Mensagens e poesias
Poesia sempre faz bem para a alma, ainda mais as clássicas.
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[Poesia que toca o coração. Imagem: Suzy Hazelwood / Pexels | Reprodução] |
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QUANDO VINÍCIUS DE MORAES ESCREVEU?
Em vários casos, sabe-se quando foi a escrita. No "Soneto de Fidelidade", por exemplo, aparece ao fim, "Estoril, outubro de 1939", pois foi quando Vinícius esteve na Europa, após ganhar uma bolsa de estudos para aprender sobre Literatura Inglesa em Oxford.
Soneto de Intimidade foi escrito em Campo Belo. Já o Soneto de Separação foi em meio ao Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra, em setembro de 1938.
Já o Soneto a Quatro Mãos foi em coautoria. A versão final do soneto foi publicada no Correio da Manhã em 10 de dezembro de 1946, e permaneceria inédita em livro até 1991.
SONETO DE INTIMIDADE
"Nas tardes da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma"
Vinícius de Moraes, 1937.
SONETO DE SEPARAÇÃO
"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
Vinícius de Moraes, 1938
SONETO DO AMOR TOTAL
"Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo, de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude."
Vinícius de Moraes, 1951
SONETO DE FIDELIDADE
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Vinícius de Moraes, 1939
SONETO A QUATRO MÃOS
"Tudo de amor que existe em mim foi dado
Tudo que fala em mim de amor foi dito
Do nada em mim o amor fez o infinito
Que por muito tornou-me escravizado.
Tão pródigo de amor fiquei coitado
Tão fácil para amar fiquei proscrito
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.
Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano
Desse eterno amor meu antes não desse.
Pois se por tanto dar me fiz engano
Melhor fora que desse e recebesse
Para viver da vida o amor sem dano."
Vinícius de Moraes e Paulo Mendes Campos, 1946.
A VIDA DE CARLOS LYRA
Além de fazer arte, Vinícius de Moraes também foi amigo de outros artistas, como o músico Carlos Lyra. Reveja a trajetória dele em 👇🏻:
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