O que foi a Revolução dos padres de 1817?

 História

 

Ao longo do Brasil Colônia, várias revoltas surgiram com intuitos separatistas, republicanos ou questionamentos por insatisfação em relação às políticas do governo para dados setores. Uma delas foi a Revolução Pernambucana, de 1817, também conhecida como Revolução dos Padres.

 

Essa revolução tinha caráter republicano, questionando os gastos da família real portuguesa no Brasil, enquanto a região sofria com a crise do açúcar. Foi o último movimento separatista antes do Brasil Império.

 

Revolução dos Padres de 1817

[Bandeira pernambucana é um dos marcos que viriam a se tornar símbolo mais tarde. Imagem: Chumbo Gordo | Reprodução]


 

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POR QUE ACONTECEU A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA?

 

Havia uma crise socioeconômica no Nordeste há quase um século. O comércio do açúcar e do algodão brasileiro no mercado externo estava em declínio.

 

Além disso, a vinda da família Real e de todo um conjunto governamental da coroa fez com que esses custos fossem repassados à população na forma de impostos.

 

No século XVIII, os neerlandeses chegaram a serem expulsos do território pernambucano. Apesar disso, o tempo que passaram foi o suficiente para entenderem sobre o plantio e a colheita da cana-de-açúcar. Reproduziram o plantio nas Antilhas, tornando-se concorrentes.

 

Com essa concorrência, a pobreza cresceu na região. A produção de algodão se tornou uma alternativa, porém a pressão do aumento de impostos gerou novos revéses à população.

 

Os demais países latino-americanos se formaram e, quando independentes, já se tornaram repúblicas. Isso fez ecoar esse sentimento no Brasil, inclusive em Pernambuco. No regime republicano, a estrutura de governo seria mais enxuta e há autonomia entre unidades federativas (estados).

 

Além do campo econômico, no âmbito político, Dom João VI inseriu portugueses em cargos mais elevados nas províncias, o que foi visto como desprestígio pelas elites locais. Nesse período, e até depois da independência, num processo de nacionalização de costumes e forças, houve a disputa entre brasileiros natos e portugueses remanescentes.

 

LÍDERES

 

A Revolução Pernambucana teve mais de um líder. Quem encabeçou e movimentou tudo foram as seguintes pessoas: Domingos José Martins; José de Barros Lima; Cruz Cabugá e Padre João Ribeiro.

 

Como a maioria das revoltas separatistas, a repressão tinha de ser exemplar. Todos foram mortos e condenados em praça pública.

 

O capitão José de Barros Lima foi enforcado e teve partes do corpo cortadas e expostas em praça pública. Essa prática visava desestimular revoltas similares e reforçar o poder da coroa.

 

OS ACONTECIMENTOS DA REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA

 

Em 6 de março de 1817 teve início a Revolução. O militar português Manoel Joaquim Barbosa foi assassinado pelo capitão José de Barros Lima, em reação à voz de prisão por suposto envolvimento em conspiração contra o governo. Isso foi estopim para a rebelião que dominou Recife.

 

Caetano Pinto de Miranda Montenegro, então governador da Capitania, decidiu transferir o governo para o Forte do Brum. Mesmo assim, não teria como resistir à revolta e fugiu para o Rio de Janeiro.

 

Na ausência de Montenegro, os rebeldes instalaram um governo provisório. Havia a participação da elite local, militares, comerciantes e padres. Eles desejavam:

 

× A proclamação da República.

× Fim dos impostos cobrados por Dom João VI.

× Liberdade de imprensa.

× Liberdade de culto.

× Soldos maiores.

× Instituição dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

× Manutenção do trabalho escravo.

 

Como vemos, não era um movimento popular. A ideia de manter a escravidão ia contra outros princípios progressistas para a época e atendia às elites.

 

O governo provisório de Pernambuco foi apoiado nas capitanias de Rio Grande do Norte e Paraíba. Mesmo assim, foi ruindo por desavenças internas por conflitos de interesses dos diferentes grupos constituintes.

 

Cerca de três meses após o estouro da revolta, vinha o contragolpe. Dom João VI enviou tropas para confronto com os revoltosos, o que resultou, em 20 de maio de 1817, na rendição deles ao general Luís do Rego Barreto.

 

FERIADO EM PERNAMBUCO

 

Apesar de o movimento ter sido curto, com setenta e cinco dias, e não ter tido êxito nos seus objetivos, a data de 6 de março é feriado em Pernambuco. Tal marco se deve à importância histórica do movimento, em busca de mudanças. 

 

Não era mais desejado que houvesse tantos portugueses comandando o Brasil. Impostos abusivos sugavam o pouco que restava de economias em declínio.

 

APÓS A REVOLUÇÃO

 

Muito do que ocorreu no Brasil segue a linha do que houve após a Revolução Pernambucana. A unidade do território brasileiro contra ameaças externas e principalmente internas, na forma dessa revolução, ocorreu na base de potentes forças armadas dispostas a reprimirem os movimentos e punições exemplares aos líderes.

 

POR QUE REVOLUÇÃO DOS PADRES?

 

Esse nome foi dado porque os clérigos participaram na articulação do movimento. Tudo começaria dezessete anos antes, quando o Seminário de Olinda fora fundado pelo Bispo José Joaquim da Cunha Azeredo. Os sacerdotes desse seminário entraram em contato com o Iluminismo europeu e buscavam transformações de ordem social.

 

Durante o século XVIII, houve muitas teorias liberais surgindo. Portugal, nessa época, recebia influência de ideias iluministas. O Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho), primeiro-ministro português, promoveu uma grande reforma curricular na Universidade de Coimbra. Em sua administração, a Igreja Portuguesa passou por uma mudança de paradigmas.

 

No Brasil, essas mudanças também eram vistas no Seminário de Olinda. Dentro da Teologia da Ilustração, o ensino de sacerdotes incluía História Natural, Astronomia, Artes, Matemática, Geografia e Botânica. Nas paróquias do interior, com padres assim formados, capilarizavam-se as mudanças.

 

Em 1817, os padres do Seminário de Olinda viraram revoltosos também e atuaram na luta armada. Houve a participação de pelo menos setenta sacerdotes. Eles foram desde soldados até capitães de guerra.

 

ALGUNS PADRES DE DESTAQUE

 

Dentre todos esses padres, podemos destacar a atuação de alguns:

 

× Padre Miguelinho: o padre Miguel Joaquim de Almeida viajou para Lisboa a estudos e lá encontrou Azeredo Coutinho. Ao retornar ao Brasil, virou professor de Retórica do Seminário de Olinda, em 1800. Na repressão à Revolução, foi condenado e fuzilado em 12 de junho de 1817. Virou um dos mártires da revolução.

× Padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro: foi outro ícone do movimento. Presenciou a Revolução Francesa em 1789 e fez parte da Academia Real de Ciências de Lisboa. Ao chegar no Brasil, virou professor de desenho no Seminário de Olinda. Foi um dos cinco membros do governo provisório.

Dada sua vocação ao desenho, criou a bandeira da república, que depois virou a bandeira de Pernambuco. Ele se enforcou após a batalha do Engenho Trapiche, perto de Serinhaém, após a derrota das forças republicanas pelo exército monarquista da Bahia. Mesmo não tendo morrido pelas mãos do governo colonial, teve seu corpo exumado e a cabeça exposta por dois anos no centro de Recife.

 

A MAÇONARIA FEZ PARTE DISSO TUDO?

 

Curioso falar que padres da Revolução Pernambucana eram da Maçonaria. Há um mistério em torno das atividades dessa instituição, por ser uma sociedade secreta que perdura ao longo dos tempos. O funcionamento ocorria na ilegalidade, já que era proibida em Portugal e suas colônias.

 

A primeira loja maçônica brasileira foi fundada em Itambé, Zona da Mata Pernambucana, em 1796. O Areópago (espécie de tribunal) de Itambé foi idealizado pelo ex-frade carmelita Manuel Arruda Câmara. Esse foi o passo inicial rumo ao movimento libertário.

 

Manuel acabava de retornar do doutorado em Medicina em Montpellier (França). Ele tinha a ideia de fazer Pernambuco independente, sob o protetorado de Napoleão Bonaparte (acredite).

 

Em 1801, mais tarde, houve a Conspiração dos Suassuna, que contou com a participação da família Cavalcanti de Albuquerque, proprietária do Engenho Suaçuna, que daria nome ao movimento.  O grupo acabou sendo reprimido pelas autoridades da capitania. No ano seguinte, o Aerópago foi fechado, mas voltou a funcionar tempos depois no mesmo engenho, que serviu de palco para reuniões entre os revolucionários.

 

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