Uma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite.
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava um coice,
mas tão delicioso, que a ferida
no peito transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.
A manhã sempre-sempre, e dociastutos
eus caçadores a correr, e as presas
num feliz entregar-se, entre soluços.
E que mais, vida eterna me planejas?
O que se desatou num momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.
ANDRADE, Carlos Drummond de.
(in: Antologia Poética; organizada pelo
autor; - 24ª ed. – Rio de Janeiro, Record, 1990)
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