Quem é Míriam Leitão, nova imortal da ABL?

 Literatura

 

No dia 30 de abril de 2025, Míriam Leitão foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Muitas pessoas conhecem Míriam da tevê, mas podem não conhecer a faceta escritora que ela tem, que a levou para os imortais da ABL. Vamos saber como ela chegou até aqui?

 

Foto da jornalista e escritora

[A jornalista e agora imortal da ABL, Míriam Leitão. Imagem: O Globo | Reprodução]


 

DEPOIS, VOCÊ PODE LER TAMBÉM

» A ditadura militar e o pseudônimo de Chico Buarque

 

» A história do cinema nacional

 

» Conheça a trajetória de Ailton Krenak, também da ABL

 

A ELEIÇÃO PARA A ABL

 

Míriam Leitão se tornou a duodécima mulher eleita para a ABL e passou a ocupar a cadeira 7, vaga desde fevereiro com o falecimento do cineasta Cacá Diegues.

 

Nessa cadeira, Míriam será a segunda ocupante. A primeira foi Dinah Silveira de Queiroz.

 

A votação foi feita por meio de urna eletrônica. Também concorria à cadeira o economista e ex-ministro da educação Cristovam Buarque, que teve quatorze votos contra vinte de Míriam.

 

Nas palavras de Merval Pereira, presidente da ABL: 

 

 A Míriam é uma grande jornalista, grande escritora e ela tem um espectro de interesse muito amplo, que coincide com os interesses da Academia Brasileira de Letras. Ela tem preocupações com o Meio Ambiente, tem preocupação com a democracia, com os negros, com a política oficial do governo sobre as minorias.

 

Já a acadêmica Rosiska Darcy destaca:

 

É um merecimento dela, jornalista de todas as mídias, mulher conhecida de todo o Brasil. Esta eleição é sobretudo de uma mulher democrata, num pleito democrático. Então só temos que festejar. Eram dois ótimos candidatos. Isto faz com que eu esteja satisfeita, porque ela vem aumentar a presença de mulheres na Academia.

 

E Ruy Castro também se manifestou: 

 

Esta é uma Academia de Letras e Míriam Leitão é uma profissional da palavra e na sua condição de colunista de jornal importante, ela é uma militante da palavra em ação, que é uma coisa que precisamos muito na Academia.

 

As palavras dos agora colegas da ABL resumem bem a trajetória de Míriam. Ela é profissional da palavra nos seus mais amplos contextos.

 

OS PRÊMIOS QUE MÍRIAM JÁ RECEBEU COMO JORNALISTA

 

Falando nessa trajetória, Míriam já recebeu vários prêmios como jornalista:

 

× Prêmio Jornalismo para a Tolerância, da Federação Internacional de Jornalistas pelo caderno “A Cor do Brasil”, 2004.

× Prêmio Maria Moors Cabot, da Universidade de Columbia, 2005.

× Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, pelo documentário “História inacabada”, sobre o desaparecimento de Rubens Paiva, 2012.

× Prêmio Esso pela reportagem feita com Sebastião Salgado “Paraíso Sitiado” sobre o povo indígena Awá Guajá - 2013.

× Prêmio Liberdade de Imprensa — ANJ — Associação Nacional dos Jornais, 2017.

× Prêmio Contribuição ao Jornalismo — ABRAJI — Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, 2019.

 

UM POUCO DA VIDA DE MÍRIAM LEITÃO

 

Míriam Azevedo de Almeida Leitão é mineira de Caratinga (MG), nascida a 7 de abril de 1953. É a sexta filha de doze filhos de Uriel e Mariana, ambos educadores, e ele também pastor presbiteriano. O começo da carreira profissional já foi fora de seu estado natal, no Espírito Santo, após no Distrito Federal e São Paulo, até que a jornalista fixou morada no Rio de Janeiro. em 1986.

 

No mundo das palavras e como escritora, Míriam publicou dezesseis livros em diversos gêneros literários, como não ficção, crônicas, romances e literatura infantil. Já no mundo do jornalismo, acompanhou a evolução do mundo da comunicação e esteve em jornal impresso, rádio, TV e mídia digital. 

 

Nesses cinquenta e três anos de carreira, trabalhou em vários veículos de comunicação, como Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil. No grupo Globo está desde 1991, onde é colunista do jornal O Globo, comentarista no Bom Dia Brasil, na Globonews e na CBN, além de apresentar o programa de entrevistas Míriam Leitão na GloboNews.

 

No contexto da ditadura militar, em dezembro de 1972, aos dezenove anos e grávida, foi presa e processada pela Lei de Segurança Nacional devido à sua oposição à ditadura. Mais tarde, surgiriam fake news dizendo que ela teria participado de assalto em agência do Banespa com revólver e não foi condenada por conta da Lei da Anistia de 1979.

 

Pela verificação de fatos do Jornal Estadão, desmentiu-se o boato, pois em 1968, data do assalto, Míriam ainda morava em Caratinga, interior de Minas. A prisão e tortura ocorreram porque ela era integrante do Partido Comunista do Brasil, o PCdoB, anos mais tarde, no Espírito Santo, na capital Vitória. 

 

Nos termos legais da época, o motivo da prisão seria “agrupamento prejudicial à segurança nacional e propaganda subversiva”, segundo o registro do Ministério Público Militar, disponível no projeto “Brasil: Nunca Mais”, atualizado pelo Ministério Público Federal (MPF). Não há na denúncia menção de assalto a bancos ou ações armadas.

 

As postagens com informações falsas nas redes sociais citam que Miriam foi perdoada da acusação pela Lei da Anistia, que inocentou acusados de crimes políticos em 1979. Porém, ela foi absolvida cinco anos antes, em agosto de 1974, conforme documento da Justiça Militar. Esse boato ressurgiu, junto com postagens nas redes, após os ataques a Brasília em 8 de janeiro de 2023.

 

O episódio da prisão de Míriam Leitão foi um triste momento na vida da jornalista. Em depoimento dado no ano de 2014, Míriam conta que foi presa a caminho da praia, em 1972, torturada grávida, espancada e ameaçada de estupro. Já não bastasse isso, foi deixada nua em uma sala com uma jiboia.

 

A foto que circula nas redes é, na verdade, do livro Em Nome dos Pais, de Matheus Leitão, filho da jornalista. Nesse livro, Matheus descreve o início da militância política de Míriam e a experiência da prisão. O nome “Amélia”, também indicado no post, é o codinome que a jornalista usava na época.

 

OS LIVROS DE MÍRIAM LEITÃO

 

Míriam publicou livros adultos e infantis. Dos livros infantis:

 

× A perigosa vida dos passarinhos pequenos — Prêmio FNLIJ. Selo de Altamente Recomendável da FNLIJ; semi-finalista do Prêmio Jabuti, 2013, (Rocco).

× A menina do nome enfeitado, 2014, (Rocco).

× Flávia e o bolo de chocolate, 2015 (Rocco).

× O estranho caso do sono perdido — Selo de Altamente Recomendável da FNLIJ, 2016 (Rocco).

× O mistério do pau oco, 2018, (Rocco).

× As Aventuras do tempo, 2019, (Rocco).

× O menino que conhecia o fim da noite, 2022, (Rocco).

× Lulli, a gata aventureira, 2025, (Rocco).

 

Já no mundo adulto, Míriam publicou:

 

× Convém sonhar, coletânea de crônicas e colunas, (Record), 2011.

× Saga brasileira, a longa luta de um povo por sua moeda, 2012 — Prêmio Jabuti de livro reportagem, e Jabuti de livro do ano de não ficção. (Record), 2012.

× Tempos extremos, romance— finalista do Prêmio São Paulo (Intrínseca), 2014.

× História do futuro — O horizonte do Brasil no século XXI, livro-reportagem (Intrínseca), 2015.

× A verdade é teimosa — coletânea de colunas, (Intrínseca), 2017.

× Refúgio no sábado — crônicas, finalista do Prêmio Jabuti (Intrínseca), 2018.

× Democracia na armadilha — Crônicas do desgoverno, (Intrínseca), 2022.

× Amazônia na encruzilhada, 2024 — livro-reportagem — (Intrínseca) Prêmio Juca Pato, 2024.

 

ANTES DE MÍRIAM LEITÃO

 

A Academia Brasileira de Letras é uma forte instituição brasileira que promove a cultura nacional. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você descobre tudo o que aconteceu até os dias atuais para que surgisse e se mantivesse a ABL:

 

E AINDA MAIS PARA VOCÊ:

👉 A história da Academia Brasileira de Letras

 

 

GOSTOU DESSA POSTAGEM ? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!

Postar um comentário

0 Comentários