O que as bebidas alcóolicas podem causar?

Ciência & Saúde




[Bebida e descontração são fortemente associadas. Charge: Iotti]


O consumo de bebidas alcóolicas é tradicionalmente realizado durante momentos de descontração, em festas, almoços em família, etc. Por isso, o hábito é associado à ideia de diversão, não ficando muito nítidos ou sendo desconsiderados os efeitos nocivos provocados pelo etanol no organismo. Um mito existente é o de que a bebida alcoólica, como qualquer coisa, se torna ‘veneno’ de acordo com a quantidade ingerida. Não é bem assim que funciona, embora existam níveis aceitáveis de consumo.

O etanol, substância química pertencente à função orgânica dos álcoois, é o principal elemento constante nas bebidas alcóolicas, sendo uma molécula pequena e de fácil absorção. Após a ingestão, parte deste álcool presente na bebida é absorvido pelas paredes do estômago. É com base neste comportamento do organismo que vem o famoso conselho de não beber sem ter comido nada, pois os alimentos que estão próximos às paredes do estômago reduzem a superfície de contato com a bebida, retardando sua absorção.


Sendo o álcool absorvido, sua absorção ocorre no fígado, sendo ele transformado em dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). Pelo corpo, o etanol é considerado uma substância tóxica, ficando o corpo em polvorosa por eliminá-lo. Nas células do fígado, uma organela chamada retículo endoplasmático liso é a responsável pela transformação de substâncias tóxicas em produtos menos nocivos. As paredes dos retículos endoplasmáticos, ao longo do tempo, se houver um aumento do consumo, ficam mais espessas, e o retículo torna-se mais rápido na transformação. Ou seja, tornando-se mais rápido, a pessoa pensa que está mais acostumada a beber. Mas, não é isso que está acontecendo: é apenas uma resposta do corpo à agressão.

E, se ainda assim a ingestão for muito maior do que o corpo está disposto a contornar, o teor de etanol presente no sangue irá subir, atuando principalmente no cérebro. O primeiro efeito é a alteração na razão, sendo seguida pela visão e fala. Na sequência, coordenação motora e perda de consciência são os passos seguintes. Pode ocorrer de o indivíduo perder a consciência e ainda assim possuir etanol em seu estômago, seguindo o acréscimo dos níveis no sangue, podendo levar à morte.

As consequências da ingestão de etanol acima vistas fazem com que beber e dirigir seja um grande problema. Outro é a resposta mais rápida à ingestão, dada pelo corpo, aliada ao  possível vício do alcoolismo, que pode ter sérias consequências na saúde do corpo e na vida social da pessoa. Alcóolatra/Alcóolico é o indivíduo que necessita beber todos os dias, e, às vezes, em grande quantidade.

[Bebida deve ser aliada à comida a fim de retardar seu efeito. Foto: Nossa Jacareí]

Quando o fígado não está dando conta, o corpo usa de outros meios para a eliminação do álcool: pelo ar expirado, pela urina e pelo suor. Pensando nisso é que foi criado o bafômetro, que indica o nível de álcool no sangue por meio da concentração da expiração. Também daí é que vem o comportamento conhecido dos bebuns de plantão que é de dar muita vontade de urinar em dias em que se bebe mais. Uma boa ideia, claro além de não exagerar, é beber água intercalando com a bebida. Assim, reduz-se a concentração de etanol no total de líquido ingerido.

O engrossamento das paredes do retículo endoplasmático liso não é a única consequência para o corpo de quem bebe frequentemente. Veja no quadro abaixo as consequências para cada órgão diretamente envolvido:

Fígado: com o consumo prolongado, ocorre a formação e deposição de gordura. Passando a produzir um líquido chamado Ascite, este líquido se deposita e preenche o abdome. A cirrose hepática é a doença que leva ao mau funcionamento do fígado pelo acúmulo de proteínas fibrosas e à morte. Estes problemas, dentro de certo limite, retrocedem se o consumo de álcool cessar, uma boa dieta alimentar e hábitos saudáveis forem adotados.
Cérebro: O consumo excessivo gera degeneração das funções nervosas, ocorrendo a apresentação de estruturas anormais na estrutura, com estrias largas e profundas.
Estômago e Pâncreas: No estômago, pode ocorrer a inflação de suas paredes, provocando bastante dor e hemorragia (gastrite). O Pâncreas também pode passar por falha de funcionamento.
Coração: A pressão arterial, como é de conhecimento popular, é elevada com o consumo de bebidas alcóolicas, e seu aumento causa o aparecimento de capa de gordura no órgão e aumento de seu volume. As consequências finais para o coração são ataques cardíacos.
Esôfago: O esôfago é o canal entre os órgãos comuns do sistema respiratório (faringe, laringe e traqueia) e o estômago, contraindo-se e dilatando-se em movimentos contínuos (movimentos peristálticos) e levando alimentos para o estômago. Em contato com a bebida, prolongado e repetitivo, são gerados tumores que podem evoluir para câncer de esôfago.
     

As bebidas alcóolicas, em qualquer quantidade, não são recomendáveis, pelos vários motivos que o leitor pode ver ao longo do post. Porém, por outros efeitos compensatórios, é recomendada uma taça de vinho por dia, e só. Até mesmo pela tradição de associar bebida e descontração, é difícil deixar de lado o consumo de bebidas na vida cotidiana, mas é perfeitamente possível ingerir pouco, até mesmo simbolicamente. O fato de não beber também não faz ninguém deixar de algo essencial em sua vida, ao contrário, acresce em saúde e em qualidade de vida, pois o corpo busca de todas as formas eliminar o álcool ingerido.

Outra tradição, de pensar que mesmo bebendo o corpo não foi afetado, é outra besteira que precisa ser urgentemente deixada de lado, não sendo possível dirigir. Seres humanos estão sujeitos a erros mesmo gozando de saúde perfeita. Imagine com o cérebro sob efeito de bebida! Portanto, duas palavras resumem o que é preciso para ingerir bebidas alcóolicas: BOM SENSO!




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