A evolução de Darwin

 Ciência & Saúde

 

Charles Darwin não apenas foi um grande nome no tema da evolução das espécies, como ele mesmo foi evoluindo com o passar dos anos, ao entender mais e mais sobre como tudo isso acontece. Estudos, viagens e observações em campo fizeram parte da vida de Darwin.

 

Quer saber mais sobre essa trajetória? Evolua pelos próximos parágrafos.

 

Lamarck e Darwin divergiram sobre os porquês da evolução

[Girafas são o clássico exemplo para explicar a evolução. Imagem: Francesco Ungaro / Pexels | Reprodução]


 

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OS CAMINHOS DE DARWIN O LEVARAM A OBSERVAR

 

Darwin nasceu na cidade de Shrewsbury, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809. Na infância, nada o destacava dos demais, como vemos em biografias de grandes cientistas. 

 

Tamanha a falta de destaque que seu pai se preocupava. Ele temia que o filho só servisse para caçar ratos e besouros, o que impediria a prosperidade do futuro da família.

 

Mais tarde, na adolescência, Darwin aprenderia mais sobre os animais ao observá-los para a caça. De exímio caçador, ele perdeu rapidamente o gosto pelo sacrifício dos animais e passou a gostar mais apenas de observar.

 

O pai e avô de Charles eram médicos. Ele chegou a estudar na Universidade de Edimburgo, mas foi só fazer uma cirurgia numa pessoa que não teve anestesia, que mudou de ideia de vez quanto a seguir os passos dos ascendentes.

 

Como a família era abastada, isso garantiria sua sobrevivência. Ele não teve de trabalhar para subsistência, mas ao mesmo tempo não teve uma vida ociosa.

 

O CRUZAMENTO COM A IGREJA

 

Já que talento para a Medicina ali não havia, o pai de Darwin sugeriu que ele fosse para a Igreja Anglicana. Lá, ele começou a se sentir incomodado com alguns dogmas, como:

 

× A Terra teria sido criada às 9:00 do dia 23 de outubro de 4.004 a.C., data definida pelo consenso entre o estudioso da religião hebraica John Lightfoot e James Ussher, Arcebispo de Armagh, no final do século XVII.

× Todas as espécies surgiram em seis dias de criação, sem quaisquer mudanças.

 

Além disso, fósseis seriam animais sem tempo de chegar à Arca de Noé. O meme do unicórnio estava sendo criado desde aquela época...

 

A Geologia e outras ciências se desenvolveram no sentido de pensar mais na evolução. Antes de Darwin, em 1809, o francês Jean-Baptiste de Lamarck havia lançado uma teoria da evolução, mas nela as espécies adquiriam características evolutivas ao longo da vida dos seres e transmitiam, como girafas que esticavam seus pescoços e geravam descendentes mais pescoçudas.

 

A VIAGEM DOS CINCO ANOS

 

Estimulado pelo professor J.S. Henslow, Darwin embarcou numa missão inglesa para mapear locais menos conhecidos pela Marinha Britânica. Essa missão era conduzida pelo capitão Fitzroy, que pelas regras militares, não podia conversar com subordinados fora do trabalho.

 

Nesse contexto, para Fitzroy não almoçar sozinho, Darwin seria sua companhia, ainda mais que era um sujeito muito educado. Além disso, ganharia a oportunidade da viagem e dos aprendizados. Era nisso que seu professor apostava, já que mesmo não sendo brilhante, era dedicado.

 

Claro que não era tarefa simples porque o gênio dele e do capitão eram diferentes. Fitzroy era conservador (torie) e Darwin liberal (whig).

 

O roteiro iniciou dois dias depois do natal de 1831. Foram inclusos: extremo sul da América do Sul, Galápagos, Austrália, litoral Sul da África, Brasil (Bahia) e depois na Inglaterra.

 

A cada parada, Darwin recolhia muito material, como amostras e fósseis, origem animal ou vegetal. Ele não acumulava tudo para levar à Inglaterra no final, mas despachava cada remessa localmente. Durante a viagem, redigiu um diário.

 

ESTADIA EM GALÁPAGOS

 

Em 1835, Darwin estava em Galápagos, litoral do Equador, no Oceano Pacífico. Lá, passou quatro semanas e viu muitos animais curiosos, uma experiência riquíssima.

 

O governador Nicholas Lawson, naquela oportunidade, falou que reconhecia cada tartaruga pela ilha de origem. Darwin o questionou se cada ilha gerava uma tartaruga diferente. A resposta foi que era o que seus olhos viam, na forma de carapaças, gomos e cores diferentes, ou seja, era observação, mas sem uma teoria formada.

 

Ao longo da viagem, Darwin colecionara espécies animais e vegetais. Em Galápagos, além do que o governador havia relatado, ele mesmo percebeu que os tentilhões, pequenos pássaros comuns por lá, tinham bicos maiores ou menores, conforme a ilha de origem. 

 

A partir dessas observações, começaria a teoria da evolução das espécies por seleção natural. Claro que foi necessário esquematizar e estruturar o conhecimento a uma forma cientificamente adequada.

 

DARWIN VERSUS O DOGMA DA CRIAÇÃO SEPARADA

 

Anos após, já com sua teoria consolidada, Darwin escreveria:

 

"Tenho dois objetivos distintos em vista: primeiro, mostrar que as espécies não têm sido criadas separadamente; e, segundo, que a seleção natural tem sido o agente principal das mudanças (...). Se eu estiver enganado (...), se houver exagerado no poder da seleção natural (...), terei, pelo menos, prestado um bom serviço ajudando a derrubar o dogma da criação separada".

 

Seu discurso era moderado, de um inglês interiorano que não buscava ser um revolucionário. Ele tinha ideias liberais e, como mencionamos, virou colecionador de besouros e, mais tarde, de outras espécies.

 

O RETORNO E OS LIVROS

 

Em 2 de outubro de 1836, Darwin desembarcaria novamente em solo britânico. Depois de tamanha viagem, ele precisou organizar e catalogar tudo o que havia coletado nesses anos de viagem. Precisou, também, retomar a vida de casado com Ema, sua esposa, com quem teria dez filhos.

 

Num determinado dia, ele resolveu ler sobre o que Thomas Malthus (1766-1834) falava sobre progressão geométrica do crescimento populacional. Foi então que lhe veio a ideia de que a evolução não era como Lamarck pensava, mas que o impedimento a umas populações prosperarem (não necessariamente a guerra) partiria de algumas características suas, como as girafas de pescoço mais comprido, que sobreviviam e procriavam. Só mais tarde que se explicaria o aspecto genético, mas Darwin chegava à resposta mais correta sobre a evolução.

 

Primeiramente, Darwin publicaria "A trasmutação das espécies", falando sobre o que vira, mas sem arriscar motivos.  Um naturalista (estudioso de botânica e animais) inglês, Alfred Russell Walace, relatou o que vira numa expedição à ilha de Ternate, Indonésia, teria tido observações e conclusões similares às de Charles Darwin. 

 

Com isso, o livro mais forte de Darwin teve coautor, quase vinte anos após a expedição com a tripulação de Fitzroy. "Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural", é a obra-prima de Darwin, que chegou às livrarias em 24 de novembro de 1859. Todos os mil, duzentos e cinquenta e quatro exemplares de quinhentas e duas páginas foram vendidos naquele mesmo dia. Cabe ressaltar que em nenhuma parte do livro Darwin falou em "evolução", com esse nome explícito.

 

REPERCUSSÃO DO LIVRO

 

Discussões acaloradas com pessoas a favor e contra aconteceram. De opositores notáveis: seu antigo companheiro Richard Owen, o bispo de Oxford, Samuel Wiberforce e o escritor Edmund Gosse. A favor, Charles Lyel, Joseph Hooker e Thomas Henry Huxley, considerado naqueles tempos como o melhor geólogo, botânico e zoólogo da Inglaterra. 

 

Houve momentos, inclusive, que Darwin nem estava no local e Thomas Huxley esteve defendendo as ideias do outro pesquisador. Um episódio famoso foi o debate travado com o bispo Wilberforce, em 1860, quando havia setecentos estudantes no auditório da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência, em Oxford.

 

SEPULTAMENTO NA ABADIA DE WESTMINSTER

 

A saúde de Charles Darwin, principalmente após a viagem de cinco anos, era frágil. Ele chegou a estar no Brasil, não gostou muito do que viu quanto à escravidão, e suspeita-se que por nossas terras, contraiu doença de Chagas.

 

Em 19 de abril de 1882, aos setenta e três anos e mesmo com a campanha contrária da igreja, foi sepultado na abadia de Westminster. Lá também estava sepultado Isaac Newton, e um dos filhos de Darwin chegou a falar, depois do enterro, que eles teriam ótimas conversas na eternidade de viverem ali.

 

DE DARWIN PARA MALTHUS

 

As ideias de Thomas Malthus, como vimos, inspiraram o desenvolvimento das ideias sobre evolução de Darwin. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, descubra que ideias são essas:

 

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