A ideia do grande prédio "The Line"

 Curiosidades

 

Quando alguém ouve a estória bíblica da Torre de Babel pode pensar: como alguém pode ter a ideia de concentrar tanta gente num lugar só?! Apesar de parecer estranho, isso pode se tornar real na Arábia Saudita.

 

Nesse país, um ousado projeto quer gerar um prédio com 170 km de extensão e 500 m de altura, uma gigantesca cidade linear cruza os desertos da província de Tabuk, Arábia Saudita, até o Mar Vermelho. The Line promete ser a mais sustentável e avançada cidade do mundo, com nove milhões de habitantes.

 

[Projeção da The Line. Imagem: NEOM | Reprodução]

 

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SUSTENTÁVEL OU PURA MODA?

 

Alguns pontos são sensíveis ao se falar em cidade sustentável, pois as cidades em si geram impactos - principalmente dizendo que seria livre da emissão de poluentes - algo utópico. É um projeto ousado, e bastante caro.

 

O nome em inglês "The Line" ou "A linha" se inspira no formato da cidade, um grande prédio linear de vidros espelhados. Não haverá carros, e a travessia pela cidade ocorrerá por trens operados por Inteligência Artificial, durando 20 min.

 

A energia utilizada será de fontes renováveis. Águas cinzas e negras passarão por tratamento e reuso, e haverá tecnologias compatíveis às cidades inteligentes. Em contraponto, existem impactos sociais e ambientais que pesam negativamente na sustentabilidade da The Line.

 

Não se fala a respeito de possíveis impactos das paredes espelhadas externas no ecossistema do deserto - como em aves migratórias. Também não se menciona sobre a organização interna (de forma mais precisa) e o transporte vertical, pois são muitos pavimentos de altura.

 

No interior haverá edifícios diversos, parques, escolas e espaços de trabalho - afinal é uma cidade. Estima-se a área de 34 km².

 

ENTENDENDO TODO ESSE TAMANHO

 

Falamos de algo muito grande, mas quanto? Podemos ter essa ideia fazendo algumas comparações além das medidas conhecidas.

 

× The Line terá 500 m de altura. O Empire State, edifício de New York, tem 450 m de altura, sendo pouco menor, e o Burj Khalifa, com 828 m, sendo 328 m mais alto.

× Em termos de extensão, se começasse no centro de São Paulo, capital, iria até a cidade de Guaratinguetá, interior do estado. Se fosse na zona sul do Rio de Janeiro, capital, ultrapassaria Juiz de Fora, Minas Gerais. Daria quase todo o litoral pernambucano, que possui 187 km de extensão.

× São 100 m de largura, apenas, entre as faces espelhadas externas. Isso representa, em geral, a largura de três a quatro lotes comerciais de 25 a 30 m de frente.

 

Apesar de parecer algo claustrofóbico, estima-se 1.000 m³ de volume de cidade por morador. Se for estimar a média de 96 m² de área nos apartamentos de São Paulo (dados da Abrainc), a pessoa teria cerca de 290 m³. Cabe salientar, porém, não se ter o dado de volume por pessoa em áreas públicas de SP, o que impede comparar esse grandioso número separadamente, sem ressalvas.

 

O CUSTO

 

A ideia do The Line data de janeiro de 2021. Lá, estimava-se um custo de USD 200.000.000.000 (duzentos bilhões de dólares). Como toda obra, o passar do tempo e projetos mais precisos levam a melhores estimativas de custo em orçamentos. Agora, fala-se em algo acima de USD 1.000.000.000.000 (um trilhão de dólares).

 

O PROJETO NEOM

 

A cidade The Line não é um projeto por si só, mas faz parte de um projeto saudita de maior proporção, o NEOM. Ele será um complexo futurista no noroeste saudita pensado para conclusão até 2030.

 

Pretende-se criar um novo clube de futebol - Neom Football Club. Esse clube parte da ideia de tornar a Arábia Saudita protagonista no futebol mundial.

 

Além da cidade e do clube, pretende-se fazer o porto flutuante Oxagon, o destino montanhoso Trojena e a ilha de luxo Sindalah. O financiamento para tudo isso seria do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), altamente capitalizado.

 

O uso do recurso do PIF foi aprovado por Mohammed bin Salman bin Abdulaziz, príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita. Como é uma monarquia absolutista, com chefia centrada no príncipe herdeiro, o NEOM não é um projeto de visão popular.

 

A EXECUÇÃO

 

Estima-se a conclusão da The Line até 2030, sendo que até lá algumas perguntas devem ser respondidas (ou não):

 

× Estrutura das comunidades.

× Quais as composições familiares.

× Planos de governança.

× Quais serão os direitos individuais (propriedade, serviços públicos, envolvimento cívico, etc.).

× Possibilidades de crença religiosa.

 

São respostas mais precisas à "experiência humana no centro" e "Leis progressistas" faladas na documentação do projeto. O marketing cita ainda a sustentabilidade ambiental, tecnologia e inovação, luxo, estilo de vida profissional e localização estratégicas.

 

Falar em sustentabilidade é ponto sensível. A Arábia Saudita emite muitos poluentes na sua atividade petrolífera e, apesar de se ter a proposta "sustentável", a fonte de recursos não o é.

 

Outro aspecto que gera dúvida é se a construção realmente será entregue em 2030, sem um início de obra nem previsão. Existem recursos, mas construção demanda outros fatores como fornecimento de material, equipes, prazos técnicos de ganho de resistência, etc. Além disso, será preciso atrair moradores, justificando o espaço ser criado.

 

No caso do Neom Football Club, a intenção não é de construção imediata ou junto com o resto do The Line. Pretende-se ir adicionando arenas conforme necessidade, até 2045, de acordo com Giles Pendleton, diretor executivo do projeto.

 

MASDAR CITY E OUTRA PROPOSTA DE CIDADE SUSTENTÁVEL

 

The Line não foi a primeira proposta de cidade sustentável, inteligente e todos os adjetivos. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, você relembra quando falamos sobre ela:

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👉 Masdar city e a proposta de cidade sustentável

 

 

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