Comodidade ou consumo consciente?


Moro numa cidade do interior do Mato Grosso, banhada por rios que pertencem à bacia amazônica. Mesmo sendo rica em recurso hídrico, São José do Rio Claro enfrenta problemas referentes à água, o que para muitos é uma contradição.
Por estar situada no centro-oeste do país e ter uma vegetação caracterizada, em sua maioria, pelo cerrado, minha cidade sofre com o clima seco, e a falta de água em alguns bairros é constante nesse período. A distribuição de água, que antes era de responsabilidade da prefeitura, atualmente foi terceirizada, o que está deixando parte da população aflita. A cobrança era feita por taxas que variavam de bairro para bairro, fato que gerava acomodação a alguns e prejuízo a outros.
A primeira atitude da empresa que distribuirá a água no município foi a instalação de hidrômetros nas casas, já que estes, nos trinta anos da cidade, nunca foram utilizados.
Uma parte da população possui ideias contrárias à terceirização, pois preferem continuar pagando as taxas mínimas, um valor fixo, estipulado no orçamento mensal. Alguns moradores, com apoio de vereadores, pensam em exigir revogação da lei.
Na minha opinião, as taxas lesavam os habitantes dos bairros que pagavam mais caro, arcando com a água que não consumiam, e propiciavam o desperdício de água, uma vez que o valor a ser cobrado não dependia do consumo.
Alguns profissionais, como os da área de hortaliças e lavajatos, são os mais preocupados com o valor cobrado, pois utilizam uma quantidade elevada de água para exercerem seus trabalhos diários, fato que, consequentemente, será refletido na cobrança por seus serviços, o que atingirá diretamente o consumidor. Portanto, estes terão que desenvolver outros meios para suprir a necessidade de água, evitando repassar o aumento à população.
Penso que a instalação dos hidrômetros é um passo importante para minha cidade, porque, além de deixar a cobrança mais justa, ela conscientiza os moradores quanto à economia da água, numa era em que tanto se cobra o consumo consciente. Assim, a população que sofria com a escassez de água no período da seca, por conta do desperdício, terá uma melhor qualidade no abastecimento de água nessa época, pois o consumo será mais controlado, beneficiando-nos agora e futuramente. □
 
SILVA, Ana Paula Nunes da. 

Veja também: (Literatura) Morte e Vida Severina (IV)

Postar um comentário

0 Comentários