A maconha - usos medicinais, drogas, aplicações pouco conhecidas e, sobretudo, informação.

Ciência & Saúde


Houve uma palestra na semana acadêmica do curso de farmácia na instituição em que eu estudo que foi muito interessante. O tema era muito polêmico: Maconha – De droga ilícita a planta medicinal. Nela eu entendi o porquê de essa droga ser proibida.



[Imagem: Mundo em Pauta]



Você sabia que foi nos Estados Unidos, na década de 1930, que a maconha foi proibida pela primeira vez? Sabe por quê? Todos nós sabemos que a maioria dos norte-americanos não gosta de mexicanos, negros e árabes; então eles decidiram proibir o uso da maconha para poder prender essas pessoas que tinham o costume de fumar maconha: mexicanos, negros e árabes. Como vocês sabem, os estadunidenses influenciam o resto do mundo.

Não foi por só esse motivo que os americanos proibiram o consumo e plantio da maconha. Você sabia que o cânhamo, a fibra mais resistente que existe na natureza, que pode ser usado na fabricação de papel e também para uso têxtil é extraído do caule do pé de maconha?

O papel oriundo do cânhamo é mais resistente, de melhor qualidade e mais barato do que o papel oriundo da celulose. O tecido produzido pelo cânhamo é muito melhor do o nylon. Para se ter noção da resistência do cânhamo, as cordas usadas nas caravelas de Pedro Álvares Cabral quando o Brasil foi descoberto eram feitas desse material por sua resistência elevada.

Então por que não usar o cânhamo em vez da celulose e o nylon? Porque na década, um dos autores da lei de proibição da maconha nos Estados Unidos era um grande empresário de celulose. Por trás da proibição existe também existe o fator financeiro como esse exemplo citado anteriormente.

Mas, falando do lado medicinal da maconha (de nome científico Cannabis sativa), ela possui uma substância chamada que dá origem ao canabidiol, remédio que atua no sistema nervoso central, ajudando a tratar doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esquizofrenia, mal de Parkinson, epilepsia ou ansiedade, por exemplo. Este remédio, como é feito a partir de substâncias selecionadas da planta, não apresenta risco de causar vício, dependência ou criar alterações psicológicas como a maconha natural e, por isso, pode ser utilizado de forma segura durante os tratamentos. O efeito colateral do uso do canabidiol é tontura e sonolência nos usuários.

Mesmo com todos esses benefícios, a pesquisa e produção de medicamentos à base de canabidiol são proibidas no Brasil, sendo que pais que tem filhos com epilepsia precisam conseguir a substância para o tratamento da doença na justiça de forma legal ou através do tráfico de forma ilegal.

Para exemplificar um desses casos veja o vídeo com um pedaço do documentário chamado "Ilegal" para conhecer a realidade de uma dessas famílias:


[Vídeo: repense]

Diga você que é pai, você que é mãe, se tivesse um filho com epilepsia não faria a mesma coisa que esses pais fizeram para a filha deles viva? Então por que as indústrias farmacêuticas não produzem medicamentos à base de canabidiol? 

Porque com a pesquisa e a fabricação de medicamentos à base de canabidiol iriam ser retirados vários medicamentos do mercado como o Cloridrato de Fluoxetina, Gardenal e muitos outros de tarja preta do mercado, já que o canabidiol não pode ser patenteado por nenhum laboratório farmacêutico. Mesmo assim a maconha continua sendo proibida no Brasil, enquanto outras drogas como o cigarro e principalmente o álcool têm consumo incentivado com propagandas com apelo sexual e machistas. Todos nós sabemos os efeitos de quem é usuário de álcool: acidentes no trânsito e violência.

Por isso depois dessa palestra mudei a minha visão sobre a maconha. Agora sou a favor da legalização da maconha para pesquisa de medicamentos à base de canabidiol, mas continuo contra a legalização para o consumo natural da maconha. A legalização da maconha em todos os aspectos poderia reduzir o tráfico de drogas, como aconteceu no Uruguai que estatizou a maconha, com isso as mortes por tráfico por lá chegou a quase zero. Em alguns dos estados dos EUA, há maior arrecadação de impostos por causa da legalização da maconha. Aqui no Brasil esse dinheiro só iria ajudar a enriquecer os políticos.

O principal mal da maconha é substância THC (Tetraidrocanabinol) que, quando consumida pura, pode causar dependência, como quando se fuma maconha. O uso da maconha pura pode causar câncer de pulmão por causa da fumaça do cigarro de maconha e também o usuário pode a Síndrome Amotivacional. Essa Síndrome é um distúrbio que afeta muitos consumidores crônicos de Cannabis. A síndrome é caracterizada pela passividade, apatia, conformismo, isolamento, introversão, perda dos ideais e das ambições pessoais, falta de emoção ou interesse pelas coisas, indiferença pelo que acontece ao seu redor, relutância e falta de cuidado na aparência, assim como diminuição das funções cognitivas como a concentração, a atenção, a memória, a capacidade de cálculo, assim como o juízo autocrítico e heterocrítico. Isto pode repercutir na diminuição do desempenho acadêmico dos jovens, para os quais se observa um agravamento significativo.

VALE RESSALTAR QUE EU, AUTOR DESTE TEXTO, NÃO FUMO MACONHA E NEM ESTOU INCENTIVANDO OS LEITORES A USAREM ESSA DROGA. APENAS QUERO INFORMAR MEUS LEITORES PARA QUE HAJA O DEBATE DESSE ASSUNTO. DEFENDO O DEBATE ENTRE QUEM É PRÓ E CONTRA A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA. VOCÊ TEM SUA OPINIÃO, EU TENHO A MINHA E AMBAS OPINIÕES DEVEM RESPEITADAS. 

ESTE É UM ARTIGO ESCRITO POR MATEUS ROSA, jornalista formado pela UNIFACVEST de Lages/SC. Originalmente, este texto pertencia ao blog Mundo em Pauta, que atualmente faz parte do Blog do Mestre. Mateus Rosa ainda é autor do Repórter Riograndense, site que trata da cultura gaúcha envolvendo curiosidades, tradicionalismo e a agenda local.


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