Poesias
Quem és tu, pobre vivente?
Que vagas triste e sozinho,
Que tens os raios da estrela,
E as asas do passarinho?
A noite é negra; raivosos;
Os ventos correm do sul;
Não temes que eles te apaguem
A tua lanterna azul?
Quando tu passas o lago
De estranhos fogo esplende
Dobra-se a clícia amorosa,
E a fonte mimosa pende.
As folhas brilham, lustrosas
Como espelhos de esmeralda;
Fulge o íris nas torrentes
Da serrania na falda.
O grilo salta das sarças;
Piam aves nos palmares;
Começa o baile dos silfos
No seio dos nenúfares.
A tribo das mariposas,
Das mariposas azuis,
Segue teus giros no espaço,
Mimosa gota de luz!
São elas flores sem hástea;
Tu és estrela sem céu;
Procuram elas as chamas;
Tu amas da sombra o véu.
Quem és tu, pobre vivente?
Que vagas triste e sozinho,
Que tens os raios da estrela,
E as asas do passarinho?
VARELA, Fagundes.
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