Variedades
Em todo lugar, para exercer qualquer
atividade, ou pelo menos garantir do direito para tanto, é necessário passar
por alguns procedimentos legais. O termo burocracia surgiu como sendo a
estrutura do estado, responsável por tais procedimentos. Como o conjunto de
normas e procedimentos, principalmente em nosso país, é muito grande, gera-se
lentidão e a associação do termo “burocracia” a fatores negativos.
Para fazer algo no Brasil, é preciso esperar
muito e pagar bastantes taxas. Parte dos procedimentos burocráticos garante a
redução de fraudes, condições de saúde e segurança, mas outros acabam
mascarando tentativas de arrecadação, o que deixa o cidadão inconformado, inibe
iniciativas empreendedoras, dentre outras consequências.
![]() |
[Imagem: ig] |
Neste post, vamos mencionar apenas dois
exemplos de regulamentos, um já aprovado e outro que começou a ser discutido no
mês passado. Começando pelo já consolidado, vamos falar do registro e
transferência de veículos. A propriedade de um veículo é dada pelo CRV
(Certificado de Registro de Veículo). Através de dados como as placas e o RENAVAM,
é possível consultar dados de qualquer veículo nos sites dos Detrans.
Entretanto, caso algum vendedor possa ter rasgado seu documento (pois o CRV é
dobrado e dobras fragilizam papéis), mas as duas partes tenham informações que
conferem, ainda assim é necessária a emissão de nova via do documento.
Detalhe: essa nova via será entregue em até
10 dias, após pagamento de taxa pela expedição do documento e nova vistoria
veicular. Assim, se um cidadão busca vender seu veículo, irá emitir um pedaço
de papel para usá-lo por dois ou três dias, até que o comprador possa pagar
todos os custos de transferência e, pasme, fazer nova vistoria veicular e
emitir seu próprio CRV.
A demora gerada por todos estes
procedimentos pode fazer com que pessoas desistam de negociar, ou ainda
recorram a terceiros (parentes, despachantes, etc.) para atuar na troca de
titularidade. Ocorrem impactos de outra natureza como o desperdício de papel, deslocamentos
(combustível e tempo) e duplicidade de procedimentos.
Mais recente é a ideia de fazer habilitações
exclusivas para direção em veículos automáticos. Seguindo o exemplo de outros
países, haveria um modelo de habilitação onde o condutor escolheria fazer aulas
práticas e seu exame usando um veículo automático. Há sentido em pensar em
veículos com câmbio manual e automático como universos diferentes, pois a
utilização muda por completo. Mas a carteira exclusiva não aparenta ser a
melhor opção.
Parte da culpa das dificuldades (de quem as
têm) no uso de veículos com câmbios manuais ocorre na sincronia entre trocas de
marchas e as condições de direção (velocidade e terreno). Outra parte ocorre no
design de alavancas de câmbio. Cada uma apresenta um posicionamento distinto de
marchas – a marcha ré é a mais polêmica de todas, estando um estágio antes da
primeira marcha, ou ainda após a última marcha no sentido frontal. Ainda
existem aqueles veículos que exigem apertar a alavanca de câmbio para acionar a
marcha ré. É preciso ter um pouco de treinamento para conseguir “enxergar” as posições
imaginárias para cada marcha.
Um veículo automático, por sua vez, traz
mais comodidade ao dirigir, por tirar um elemento mais complexo dentro do ato
da condução, liberando o motorista para o cuidado com piscas, faróis, pedestres
e outros fatores no entorno. Possui posições especiais como a de estacionamento
(P), obrigatória para estacionar na rua ou na garagem, com freio de
estacionamento/mão acionado; dirigir (D) e esportiva (S). Alguns veículos
automáticos apresentam alavanca com botão, enquanto outros possuem estágios em
circuito não linear, exigindo apenas o uso do freio.
A nova proposta supõe que quem aprende a
dirigir com câmbio manual está plenamente apto a dirigir com automático, sem
ser válida a recíproca. É fato que câmbios manuais possuem maior grau de
complexidade, mas será que realmente faz sentido dizer que, com os cursos
práticos das autoescolas, estamos formando motoristas plenamente capacitados ao
uso do automático. A resposta “Não” parece soar forte.
Com um modelo de habilitação em separado,
novamente estamos burocratizando o processo de direção. Há uma grande gama de
veículos diferentes, e um curso não poderia abranger todos. Mas é inevitável
pensar em modernizar o ensino de condutores, pois os veículos automáticos
tendem a dominar o mercado mundial.
Um condutor que dirige apenas em veículos com
câmbio manual tenderá a querer sair de um automático na posição errada, o que
não liberará as chaves. Também poderá tender a querer usar a posição Neutro (N)
com o veículo desligado (o que estraga a caixa de câmbio, por não estar lubrificada).
Ou ainda, em meio ao trânsito, pode pisar no freio na falta de uma embreagem.
Erros assim também podem levar a problemas, como ocorre com quem não é
plenamente apto às trocas de marchas manuais.
Dentre as várias discussões sobre esse tema,
inclusive nas fervorosas redes sociais, surgiu uma interessante ideia a
respeito do tema. Conhecendo a natureza dos dois tipos de câmbio, seria adequado
utilizar os dois tipos de veículos no ensino. Poder-se-ia iniciar com um
veículo automático, onde o aluno fixaria nas condições de direção e regras de
trânsito. Após, poderia ser utilizado um modelo similar, porém com câmbio
manual, fixando a utilização do mesmo em paralelo ao restante dos itens a serem
observados ao dirigir.
De uma ideia assim poderiam surgir
motoristas mais aptos a enfrentar a variedade de veículos existentes, sem criar
novos motoristas com habilitações “limitadas” e gerar novos processos burocráticos.
É preciso pensar em novas situações, evoluir nos procedimentos adotados pelos
órgãos de estado, bem como eliminar processos que nada agreguem e gerem desperdícios
de tempo e de dinheiro. Foram apresentados apenas dois exemplos, mas quantos
outros ainda existem...
□
GOSTU DESTA POSTAGEM ☺? USANDO A BARRA DE BOTÕES, COMPARTILHE COM SEUS AMIGOS 😉!
0 Comentários
Seu comentário será publicado em breve e sua dúvida ou sugestão vista pelo Mestre Blogueiro. Caso queira comentar usando o Facebook, basta usar a caixa logo abaixo desta. Não aceitamos comentários com links. Muito obrigado!
NÃO ESQUEÇA DE SEGUIR O BLOG DO MESTRE NAS REDES SOCIAIS (PELO MENU ≡ OU PELA BARRA LATERAL - OU INFERIOR NO MOBILE) E ACOMPANHE AS NOVIDADES!