Estórias
Às vezes, pode não ser um gosto, mas uma
condição de vida...
[Imagem: Libertarianismo] |
"Passei
a infância toda
Achando
que a minha mãe
Gostava
de pés de galinha,
Comia
com tanto gosto
Chupava
até os ossinhos.
Ninguém come os pés, são meus-
dizia
Toda
a carne dividia
Peito,
coxas e titela,
Fígado,
coração e moela,
Mas
os pés, os pés eram só pra ela.
Depois
de todos servidos,
Então
sentava e comia.
Mas
o tempo foi passando,
A
criançada crescendo,
Os
maiores trabalhando,
A
vida foi melhorando.
Depois
de uma infância dura
Começamos
a ter fartura.
Vi
minha mãe na cozinha
Tratando
de uma galinha
E
ao contrário de outrora
Flagrei
aquela velhinha
Jogando
os pezinhos fora
Ao
notar o meu espanto
Aquele
coração santo
Da
minha doce mãezinha
Apressou-se
em explicar:
Nunca gostei do tal do pé de galinha
É
que a carne era tão pouca,
Pra
tantas bocas não dava,
E
pra você não ficar triste
Eu
fingia que gostava."
ALVES,
Bernardo
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