Ciência & Saúde
O cérebro pode parecer, visto nos desenhos dos livros ou na internet, como uma única e grande massa cinzenta. Apesar dessa cara, suas áreas mais desenvolvidas para um ou outro tipo de raciocínio e a ligação entre elas foram sendo estudadas ao longo do tempo.
Vamos falar sobre isso e sobre casos estudados pela Neurociência. Fique aqui e aprenda mais.
[Será que o cérebro é tão setorizado quanto a figura? Imagem: meo / Pexels] |
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A TEORIA DO CÉREBRO TRINO
O médico neurocientista estadunidense Paul D. MacLean desenvolveu a teoria do cérebro trino em 1952. Ela é considerada desatualizada, mas foi um passo importante no desenvolvimento da neurociência.
Segundo essa teoria, os cérebros dos seres humanos e dos primatas possuem três regiões diferentes. Paul MacLean aponta também que o desenvolvimento dessas regiões ocorre em momentos distintos:
× A região mais primitiva, ainda no útero.
× A região emocional, nos seis primeiros meses.
× O córtex pré-frontal, depois.
Essas regiões recebem o nome de cérebro reptiliano ou paleomamífero, cérebro límbico e neocórtex ou cérebro neomamífero. Há estudos mais recentes que apontam outras divisões ou a relação entre regiões.
Reptiliano
O cérebro reptiliano, região mais antiga, fica no tronco cerebral, acima da medula espinhal no início do crânio. Ele se desenvolve ainda no útero da mãe e oferece o que o recém-nascido precisa para sobreviver.
Os itens de sobrevivência incluem a capacidade de respirar, comer, acordar, dormir, chorar, urinar, defecar e muitas outras. É uma região instintiva.
O nome reptiliano é questionado por levar à associação aos répteis. Esse nome pode cair em desuso.
Límbico
A região do cérebro límbico ou emocional está localizada no centro do Sistema Nervoso Central (SNC). Seu desenvolvimento ocorre logo após o nascimento e segue em função de fatores genéticos, experiência e temperamento inato da pessoa.
A região límbica gerencia as emoções como alegria, raiva, tristeza e medo. Em situações traumáticas, por mais que nada fique em outras regiões do cérebro, permanece o registro na região límbica e podem surgir efeitos como atividade cerebral mais intensa na região e maior ritmo cardíaco.
Neocórtex
O neocórtex é a parte racional do cérebro, e que nos diferencia dos outros animais. Ele é localizado no córtex pré-frontal e ocupa cerca de 30 % de todo o cérebro.
No neocórtex ocorrem os planejamentos, a noção de tempo, a compreensão de contexto, memória de curto prazo, interação familiar e social, empatia e bom senso. Cabe tudo o que é muito racional e mais complexo. De certo modo, essa região chega a inibir a límbica, fazendo com que as pessoas com experiência traumática falem muito do ambiente externo e não falem facilmente de seu interior, seus sentimentos.
O neocórtex se dedica ao mundo exterior e isso faz com que regule nosso comportamento social, buscando atitudes aceitáveis e inibindo impulsos. O ser humano, como animal, possui fome, vontade de fazer sexo, momentos de tristeza e outras situações, mas o neocórtex o direciona a lidar adequadamente com isso.
A LIGAÇÃO ENTRE AS PARTES
Mais do que a ideia de regiões altamente especializadas, como no cérebro trino, a Neurociência entende o cérebro como uno, com estímulos sendo trocados entre as regiões reptiliana, límbica e neocórtex, e com essa comunicação, o cérebro se torna um só.
Entender que as partes do cérebro agem em conjunto demonstra que o ser humano não é totalmente racional, nem no trabalho, nem a fazer compras e outras tarefas. Também é um indicativo que pessoas com problemas pessoais também terão problemas no trabalho, por mais profissionais que sejam, sendo necessário atentar à saúde mental e a hábitos saudáveis.
A HISTÓRIA DE PHINEAS GAGE E A PLASTICIDADE CEREBRAL
A história de Phineas Gage é um clássico na Neurociência, citada para entendermos essas ideias de cérebro uno e trino. Em 1848, Phineas foi vítima de um acidente de trabalho.
Ele era um operário ferroviário e, no acidente, o crânio foi perfurado por uma barra de ferro. Isso provocou danos ao lobo frontal e, por conseguinte, as mudanças de personalidade dele foram atribuídas a lesões nessa região, mais especificamente a frontal esquerda.
Essas mudanças de personalidade o deixaram irritadiço, grosseiro e indisciplinado. Muitos descreveram, à época, que não era o mesmo homem.
As alterações não foram imediatas no comportamento de Phineas. Apesar disso, ele teve uma inflamação perilesão e uma grande infecção, que foram mais sérias do que se acontecessem hoje por não haver antibióticos para o tratamento.
Entretanto, segundo informações da Fiocruz, não teriam sido alterações permanentes. Há um lapso de quinze a vinte anos nos documentos existentes e inflamações e infecções mudam a atividade elétrica cerebral.
Phineas Gage viajou a outros países se apresentando. Quando morou no Chile, não era mais visto como uma pessoa grosseira, pelo contrário, era visto como educado, sensível e responsável. Chegou a ser examinado por um médico chileno, que relatou essa personalidade.
Ele passou a trabalhar como cocheiro. Os cavalos são animais sensíveis, e ele conseguia direcioná-los bem ao trabalhar com as pessoas em charretes.
O que pesquisadores da Fiocruz acreditam é que realmente houve um retorno à personalidade anterior por Phineas Gage. A compensação cerebral em pacientes com lesão frontal unilaral acontece se não são demandadas várias tarefas ao mesmo tempo.
Não existe certeza absoluta quanto a Gage, mas estudos posteriores ao caso dele apontam essa possibilidade de plasticidade cerebral. O cérebro de Phineas não teve autópsia, e o crânio perfurado e a barra de ferro estão em uma universidade estadunidense.
Confira mais nesse documentário:
[Vídeo postado por usuário do Youtube]
O CASO BRASILEIRO ESTUDADO NA FIOCRUZ
Em 2012, cento e sessenta e quatro anos depois do caso Phineas Gage, um brasileiro de vinte e quatro anos de idade teve uma lesão no cérebro: um vergalhão caiu do quinto andar e perfurou o lado direito do crânio e o lobo frontal.
Pesquisadores da Fiocruz, UFRJ e outras instituições internacionais passaram a pesquisar o caso desse trabalhador após o acidente, sob o ponto de vista da neurociência. A pesquisa foi publicada em artigo na revista The Lancet Regional Health – Americas, intitulado E.L., a modern-day Phineas Gage: Revisiting frontal lobe injury, fruto de uma tese de doutorado.
Houve perda de massa cerebral, mas o estudo do caso teve muito mais recursos médicos para sua análise do que na época de Phineas Gage. Assim, os pesquisadores puderam ver melhor a extensão das lesões e as consequências. Houve consequências físicas, há alguns medicamentos necessários para evitar convulsões, e esse trabalhador brasileiro pode retomar sua vida, mas não como operário de construção.
PENSANDO EM SOLUÇÕES INOVADORAS PARA PROBLEMAS NEUROLÓGICOS
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