Takanakuy: o evento peruano de lutas

 Curiosidades

 

Na época do Natal, os pensamentos que vêm são de reunião em família, doações, presentes, religiosidade, certo?! Nem sempre.

 

Em solo peruano, as comemorações são um pouco mais brutas. Além de algumas brigas, acontece dança e canto. A ideia, no final das contas, é começar o ano novo em paz. Vamos saber como tudo acontece?!

 

Um Takanakuy

[Uma das diversas lutas do festival. Imagem: UOL | Reprodução]


 

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O QUE SIGNIFICA TAKANAKUY?

 

Existem algumas traduções desse nome, que vem do quíchua, como "quando o sangue está fervendo", ou "troca mútua de socos". O quíchua é um dos dialetos peruanos mais antigos.

 

QUANDO COSTUMA ACONTECER?

 

É uma festividade de final de ano, mais precisamente no dia de natal - 25 de dezembro. Ela é vista como a única forma de acertar as contas antes do final de ano.

 

COMO FUNCIONA?

 

Existem árbitros locais para as lutas. Elas acontecem principalmente nas províncias de Chumbivilcas e Antabamba, próximas a Cusco, cidade peruana.

 

Para o Takanakuy, os combatentes usam máscaras de esqui coloridas e penduram bichos de pelúcia em cima delas. Supostamente, a ideia é assustar os adversários.

 

Homens ficam muito nos socos. Mulheres, por sua vez, focam nos chutes. É proibido bater em alguém caído no chão, e pode haver castigo para quem esquecer essa regrinha.

 

Não raro alguém sair de nariz sangrando, ou a boca. Nada de rancor, mas ano que vem pode acontecer a revanche.

 

Além das lutas, existem outras manifestações culturais de canto e dança. São usadas máscaras coloridas e se reúnem muitas pessoas das províncias, existindo diversão para todos os gostos.

 

PERSONAGENS NAS FESTIVIDADES

 

Na festividade do Takanakuy, vários personagens são lembrados. Um deles é o majeño, que representa os moradores da região do rio Majes, província de Arequipa.

 

Nessa região, os moradores trocam aguardente por produtos de Chumbicilcas, província vizinha. A máscara característica possui um chifre, do qual as pessoas levam para transportar o álcool e beberem muito na festa.

 

Qarawatana é outro personagem, com um animal morto e dissecado na cabeça: ave empalhada, raposa ou cabra. Eles simbolizam força ou sorte. Na indumentária, usam casacos de couro e uma máscara de esqui que esconde o lutador.

 

SIGNIFICADOS ALÉM DE BRIGAR POR BRIGAR

 

Algumas pessoas querem mesmo lavar-a-roupa-suja, mas esse não é o único objetivo de quem vai para o Takanakuy. Existe quem queira provar sua coragem, outros buscam respeito da comunidade ou até orgulharem a família.

 

O povo Chumbivilcas vê o Takanakuy como uma forma de descarregar más energias. Seria aquele mesmo princípio de quem pratica uma luta em academia, por exemplo.

 

No final da luta, os adversários devem se abraçar e deixarem de lado qualquer desavença. Há sentimentos como honra, valentia, esportividade e outros, envolvidos na luta.

 

QUANDO COMEÇOU?

 

A Universidade Wiener, de Lima, fez um estudo e aponta que tudo teria começado no séc. XIX, em fazendas escravocratas. Nelas havia grande comércio com a zona de Majes, com a venda de cañazo (um tipo de cachaça).

 

O cañazo não é tão conhecido no Peru, hoje, mas o Takanakuy é. Pela ausência do Estado, gerando uma terra-sem-lei, os conflitos passaram a serem resolvidos à base das brigas. Se há esporte, apostas já vêm junto.

 

Tudo isso foi virando tradição. Pessoas escravizadas e majeños participavam.

 

Avançando pelo país, as lutas chegaram a Lima e Arequipa e regiões metropolitanas. Pessoas não indígenas, de classe média, passaram a gostar. Depois, o Takanakuy foi além, atingindo todas as classes e sendo popular com adolescentes e até crianças.

 

Há quem tenha se assustado com isso. É um esporte popular, não unânime. Órgãos governamentais como o Ministério da Mulher e Povoações Vulneráveis interviram e fizeram campanha para desestimular a prática em crianças.

 

Mulheres entraram nas lutas. Elas usam vestidos coloridos e máscaras de Halloween. Algumas vão de cara limpa.

 

Durante a pandemia de SARS-CoV-2 (Covid 19), como vários eventos populares, houve questionamentos quando se promoveu Takanakuy porque envolvia aglomerações. Em 2021, a polícia acabou com um Takanakuy de seiscentos participantes.

 

E MAIS TRADIÇÕES ANDINAS

 

Além do Takanakuy, no Peru, existem outros elementos da cultura dos povos andinos que têm história. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, conheça a bandeira Wiphala, dos povos originários da Bolívia:

 

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