Metros lineares e o pleonasmo vicioso


Língua Portuguesa


Dentre as figuras de linguagem, o pleonasmo (principalmente o vicioso) é o que mais se destaca (para ver outras, acesse os links sugeridos): quem nunca notou uma pessoa subindo para cima ou freando para diminuir a velocidade?

https://www.oblogdomestre.com.br/2019/03/MetroLinear.PleonasmoVicioso.html
[Imagem: arielrobin/Pixabay]



Pleonasmo é a figura de linguagem em que se reforça uma ideia com outro nome, adjetivo ou expressão. Quando vicioso, deve ser evitado, pois transforma um texto em redundante, difícil de ler por ser cansativo. Vamos dar exemplos:

- Via seu reflexo sob a Lua brilhante.
- Comprou alguns sacos de arroz.
- Pegou uma folha verde de goiabeira.
- Com voz baixa, murmurou-lhe segredos.
- Trancou-se com a chave que fizera escondida.
- Viajou o caminho todo em uma rodovia pavimentada, pegando estrada de chão só ao chegar no sítio.
- Resvalou na escada e se machucou nos degraus.
- Comprou um novo celular com chip.
- Mais esse elo de ligação foi feito.
- Passou pelo pedágio e pagou a tarifa.
- Entrou no ônibus urbano e girou a catraca.
- Todo o apoio e suporte ao cliente consumidor.

E, dentre os exemplos que se pode dar de pleonasmo vicioso é o do "metro linear". Ele acontece tanto para pessoas que fizeram até o ensino médio, como para pessoas no ensino superior. Metro é uma unidade de comprimento, portanto, é usado para medir distâncias entre dois pontos quaisquer, seguindo uma reta ou arestas de um sólido geométrico.

No caso popular, qualquer medida se torna metro. Um vendedor de lenha cobra cento e cinquenta reais pelo "metro" ou um assentador de revestimento cerâmico, vinte reais pelo "metro" pronto. Observe que o vendedor vende algo em volume, ou seja, em metro cúbico, e o assentador um serviço por área, portanto, por metro quadrado.

Nos cursos universitários e de pós-graduação, em quadros ou tabelas de relatórios de pesquisa, há estudantes que vem a usar a fatídica expressão. E pior, ainda a abreviam por ml (que seria uma unidade de volume, não de comprimento) ou invés do correto [m].

Em ambos os casos, há ou um apego pelo caminho mais curto de truncar as expressões de área e volume, o que leva a gerar um pleonasmo vicioso (quase uma aberração) para a unidade de comprimento. E não se pode dizer que a falha é do sistema educacional, pois desde o ensino fundamental já se apresentam as medidas de área, volume, massa e outras, com suas bases.

Luiz Fernando Mirault Pinto, em seu artigo “Metro linear – unidade de medida ou vício de linguagem” discorre a respeito dessa estranha unidade que se criou, que é um erro de português e de Física. Nele, apresenta-se casos práticos de uso de uma dimensão que se sobrepõe às demais (o que claramente poderia ser chamado “metro”), ou o único caso em que se consagrou a forma em pleonasmo, que seria uma medida equivalente a documentos presentes em um arquivo (da ciência da Arquivologia).

Se “metro linear” é formalmente aceito para conjuntos de documentos, não deixa de ser algo estranho e difícil de defender... e para quem pensar que discutir uma unidade que se entende é besteira, o fato é o seguinte: é necessária a padronização de linguagem para todos conseguirem transmitir ideias, o que fez o metro ser apenas metro e seu símbolo apenas [m].

Você conhece outro exemplo de pleonasmo, gritante ou não? Deixe nos comentários!


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