez mais popular na América Latina. Mesmo assim, mantinha um estilo quase ascético - pessoa que vive na renúncia e na disciplina.

 

Em 2002 chegou a recusar a nomeação a presidente da Conferência Episcopal Argentina. Três anos após seria eleito novamente ao cargo e reeleito no triênio que começou em 2008.

 

Nesse meio tempo, em 2005, ocorreu o falecimento de João Paulo II. Em abril daquele ano, o conclave elegeu Joseph Ratzinger, o Bento XVI. Era o primeiro conclave de Mario Bergoglio, no qual acabou em segundo lugar.

 

Como arcebispo de Buenos Aires, as ações da Igreja buscaram comunidades abertas e fraternas, evangelização e assistência aos pobres e enfermos. No bicentenário da independência argentina, várias ações sociais foram promovidas pela igreja.

 

Em 2013, Bento XVI descobriu uma doença e já havia um ambiente institucional que pedia mudanças na Igreja. Nisso, houve a primeira renúncia em muitos anos de um papa, e Francisco assumiria o cargo, até seu falecimento.

 

A AUTOBIOGRAFIA DE FRANCISCO

 

O papa Francisco queria que sua autobiografia fosse publicada após sua morte, mas mudou de ideia e 'Esperança' foi lançada em comemoração ao jubileu de 2025, em fevereiro no Brasil.

 

 A escrita de 'Esperança' partiu de depoimentos do papa a Carlo Musso de 2019 a 2024, sendo a primeira autobiografia publicada por um papa, sendo coautoria. Antes disso, Francisco escreveu os livros Meditaciones para religiosos (1982), Reflexiones sobre la vida apostólica (1986) e Reflexiones de esperanza (1992).

 

Especialistas apontaram que essa autobiografia reforça a personalidade de Francisco como um papa aberto, acolhedor e transparente. Também traz holofote à Igreja em tempos difíceis.

 

Outros autores pelo mundo vão sendo citados ao longo da obra. Francisco fala do conterrâneo escritor Jorge Luis Borges (1899-1986); do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017); do russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881); do uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) e do alemão Bertold Brecht (1898-1956); além de várias outras citações.

 

Na arte, também fala da música, citando o Samba da Bênção, de Baden Powel (1937-2000) e Vinícius de Moraes (1913-1980), La Tradotta, de Riccardo Bizzarro, e mais oito canções. Na sétima arte, cita filmes como La Strada, de Federico Fellini (1920-1993).

 

Várias histórias surgem dentro do livro, como a da prostituta Porota, o que nos faz lembrar a passagem de Jesus e sua visão dos excluídos. Porota teria vivido na prostituição, tido um casamento mais madura e depois foi cuidar de velhinhos num asilo. Com Francisco já cardeal, pediu-lhe uma missa e para suas amigas.

 

Quando cursou técnico em Química, um colega filho de policial pegou uma arma e matou outro jovem. Francisco conta da experiência de ir falar com o colega lá na prisão, o que o abalou muito.

Esse amigo se suicidou depois, com vinte e quatro anos de idade.

 

Francisco conta ainda do desapontamento da mãe com sua decisão pelo sacerdócio, do ataque cardíaco do pai durante a emoção de um jogo do San Lorenzo. Coincidência ou não, o San Lorenzo ganhou a Conmebol Libertadores em 2013, mesmo ano de início de seu papado.

 

Alguns momentos dos quais o papa se arrepende são contados. Em alguns deles, por pressa ou conveniência, disse que não podia ou estava em algum lugar.

 

A experiência do conclave também é narrada. Havia outros grandes nomes no páreo. Ele gostava da ideia e via seu nome crescer e ser mais e mais falado, até a confirmação. Mesmo querendo e gostando da ideia do papado, manteve calibradas suas expectativas. Havia até homilia pronta para sua volta à Argentina.

 

Segundo Francisco, esse nome como papa teria vindo da recomendação de seu amigo brasileiro, o cardeal Claudio Hummes (1934-2022). Ele se sentava a seu lado e pediu que não se esquecesse dos pobres, o que o fez se lembrar de São Francisco de Assis.

 

DITADURA

 

Voltando um pouco no tempo, vemos um triste episódio na Argentina que foi complicado a todos, inclusive a Mario Bergoglio: a ditadura militar que duraria sete anos, até 1983. Religiosos estiveram entre as vítimas presas e torturadas.

 

Houve quem acusasse Mario Bergoglio de ter sido conivente com o regime e ter omitido socorro a religiosos jesuítas. Esse rumor não se fortaleceu com o tempo, até pelo conhecimento geral da índole do futuro papa. 

 

Houve um documentário que fala desse período, chamado “Francisco, o Papa das Américas”. Nesse documentário, a ex-juíza do Fórum Penal de Buenos Aires, Alicia Oliveira, afirma que Bergoglio ajudou muita gente naquele período, inclusive ela.

 

FALECIMENTO DO PAPA E LEGADO

 

Antes e durante o papado, a postura de Francisco foi de fé e humildade, quebra de hierarquias e protocolos quando atrapalham e rigor para corrigir problemas crônicos na Igreja como instituição.

 

Ele recusou os tradicionais sapatos vermelhos, não quis morar na casa papal oficial, o Palácio Apostólico do Vaticano. A ideia de viver na Casa Santa Marta era de não estar num local tão grande, além de seus costumes, e estar perto dos cardeais, visto que eles também moravam por lá e estariam mais próximos para a condução da Igreja.

 

Nas reformas trazidas, o papa reforçou pautas progressistas. Meio ambiente passou a ser mais evidenciado na fé católica. A ideia de acolher divorciados ou homossexuais, mesmo que fora da doutrina tradicional, visou unir as pessoas e fazer uma igreja que agregue, mesmo com visões diferentes de mundo. Alcunhas como "papa comunista" que surgiram no Brasil partiram dessa postura papal.

 

A modernização da Igreja, por outro lado, era necessária e Francisco havia sido eleito para isso. Para manter fiéis, carisma e fé que acolhem eram atributos a espalhar para a Igreja. Outras religiões existem e novas surgem, e uma instituição como a Igreja Católica Apostólica Romana precisa manter-se viva com fiéis que se renovam.

 

Uma ferida na Igreja está nos abusos sexuais cometidos por sacerdotes, incluindo casos de pedofilia. Na doutrina católica, como a vida sacerdotal exige dedicação e sacrifício, acredita-se que ela é incompatível com o cuidado que é necessário para se ter uma família com filhos e cônjuge. 

 

Há quem pense que liberar casamento possa inibir pedofilia, mas além da doutrina, são coisas diferentes: a perversão de ver algo sexual numa criança não é equivalente, é um crime, e como tal, a firmeza no combate aumentou na gestão de Francisco.

 

Francisco achava que seu papado seria curto, de três a quatro anos, diferente de papas de longa data, como João Paulo II, que ficou por mais de vinte e seis anos, ou Pio IX, com mais de trinta e um anos. Foram doze.

 

A saúde de Francisco foi ficando debilitada. Cadeira de rodas e internações preocupavam os fiéis. Na última, o pontífice ficou internado por trinta e oito dias, desde o dia quatorze de fevereiro de 2025, no hospital Gemelli, em Roma.

 

Naquela internação, ele teve uma bronquite que evoluiu para uma pneumonia bilateral, recebendo alta em vinte e três de março de 2025, mas mostrando sinais de uma saúde fragilizada. A parada total para sua recuperação não era cogitada por Francisco, e duraria meses.

 

Na Páscoa de 2025, em 20 de abril, ele apareceu aos fiéis e chegou a falar um pouco aos fiéis. Mais essa chance veio e, num momento mágico para a fé católica, ele pode ainda estar em mais esse marco de fé. No dia seguinte, infelizmente, faleceu, aos oitenta e oito anos de idade.

 

E A VIDA DE GUIDO DE CORTONA

 

Guido de Cortona foi santificado, sendo um exemplo de vida e de fé. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você descobre como foi a vida dele:

 

E AINDA MAIS PARA VOCÊ:

👉 A vida de Guido de Cortona

 

 

GOSTOU DESSA POSTAGEM ? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!

Postar um comentário

0 Comentários