A reforma protestante e a Contrarreforma


A reforma protestante foi um movimento religioso que rompeu com a autoridade que a Igreja Católica possuía até então. Iniciou no século XVI, sendo Alemanha, Suíça e Inglaterra os principais palcos do movimento.
As principais motivações para a Reforma protestante foram os dogmas católicos, pregações que diferiam com a realidade praticada pelos religiosos e o poder excessivo da Igreja. Pregava-se a não acumulação de bens materiais, mas eram práticas comuns a venda de indulgências (‘terrenos no céu’), relíquias sagradas (coroa de espinhos de Jesus, palhas da manjedoura, etc.), cargos clericais, etc. Com o renascimento, período de inovação técnico-científica ( esses períodos caracterizam-se pelo antropocentrismo), e o fortalecimento da classe burguesa e monarquias nacionais, houve a ruptura e questionamento da Igreja. A Bíblia, até então, era apenas lida e interpretada pelos membros do clero. Não havia versões em diversas línguas e com notas de texto de acordo com cada religião, como conhecemos hoje. A única versão da Bíblia era escrita em latim.

Luteranismo na Alemanha

Martinho Lutero era um monge da Ordem de Santo Agostinho, que criticou estes costumes supracitados. Com uma nova visão, em 1517, divulga as Teses de Wittemberg, 95 atos ou teses opostas aos dogmas católicos. Em represália, é excomungado e condenado à morte, refugiando-se em um castelo de um nobre alemão.
Os princípios básicos do Luteranismo são: a salvação pela fé; tradução, leitura e livre interpretação bíblicas; eliminação da veneração de santos e imagens, fim do celibato sacerdotal, não seguimento da autoridade do Sumo Pontífice, batismo e eucaristia como únicos dois sacramentos, submissão da Igreja ao estado laico.
Nobres e camponeses apoiaram Lutero, com interesses semelhantes. Ambos desejavam terras antes pertencentes à Igreja, com a simples diferença de que Lutero só reconheceu o apoio da nobreza. Thomas Münzer, líder dos anabatistas camponeses, participou deste grupo que era a favor da reforma religiosa, mas que não tinha apoio de Martinho, que condenou veementemente a revolta liderada por Münzer, pois, segundo ele, a autoridade da Igreja era subordinada ao Estado. Qualquer foco de rebeldia deveria ser duramente reprimido, comprovando o forte vínculo do Luteranismo com a nobreza alemã.

O Calvinismo suíço

Ulrich Zwinglio e posteriormente João Calvino, francês radicado na Suíça, dá início ao Calvinismo, influenciado por Martinho, criando uma religião alinhada ao ideário burguês. O progresso econômico, lucro e cumprimento dos deveres são bênçãos divinas para as quais já se nasce predestinado.
Trivialmente, o Calvinismo foi apoiado pela burguesia, com o crescimento do capitalismo nos países em que se adotou esta religião ou equivalentes, com a valorização do trabalho e da poupança. Na Inglaterra, a faceta desta religião foi o Puritanismo; na França, Huguenotismo; na Escócia, Presbiterianismo.

Anglicanismo na Inglaterra

Henrique VIII, Rei da Inglaterra, desejava separar-se de Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena. Ao discutir com o papa Clemente VII, que negou a anulação de seu casamento, o Rei uniu o desejo de se separar e nas terras eclesiásticas, passando a desconsiderar a Igreja Católica como oficial estatal, passando a ser o Anglicanismo.
Foram vendidas as terras da Igreja aos nobres, o que gerou fortalecimento do poder do Rei. Com cultos e hierarquia semelhantes ao catolicismo, adendados elementos calvinistas, o Rei Inglês se tornou o chefe da Igreja Anglicana, em um ato de supremacia. O divórcio é permitido no Anglicanismo desde sua fundação, é claro. Aboliu-se o latim da Bíblia e das celebrações.

 Contrarreforma

Denominou-se Contrarreforma ou Reforma Católica um conjunto de medidas católicas visando conter o avanço do Protestantismo. De 1545 - 63, no Concílio de Trento, houve a reafirmação dos dogmas católicos, moralização clerical, criação de seminários e da catequese pré-eucaristia, criação do Index (listagem de livros proibidos, algo inimaginável hoje, mas já houve), reativação do das várias sedes do Tribunal do Santo Ofício e proibição das Indulgências.
A Companhia de Jesus (Inácio de Loyola, Espanha) trabalhou por meio dos padres jesuítas, catequizando indígenas americanos, que seriam novos fiéis para os quais se ensinaria os preceitos da Igreja Católica por meio da Catequese, bem como receberiam educação em nível básico e técnico, como o ocorreu no sul do Brasil. Os Tribunais do Santo Ofício ou da Santa Inquisição voltaram a agir com violência contra os julgados hereges ou infiéis. Itália e os países da península Ibérica (Portugal e Espanha) foram os principais locais de atuação destes tribunais.


Veja também: (Literatura) Aldeia dos Brilhantes

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