O sesquicentenário de Santos Dumont

 Biografias

 

O nascimento de Alberto Santos Dumont foi em 1873. Em 2023, já se passaram cento e cinquenta anos, marco também chamado de sesquicentenário.

 

Ao longo deste post, vamos entender um pouco mais sobre o que fez Santos Dumont ao longo da vida. Saberemos, também, os porquês de seus feitos serem tão geniais.

 

[Uma réplica do 14-Bis que está em exposição. Imagem: Força Aérea Brasileira | Reprodução]

 

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O COMEÇO DE TUDO

 

Alberto Santos Dumont nasceu em 20 de julho de 1873, sítio Cabangu. Em 1890, esse sítio passaria a pertencer ao território do então município de Palmyra, Minas Gerais.

 

A mãe dele era Francisca Santos Dumont. Ela pertencia a uma tradicional família portuguesa, que veio ao Brasil na comitiva de Dom João VI, em 1808.

 

O pai de Santos Dumont, por sua vez, é Henrique Dumont, de ascendência francesa. Ele era Engenheiro Civil, e depois viria a atuar como cafeicultor em Ribeirão Preto (SP).

 

Henrique Dumont fez questão que os irmãos de Santos Dumont se formassem em Engenharia. Com Santos Dumont, foi diferente. Havia várias máquinas na fazenda Arindiúva e Santos Dumont era fascinado com elas. Vendo isso, seu pai direcionou os estudos do moço em Física (Mecânica, Eletromagnetismo...), Química e outros temas afins.

 

Aos quinze anos, Santos Dumont teve uma visão e isso lhe despertou o sonho de voar. Essa visão foi de balões livres pelos ares de São Paulo. 

 

Balões fazem ascensão sem qualquer tipo de dirigibilidade. A característica da dirigibilidade se refere ao fato de que um meio de transporte pode ou não ter seu deslocamento conduzido por um motorista. O balão vai para onde o vento mandar.

 

A IDA A PARIS

 

Santos Dumont foi emancipado pelo pai aos dezoito anos. Naquela época, a maioridade só chegava aos vinte e um anos.

 

Alberto foi para Paris para continuar seus estudos e seguir no seu sonho. Chegando lá, ele ficou impressionado com os motores de combustão interna que moviam os primeiros automóveis. 

 

Ele decidiu comprar um desses motores e investigar seu funcionamento. Mais tarde, chegou a participar de corridas de automóveis.

 

Santos Dumont inventou e patenteou o motor a combustão para aviões em 1898. Esse motor viabilizaria a ideia de voar no futuro. Como inventor, essa e outras invenções foram criadas, patenteadas e liberadas para utilização de quem desejasse.

 

Em 1891, Santos Dumont conquistaria a dirigibilidade nos aviões. Foi um dos maiores avanços.

 

Depois de aprender a voar de balão, Alberto fez os primeiros dirigíveis, chamados pelos números 1, 2, 3... e assim por diante. Até o número 6, vieram várias mudanças conceituais, acidentes e aprendizados sobre quais os problemas de um voo controlado.

 

Em 1901, viria o prêmio Deutsch com o dirigível número 5. No ano seguinte, os dirigíveis até o número 10 estavam prontos.

 

O PRÊMIO DEUSTCH

 

O prêmio Deustch foi o segundo mais importante da carreira de Santos Dumont. O nome do prêmio deriva de seu idealizador, o industrial Henri Deutsch de La Meurthe. Deutsch ficou muito entusiasmado com os inventos de Santos Dumont, pois ele adaptou motores a gasolina em seus experimentos.

 

Esse industrial era muito rico e ligado ao ramo petrolífero (refino de óleo e parafina). O ramo de atuação vinha da herança familiar de uma das empresas fundamentais ao setor na França. Esportes (inclusive tiro) e música eram hobbies de Henri.

 

Para o prêmio ser ganho, o aviador teria que subir do parque de Saint Cloud, contornar a Torre Eiffel, fazer um circuito fechado (não podendo tocar na terra) e voltar ao ponto de partida no em até trinta minutos.

 

Esse desafio poderia ser vencido durante o período de primeiro de maio até primeiro de outubro dos anos de 1901 a 1904. O Aeroclube da França auditava os resultados e era necessário avisá-lo no dia anterior ao voo.

 

O prêmio de cem mil francos seria dado a quem ganhasse o desafio. Na falta de ganhadores, levaria quem chegasse mais perto.

 

Em 1900, apenas Santos Dumont tentou. Era algo bem difícil, e lhe rendeu um prêmio de quatro mil francos. Ele chegou a propor outro desafio mais simples, usando esse prêmio, mas não achou desafiante.

 

Em 1901, Santos Dumont tentou novamente. Seria necessário chegar a 23 km/h de velocidade, com pouco vento. Alberto fez testes com seus dirigíveis, com alguns acidentes, até ganhar o prêmio.

 

A vitória aconteceu em julho, mas a comissão julgadora confirmou o resultado em novembro. Ao receber os cem mil francos, Alberto distribuiu a pessoas carentes de Paris.

 

CONHECIMENTO VIRA PÚBLICO

 

Santos Dumont compartilhava o que fazia. Essa postura incluía divulgar o que deu certo e o que deu errado. Ele dava publicidade aos seus experimentos por meio da imprensa.

 

O PRÊMIO ARCHDEACON

 

Esse seria o prêmio mais importante da carreira de Santos Dumont. Foi nele que aconteceu o famoso voo com o 14-Bis.

 

Entre 1901 a 1906, Santos Dumont havia entendido bem como um voo de avião funcionava. Foi necessário um mês para produzir, e em setembro de 1906, ele já fazia testes.

 

O 14-Bis é um aeródino (veículo mais pesado do que o ar). Os aeróstatos, por sua vez, são aqueles mais leves do que o ar. A capacidade era de apenas um tripulante. Ele conseguia decolar por si só.

 

No dia 23 de outubro de 1906, em Bagatelle, Paris, foi feita a demonstração. Santos Dumont decolou com o 14-Bis e percorreu 60 m em 7 s, voando a 2 m de altura do solo. O prêmio Archdeacon pedia voo em 25 m.

 

Havia mil espectadores e a Comissão Oficial do Aeroclube Francês. Essa comissão tinha fé internacional para homologar descobertas em aeródinos e aeróstatos.

 

Depois desse voo, como Santos Dumont tornava público o que tinha de resultados, outros inventores foram entendendo os problemas. E depois do 14-Bis, viriam novas ideias.

 

O Demoiselle, um ultraleve, veio em 1907. Em 1908, Santos Dumont publicou em uma revista popular como poderia ser replicada aquela aeronave, sendo o primeiro modelo produzido em série na aviação. Esse modelo foi vendido a um pioneiro da aviação da França, Roland Garros.

 

OS IRMÃOS WRIGHT

 

Na História, sempre surgem discussões sobre quem é pai-de-uma-ideia. Pelo mundo, ocorre de ideias terem similaridade e pipocarem de forma paralela.

 

Os estadunidenses irmãos Wright (Wilbur e Orville) teriam sido os pioneiros, segundo algumas vertentes de pensamento. Em contraponto, não se tem registro de voos, decolagem, dirigibilidade e pouso que sejam anteriores a 1906 e que não tenham tido o uso das catapultas para impulsionar os aviões.

 

Santos Dumont não usou catapultas no 14-Bis. Como o feito teve acreditação oficial, isso reforça o tamanho da conquista.

 

DE 1908 A 1932, E O QUE VEIO DEPOIS

 

Em 1908, Alberto Santos Dumont deixou a aviação, após ser acometido por uma esclerose. Ele passou pela doença, teve depressão e não chegou a ter um casamento, pois, segundo ele, não queria deixar a esposa viúva.

 

Em 23 de julho de 1932, Santos Dumont se suicidou em um hotel no Guarujá, em São Paulo. Ele já estava novamente no Brasil.

 

O uso bélico do avião era algo que entristecia Dumont e colaborou para sua depressão. Ele defendia outros usos para sua grande contribuição ao mundo.

 

A MEMÓRIA DE SANTOS DUMONT

 

Santos Dumont foi sendo lembrado de várias formas. Um exemplo foi a cidade mineira de Palmyra. Em 31 de julho de 1932, foi renomeada para Santos Dumont.

 

O sítio Cabangu, onde Santos Dumont nasceu, é um bem tombado e está sob tutela da Força Aérea Brasileira (FAB). Lá existe em exposição uma réplica do 14-Bis, construída pelo Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos em 1973, com motor “Lycoming” de 166 hp, quatro cilindros opostos.

 

MAIS UM NOME NA HISTÓRIA DA AVIAÇÃO

 

A aviação cresceu demais com Alberto Santos Dumont, e foi sendo cuidada e aprimorada com os esforços de outros nomes que por ela se apaixonaram. Na sugestão de post da linha azul 👇🏻, confira os feitos do estadunidense Charles Lindbergh:

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