A persistência de Aleijadinho

Arte


Antônio Francisco Lisboa nasceu durante o período colonial, em 1738, na cidade de Vila Rica, atual Ouro Preto, e recebeu o apelido de aleijadinho devido a uma doença com que o artista nasceu e provocava atrofia nas mãos. É considerado o principal artista brasileiro do período. Aleijadinho é filho de um arquiteto e mestre de obras português chamado Manuel Francisco Lisboa e uma de suas escravas, que vivia em situação econômica precária. Sendo o pai escultor, arquiteto e entalhador, foi dele que Antônio recebeu as primeiras noções do que viria a ser o seu trabalho, com aulas de desenho, arquitetura e escultura.

Além de seu pai, alguns outros desenhistas podem ter sido seus orientadores, como João Gomes Batista, desenhistas e medalhista; Francisco Xavier de Brito, entalhador que trabalhou na Igreja de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto; e José Coelho de Noronha, que trabalhou na Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Seu primeiro trabalho ocorreu como jornaleiro na oficina de seu pai, e é o risco para o chafariz do Palácio dos Governadores de Vila Rica, no ano de 1752. Em 1760, Aleijadinho se responsabiliza pela execução dos altares laterais da igreja de Nossa Senhora do Carmo, e realiza uma escultura da santa. E por aí segue o seu trabalho. Antes de completar 50 anos, vai perdendo gradativamente os movimentos por causa de uma doença degenerativa, que causava atrofia nos dedos. Não se tem certeza se seria um caso de reumatismo ou de lepra, que são as demais hipóteses.

Com o passar do tempo, além de ser deixado por sua esposa, que não aceitou a sua nova condição física, passou a trabalhar usando instrumentos atados aos pés e às mãos por seus escravos, que o levavam ao seu local de trabalho. Parece um tanto irônico por um lado ter um artista negro, um dos maiores de sua época, se não o maior, filho de escrava, que foi persistente e pode prosseguir seu trabalho por meio do trabalho de escravos.

Mais ideias curiosas a respeito de sua condição como mulato é o fato de que Aleijadinho acabou trabalhando como artesão diarista em muitas de suas obras, e não como mestre. Isto fez com que não houvesse assinatura ou qualquer outro registro em obras de sua autoria, autoria esta que foi atestada historicamente pelas características estilísticas encontradas, que são iguais às suas.

À parte as reflexões, há várias incertezas sobre sua biografia, sendo a primeira escrita em 1858, 44 anos após seu falecimento, por Rodrigo Bretas. Com a queda do estilo Barroco e a decadência da economia da mineração em Minas Gerais, sua arte foi desvalorizada e ficou esquecida por um longo período no século XIX, tendo um processo contrário, com revalorização da cultura barroca como um traço da identidade nacional a partir do modernismo.

Vejamos abaixo algumas obras do artista:





[Cristo é aprisionado. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, MG  Imagem: Itaú Cultural]


[Imagem: Domingão do Faustão / TV Globo]


[Imagem: Domingão do Faustão / TV Globo]

[Profeta Daniel. Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, MG  Imagem: Itaú Cultural]



[Imagem: Baixadam]
 




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