O Brasil nas Copas

História


Não foi de uma hora para outra que o Brasil se tornou o ‘País do Futebol’. Esta força que a seleção de nosso país apresenta até hoje fez com que o esporte se tornasse o favorito da maioria dos brasileiros, fazendo-os torcer, vibrar, ter verdadeiro amor à camisa. A cereja do bolo, talvez, seja conquistar uma copa do mundo em solo brasileiro, pois, na outra ocorrência de Copa do Mundo de Futebol no Brasil, nossa seleção amargou uma derrota histórica no velho Maracanã.

O Brasil é a única seleção do mundo a participar de todas as edições do evento, e também a seleção com o maior número de títulos: cinco. O sexto título já foi adiado, e é esperado por toda a população. No início deste ano, houve manifestações relativas à copa, mas não contra o evento, mas a forma com que os recursos públicos usados para financiamento foram administrados (ou melhor, mal administrados), diante de tantas carências sérias existentes em todo o País. A seleção possui quase uma obrigação de conquistar o título, para uma das poucas coisas em que o Brasil é referência, e seu povo se orgulha.

Voltando no tempo, as competições de Futebol promovidas pela Fifa, incluindo a Copa do Mundo de Futebol, iniciaram pequenas. A primeira Copa, em 1930, em tempo de crise estadunidense, vinha em um momento problemático. Sem eliminatórias, apenas alguns países europeus, à base de convite, aceitaram participar. A sede foi o Uruguai, que vinha em alta, após dois títulos como campeão olímpico de futebol, sendo usados apenas três estádios em Montevidéu. O sorteio das chaves foi realizado apenas após a chegada das seleções. Nesta edição, a Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF, sofreu um racha entre Paulistas e Cariocas, sendo que jogadores paulistas importantes não participaram do evento.




Sem estes jogadores, a seleção brasileira foi derrotada pela Iugoslávia na estreia, por 2 x 1, com gol de ‘Preguinho’, do Fluminense. Mas, não saiu da primeira copa sem vencer: bateu a seleção boliviana por 4 x 0. A equipe da casa, em confronto com a Argentina, saiu perdendo, mas conquistou a taça. O dia seguinte foi considerado feriado nacional.

Em 1934, a atual seleção campeã não participou da copa do mundo sediada pela Itália em boicote a não participação desta na edição anterior. Em pleno regime totalitário de Benito Mussolini, ocorreu a segunda copa que, por atrair o interesse de 32 seleções, teve eliminatórias, incluindo a equipe da casa (o que não ocorre atualmente), sem fase de grupos. O Brasil foi novamente coadjuvante, persistindo a rixa entre dirigentes paulistas e cariocas, e sendo notável a hegemonia europeia nesta edição. A equipe da casa foi do início ao fim com força. Na final, viu seu título ir embora com a abertura de placar pela Tchecoslováquia, mas empatou no segundo tempo e definiu na prorrogação. Nesta edição, já ocorreram transmissões radiofônicas.

[Em busca da sorte, camisa tornou-se verde e amarela. Foto: FUTBOLAS]

Em 1950, após a interrupção das competições pela Segunda Guerra Mundial, coube ao Brasil receber o evento, sendo a Itália bicampeã nesta eventualidade. Treze seleções participaram, havendo baixas consideráveis como Argentina e França, que alegou ser impensável fazer 3500 km entre um jogo e outro. Fazer o quê, se eles não estão acostumados a países com dimensões continentais?! 174 mil torcedores acompanharam a final no estádio do Maracanã. Com o gol de Friaça, a taça parecia cada vez mais próxima. O espírito de ‘já ganhou’ tomou conta do país. Juan Schiaffino e Alcides Ghiggia acabaram marcando e dando o título para o Uruguai, adiando ainda mais o despertar do país do Futebol. Com a derrota, para pôr o azar de lado, nunca mais se usou a camisa branca, sendo, a partir de então, adotado o uniforme com camisa verde e amarelo e calção azul.

Apenas na sexta Copa do Mundo é que o Brasil sagrou-se campeão: o primeiro fora de seu continente. Nesta edição, já ocorreram transmissões televisivas do evento. Era o ano de 1958, quando Pelé tinha apenas 17 anos, quase desconhecido, e se sagraria o Rei do Futebol. Também merece destaque a atuação de Garrincha na conquista do título, em um duelo contra a anfitriã Suécia, por 5 a 2.

Na copa seguinte, em 1962, Pelé já tinha 21 anos e já estava consagrado como jogador. Porém, ao sofrer uma lesão na coxa esquerda em uma das partidas, foi necessário buscar alternativas, o que veio a trazer a consagração de Garrincha, o Anjo-das-pernas-tortas; e Amarildo, o possesso. O torneio ocorreu no Chile, onde acontecera pouco tempo antes o maior terremoto do século passado. Zagallo participou como jogador nesta edição, sendo Aymoré Moreira o técnico. Na final, contra os azarões tchecos, até que eles puderam sentir um gostinho de vitória ao abrir o placar, mas, dois minutos depois, o possesso marca o primeiro gol e participa da jogada que levaria ao gol de Zito, deixando a seleção brasileira com o título, mais uma vez.

Na copa da Inglaterra, em 1966, a situação foi terrível: a atual seleção campeã foi derrotada sendo eliminada já na primeira fase. A seleção italiana, também bicampeã, teve o mesmo destino.

Já em 1970, o Brasil sentiria novamente o gosto da vitória. Como todo grande craque de futebol, Pelé foi questionado por sua atuação na copa anterior, tendo jogadas fantásticas nesta edição que ocorreria a seguir. As partidas foram transmitidas pela TV, a cores pela primeira vez. Houve uma grande preocupação pelo horário dos jogos, em um calor escaldante, com sede no México, para que fossem transmitidas em horário adequado na Europa.

O time formado por Félix; Carlos Alberto Torres, Brito, Piazza, Everaldo, Gérson, Clodoaldo, Pelé, Jairzinho, Tostão e Rivelino empolgou a todos, sob o comando de Zagallo. Os anfitriões ficaram fortemente empolgados com a alta qualidade técnica do futebol que viram. No último gol da final, na goleada de 4 a 1 contra a Itália, sete jogadores participaram da jogada, acabando em um passe ‘milimétrico’ de Pelé para Carlos Torres. Jairzinho fez história ao marcar em todos os jogos.

Em 1974, o Brasil repetiu a atual tradição de não repetir boa atuação na copa seguinte, sendo eliminado no início. O destaque foi para a seleção do Reino dos Países Baixos, que voltava a disputar uma copa passados 36 anos. O futebol praticado pelos neerlandeses destacou-se pela capacidade com que seus jogadores tinham de ocupar todas as posições de jogo, sabendo bem armar, atacar, defender, sem possuir uma posição fixa. A partir daí surgiu o famoso apelido de Laranja-mecânica. Já em 1978, ao contrário do que ocorreu com Brasil e Chile, a Argentina pode comemorar uma vitória em seu próprio território. Nesta edição, a seleção brasileira foi a única invicta, mas teve problemas com falhas de arbitragem já no primeiro jogo. Como plano de fundo, a Argentina vivia os horrores da ditadura.

Em 1982, seguia o jejum de vitórias, em solo espanhol. E, o pior de tudo, é que a atuação da seleção brasileira era muito convincente e a fazia favorita, tendo vencido a União Soviética, a Escócia, a Nova Zelândia e a Argentina de Maradona, sempre dando um show de futebol técnico e ofensivo. No dia 5 de julho de 1982, mais de 40 mil pessoas assistiram, no Estádio Sarriá, em Barcelona, à vitória por 3 x 2 da Itália sobre o Brasil de Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Cerezo, Éder e demais.  Já em 1986, após a desistência do Colômbia como sede, o México recebeu o evento pela segunda vez e comemorou a reconstrução de seu país após um terremoto com a Copa. Destaque para o Marrocos, sendo o primeiro país africano a passar da fase de grupos, a extinção da segunda fase de grupos, e a consagração do argentino Maradona, no lance irregular mais famoso de todos os tempos. A Argentina foi campeã no confronto com a Alemanha.

[Em 2014, o Brasil será o palco da Copa do Mundo. Foto: mais glória. ©® FIFA]

No ano de 1990, novamente na Itália, a seleção do país saiu da obrigação de vencer aos olhos de Mussolini à condição de favorita. Todas as principais seleções do Mundo, que já haviam vencido a competição, foram classificadas. A Itália seria a primeira tetracampeã do mundo, o que não viria a ocorrer, na copa com a menor média de gols da história. Quanto ao Brasil, havia forte dúvida de como o time iria ser sem a presença da geração dos grandes craques como Sócrates, Zico e Falcão.

A décima-quinta edição da copa do mundo de futebol ocorreu nos Estados Unidos. Se na copa anterior o número de gols foi pequeno, tudo foi muito grande e impressionante nesta copa, com o maior público, o gol feito pelo atleta de maior idade na história, a eliminação de Maradona por doping, e... ufa! a vitória do Brasil, que se sagrou tetracampeão contra a Itália. Não foi fácil, pois o time já vinha há muito desacreditado, a classificação veio no último jogo das eliminatórias, após o técnico Carlos Alberto Parreira, sob pressão popular, convocar Romário. Neste caso, se confirmou a máxima de que ‘a voz do povo é a voz de Deus’, com um pênalti bem cobrado na final e outras importantes atuações. Dunga, criticado pela má atuação na copa anterior, teve sua redenção. O time foi considerado muito defensivo, venceu com aperto.

Novamente uma má atuação colocaria em xeque a atuação de um grande jogador. Como campeão no torneio anterior (1994), na copa de 1998, na França, o Brasil novamente viu seu time perder a chance de mais um título. Ronaldo, eleito o melhor do mundo em duas edições consecutivas do troféu, ter problemas para jogar. Antes da final, o craque teve um problema de saúde e, irreconhecível em campo, teria o problema afetado psicologicamente os demais jogadores. O time de Zidane venceu o Brasil por 3 a 0. A França voltaria a ser o carrasco do Brasil, em 2006, em uma seleção novamente favorita, mesmo com o time treinado por Carlos Alberto Parreira contar com o ‘Quadrado Mágico’: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e Adriano. Na Copa das Confederações de 2005, o Brasil dera show na final contra a Argentina. Com Robinho ao lado de Adriano, o time canarinho sapecara um 4 a 1 sobre os hermanos. Porém, desta vez, os franceses perderam para a Azurra, que se sagrou tetracampeã, após o épico episódio da cabeçada do Zidane [...em Materazzi].

Mas, voltando de 2006 para a edição anterior, vimos o time de Luis Felipe Scolari ganhar o quinto título mundial para o Brasil, na copa sediada pela dupla Japão / Coreia do Sul. Ronaldo Fenômeno, com seu penteado no mínimo inusitado, fez dois gols na vitória do Brasil contra a Alemanha, na final. Curiosamente, os dois gigantes do futebol mundial nunca haviam se enfrentado em uma copa. Assim como em 1994, a classificação para a copa não foi fácil, incluindo o vexame da derrota de 2 a 0 por Honduras. Desta vez, o apelo popular não foi o bastante e Scolari não escalou Romário.

Em 2010, já na história recente, sob o comando do técnico Dunga, a seleção brasileira não chegou a disputar o título na final da copa do mundo da África do Sul. Nossa seleção foi eliminada pela Laranja-mecânica, de virada, nas quartas-de-final. A Holanda não viria a vencer, sendo que a Espanha sagrou-se campeã.

Já em 2014, o Brasil disputará mais uma edição do torneio, em busca do tão sonhado título dentro de casa. Participarão da disputa, também: Alemanha, Argélia, Argentina, Austrália, Bélgica, Bósnia Herzegovina, Camarões, Chile, Colômbia, Coreia do Sul, Costa do Marfim, Costa Rica, Croácia, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Grécia, Holanda, Honduras, Inglaterra, Irã, Itália, Japão, México, Nigéria, Portugal, Rússia, Suíça e Uruguai. Continue acompanhando O Blog do Mestre e, em breve, mais sobre a Copa do Mundo Fifa Brasil 2014.





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