Capital ecológica não é lixão

O lugar onde vivo está entre as principais capitais do Brasil. A cidade de Curitiba é conhecida atualmente como a cidade mais sustentável do mundo, segundo a Globe Award, sediada em Estocolmo, na Suécia.
Curitiba ostenta a fama de cidade boa de se viver, de capital que cuida da inovação e planejamento urbano no setor de meio ambiente. Estima-se que a área verde da cidade seja de 51 metros quadrados por habitante, cerca de três vezes maior que a área recomendada pela Unesco - não é à toa que recebeu o premio de capital ecológica do Brasil.
Mas algo vem nos tirando o sono: hoje Curitiba e outros catorze municípios produzem diariamente mais de 2.400 toneladas de lixo, que vinham sendo depositadas no “aterro do Caximba”, um bairro da periferia de Curitiba.
De 1989 a maio de 2004 o local armazenou 8 milhões de toneladas de lixo e encerrou sua vida útil. Para viabilizar o recebimento e tratamento das 2.400 toneladas ao dia, a prefeitura ampliou emergencialmente o aterro em 51.000 metros quadrados, prolongando sua vida útil para mais quatro anos. Esse prazo terminou no final de 2008. No entanto, um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) passou a garantir o funcionamento do local até que ele atingisse a cota máxima de recebimento de lixo.
Para reduzir o envio de lixo para o bairro do Caximba, os municípios usavam técnicas “mirabolantes”: criavam lixões clandestinos que permitiam que catadores sem nenhuma proteção ali trabalhassem.
Alguns moradores do entorno desses lixões clandestinos são pequenos agricultores que estavam preocupados com as poluições das águas em suas propriedades e com o mau cheiro que eram obrigados a suportar, oriundo da queima e putrefação dos resíduos.
Entretanto, para alegria dos moradores de Caximba, no último dia 8 o aterro foi desativado. O novo Centro de Gerenciamento de Resíduos fica na Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba. O local foi preparado para receber 2.500 toneladas por dia. Mas, infelizmente, o problema não foi solucionado, mudou apenas de endereço. Enquanto os moradores do Caximba respiram aliviados a saída do aterro os moradores da Fazenda Rio Grande reclamam do novo vizinho, que ainda trará muita dor de cabeça!
Acredito que se o novo aterro estiver em perfeitas condições, não extrapolando limites, nem poluindo o meio ambiente e preservando o bem-estar da população, não há por que o aterro permanecer na Fazenda Rio Grande.
Uma das possíveis soluções para esse problema não só local, mas global, seria a implantação de usinas para separação do lixo orgânico do lixo reciclável, dando-lhes assim os devidos procedimentos de tratamento, como a reciclagem do lixo inorgânico e a incineração do lixo orgânico, para que este vire adubo, que irá beneficiar as plantações de pequenos agricultores da nossa cidade e região metropolitana.
Enfim, esperamos que a nossa capital não perca seu brilho, nem seus títulos, mas sim, receba com mérito o que é seu. Uma cidade sustentável precisa antes de tudo dar condições de sustentabilidade ao cidadão e é gerando oportunidades e multiplicando soluções que Curitiba fortalece seu posto de Cidade Sorriso, Capital Ecológica e Capital Social, seguindo seu caminho como a cidade que é orgulho de todos os curitibanos e daqueles que vivem em seu entorno.

FOGAÇA, Anny Thaise.

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