Cultura e Comportamento
Vamos pensar em um tema que pode vir
diante desta nossa máxima: o consumo de carne. Durante o mês passado, durante
exibição do programa ‘Tempero de Família com Rodrigo Hilbert’, foi exibida
a carneação de um cordeiro, com todos os detalhes, o que gerou opiniões
diversas do público que acompanhou o programa e até de quem não o viu. A
proposta do programa de tevê, segundo seu site, seria de demonstrar alimentos
sendo preparados logo após sua produção, ou seja, demonstrar a origem e não
focar apenas no preparo.
[Divulgação do Programa ‘Tempero de Família com Rodrigo Hilbert’. Imagem: Reprodução/GNT] |
Várias questões podem ser abordadas a
partir desse episódio. Pode ser uma boa ideia demonstrar que os alimentos
comercializados em supermercados são resultado do trabalho de muitas pessoas, e
que têm origem na terra ou no campo, enfim. Mas, demonstrar como surge a carne,
por exemplo, pode não ser uma realidade muito amena para quem nunca a viu de
perto ou não está acostumado com esta rotina. Algumas pessoas consomem carne de
animais diversos sem refletir o que se passa por trás de tudo isso. Afinal,
diferentemente do que ensinam os livros infantis, os animais não nos ‘dão carne’
nem a temos sem matá-los a fim de obtê-la.
Também houve o questionamento quanto a
técnica adotada para o abate. Muitos grupos de defensores dos animais se
pronunciaram dizendo que não houve todos os procedimentos necessários nem
condições sanitárias adequadas. Aí partimos para o outro lado. Também se fez
campanha por parte de pessoas que vivem ou cultivam as tradições do campo. Para
elas, é absolutamente normal realizar abate de tal forma e isso não tem maiores
implicações, haja vista que o consumo costuma ser apenas familiar e, muitas
vezes, imediato. Entretanto, em matadouros frigoríficos e estabelecimentos do
gênero, faz-se necessário ter instalações com características industriais
especiais, segundo legislação aplicável e condições sanitárias mínimas
esperadas. Costuma-se adotar choque elétrico por solução com eletrólito ou com
dois polos carregados, a fim de deixar o animal inconsciente e depois realizar
o corte final.
Nestes estabelecimentos existe certa
mitigação dos efeitos do abate por conta da inconsciência, com a não criação de
marcas na carne por batidas também. Mas, não deixa de ser abate. Outro fato
importante que foi levantado como uma suposta ‘edição’ do programa, é que não
foi apresentado o ‘grito’ do animal. Conhecedores de carneações em fazendas
sabem que é comum um borrego ou mesmo uma ovelha não fazer qualquer tipo de
barulho. Outros animais como bois e porcos já possuem tal comportamento.
Do programa, por fim, seguem duas
conclusões: quem realmente se sente incomodado de qual é a origem da carne e
que implicação ela traz deve optar por uma dieta vegetariana e tomar as
precauções necessárias (veja mais nos posts sugeridos) e o fato de ter mostrado
o abate pode ter sido uma má ideia no sentido de que muitas pessoas não
assimilam a carne ao abate e muitas vezes nem o conhecem.
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