Variedades
Diante das últimas crises de abastecimento
sofridas pelo Sudeste Brasileiro, novamente as atenções se voltaram para as
formas possíveis de prover abastecimento contínuo para as cidades, indústrias e
a produção agrícola. Os reservatórios atualmente existentes nesta região do
Brasil possuíam volume útil capaz de atender às condições mais severas, as
quais são tomadas para o mês mais seco que se tinha registro até então, mas, os
dois últimos ciclos críticos ocorreram nestes últimos anos, o que exigirá ou
uma mudança com readequação nos volumes úteis dos reservatórios, ou a obtenção
de novas fontes de abastecimento, como o uso de águas oceânicas dessalinizadas
(processo atualmente caro) ou águas subterrâneas. Este desafio pode vir a
ocorrer para outros locais também, e a opção por águas subterrâneas possui suas
vantagens e seus problemas característicos, dos quais falaremos a seguir.
[Imagem: Conágua] |
Os
maiores volumes de água doce do planeta se encontram armazenados na forma
subterrânea. Parte destas águas se encontra com possibilidade de aproveitamento
com a necessidade de bombeamento apenas, enquanto outra parte se encontra em
formações geológicas complexas, que não permitem utilização por conta de não
haver tecnologia disponível para tanto.
Para
aplicações industriais, o custo final de obtenção de águas subterrâneas é
menor, pois indústrias (pelo menos de alguns gêneros) possuem estações de
tratamento próprias, dada a necessidade de qualidade da água usada ser maior do
que nas aplicações residenciais, e as águas subterrâneas sempre exigirem algum
tratamento.
Dentre
as principais características das águas subterrâneas, estão:
-
Baixa velocidade de escoamento - por isso, a recarga pode não acompanhar a demanda;
-
Não influência por variações sazonais de pluviosidade e alguma influência nos
escoamentos de rios, pois parte das águas subterrâneas afloram como vazões de
base dos rios, abastecendo-os em tempos secos;
-
Maior proteção contra efeitos de evaporação, que representam grandes perdas em
reservatórios de superfície, e contra a poluição, que tanto afeta rios, lagos e
oceanos ao redor do mundo;
-
Maior dificuldade de descontaminação, justamente pela baixa velocidade de escoamento;
-
É preciso ter um alto controle quanto à contaminação, que ocorre de maneira
lenta. Esse controle começa na região não-saturada do solo, de onde são
carregados poluentes junto com as águas que infiltram.
[Imagem: Namu] |
Ao
falar de águas subterrâneas, é preciso diferenciar poços freáticos e
artesianos. Os poços freáticos são aqueles onde a água é retirada diretamente
dos lençóis freáticos, não estando confinada por alguma camada rochosa em sua
superfície acima e pela rocha impermeável abaixo, sendo os mais comuns. Quando
se trata de água confinada (sob pressão, entre rochas), temos poços artesianos,
que podem ser jorrantes (quando o nível do terreno onde se perfurou o poço é
mais baixo do que o nível do lençol artesiano) ou não jorrantes (água
confinada, mas com nível do poço acima do nível do lençol artesiano). É comum
chamar qualquer poço perfurado de artesiano, mas suas características são bem
distintas.
As
águas subterrâneas têm potencial enorme para usos locais e pode ser uma fonte
quase inesgotável de abastecimento, mas, como qualquer recurso natural, seu uso
exige critério, respeitando-se as condições naturais de reabastecimento e
também o controle para não haver contaminação. Atualmente, não são tão
utilizadas quanto as águas superficiais apenas por questões de histórico recente
de uso, quadro que deve mudar ao longo dos próximos anos. Mas vale ressaltar:
nenhuma fonte de obtenção de água será totalmente utilizada em detrimento da
outra, assim como virá a acontecer com fontes de energia, onde há complementação
no abastecimento.
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