Este poema é uma grande marca no uso da
figura de linguagem do paradoxo, onde elementos aparentemente contraditórios se
tornam possíveis, assim como a própria existência do amor. Muitas vezes citado,
este poema já foi extraído como excerto para uma música do grupo Legião Urbana,
Monte Castelo.
“Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor? “
CAMÕES, Luís Vaz de.
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