A continuação do livro ‘Ainda Estou Aqui’: Marcelo Rubens Paiva reescreve a história familiar no contexto atual

Literatura

 

Marcelo Rubens Paiva vai lançar a continuação de “Ainda Estou Aqui”. O livro original, publicado em 2015, marcou a literatura brasileira ao abordar os horrores enfrentados por sua família durante a ditadura militar*, em especial a perda de seu pai, o político Rubens Paiva, desaparecido nos porões do regime. Agora, com o anúncio da sequência a ser lançada pela editora Companhia das Letras em 2025, Paiva promete revisitar sua trajetória familiar, conectando-a a novos episódios históricos e à turbulenta política contemporânea.

 

Capa do filme

[Capa do filme da série. Imagem: Alile Dara/Amazon/Divulgação | Reprodução]


 

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Enquanto a primeira obra mergulhou no regime militar, a continuação deve se concentrar no período mais recente, trazendo à tona a “era Bolsonaro” e seus efeitos sobre a família Paiva. Como Paiva afirmou em entrevista, seu novo livro vai narrar o sofrimento de sua família diante dos ataques diretos do ex-presidente, que chegou a ofender publicamente a memória de Rubens Paiva, associando-o, falsamente, à luta armada. Para o autor, esses eventos foram tão traumáticos quanto às perseguições sofridas no passado, gerando uma espécie de "repetição histórica", onde o autoritarismo e o desrespeito às liberdades civis continuam a assombrar seu núcleo familiar.

 

Ao mesclar a perseguição política de seu pai nos anos de chumbo com os recentes ataques às liberdades individuais e à democracia no Brasil contemporâneo, Paiva traça um paralelo assustador. A história parece repetir-se, e o que começou como uma busca incansável por justiça e memória na primeira obra, ganha novos contornos ao se tornar uma luta contra a desinformação e o revisionismo histórico promovido por grupos ultraconservadores.

 

O impacto emocional da narrativa de “Ainda Estou Aqui” foi tão forte que a obra serviu de base para o filme homônimo, dirigido por Walter Salles, e que vai representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2025, na categoria de Melhor Filme Internacional, conforme anunciou recentemente a Academia Brasileira de Cinema.

 

Salles, reconhecido mundialmente por seu talento em captar o íntimo das relações humanas em cenários de grande tensão política, promete trazer uma abordagem à história da família Paiva. No elenco, nomes consagrados como Selton Mello (no papel de Rubens Paiva) e as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro (interpretando Eunice Paiva em diferentes fases da vida) emprestam emoção a esse drama histórico.

 

A escolha de Salles para dirigir o longa-metragem não poderia ser mais adequada. Com filmes como “Central do Brasil” e “Diários de Motocicleta”, ele mostrou-se um mestre em contar histórias de resistência e humanidade em meio ao caos político. A parceria com Marcelo Rubens Paiva, portanto, tem tudo para transformar “Ainda Estou Aqui” em uma obra-prima cinematográfica, principalmente por sua capacidade de dialogar com os desafios atuais da democracia e dos direitos humanos.

 



ESSE É UM ARTIGO ESCRITO POR
JOÃO PAULO SILVA, em espaço para contribuição gentilmente cedido pelo Blog do Mestre. Nascido em Barueri/SP, é bacharel em Letras pela Universidade Estácio de Sá e atualmente pós-graduando em Revisão de Texto pela PUC Minas.

 

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