Sempre antes de uma grande transformação
política há um período de transição, onde ocorrem embates entre as linhas mais
conservadoras e as linhas de mudança. No período pré-república não foi
diferente, havendo a defesa do não derramamento de sangue, com uma mudança
pacífica de regime. No ano de 1870, os ideais republicanos foram colocados
neste manifesto que segue:
“É a voz de um partido que se alça hoje
para falar ao país. E esse partido não carece demonstrar sua legitimidade.
Desde que a reforma, alteração ou revogação da carta outorgada em 1824 está por
ele mesma prevista e autorizada, é legítima a aspiração que hoje se manifesta
para buscar em melhor origem o fundamento dos inuferúveis direitos da nação...
De todos os ângulos do país surgem
queixas, de todos os lados políticos surgem os protestos e as revelações estranhas
que denunciavam a existência de um vício grave, o qual põe em risco a sorte da
liberdade pela completa anulação do elemento democrático...
Neste país, que se presume constitucional
e onde só deverão ter ação poderes delegados, responsáveis, acontece, por
defeito do sistema, que só há um poder ativo, onímodo, onipotente, e esse é
justamente o poder sagrado, inviolável e irresponsável...
O voto do povo foi dispensado. A fórmula
da aclamação fictícia preteriu a sanção da soberania nacional, e a graça de
Deus, impiamente aliada à vontade astuciosa dorei, impôs com o Império o
Imperador que o devia substituir...
A centralização, a tal qual existe,
representa o despotismo, da força ao poder pessoal que avassala, estraga e
corrompe os caracteres, preverte e anarquiza os espíritos, comprime a
liberdade, constrange o cidadão, subordina o direito de todos os arbítrios de
um só poder, nulifica de fato a soberania nacional, mata o estímulo ao
progresso local, suga a riqueza peculiar das províncias, constituindo-as
satélites obrigados do grande astro da Corte – centro absorvente e compressor
que tudo corrompe e tudo concentra em si – na ordem moral e política, como na
ordem econômica e administrativa.
O regime da federação, baseado, portanto,
na independência recíproca das províncias, elevando-as à categoria de Estados
próprios, unicamente ligados pelo vínculo da mesma nacionalidade da
solidariedade dos grandes interesses da representação e da defesa exterior, é
aquela que adotamos no nosso programa, como sendo o único capaz de manter a
comunhão da família brasileira.
Se carecermos de uma fórmula para assinar
perante a consciência nacional os efeitos de um ou de outro regime, nós
resumiríamos assim: - Centralização – Desmembramento – Descentralização –
Unidade.
A soberania nacional só pode existir, só
pode ser reconhecida e praticada em uma nação cujo parlamento, eleito pela
participação de todos os cidadãos, tenha a suprema direção e pronuncie a última
palavra nos públicos-negócios.”
O manifesto republicano foi assinado por
58 brasileiros, sendo marcado pelos grandes interesses do movimento, como a
autonomia política das províncias, que eram totalmente submetidas ao poder
central, e uma clara crítica ao poder moderador, superior aos demais e exercido
pelo monarca Dom Pedro II. A instalação do regime republicano, após o
crescimento da classe média urbana, da ascenção e difusão do partido
republicano nas províncias e a abolição da escravatura, ocorreu somente em
1889.
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