É de consenso geral que a maior causa da Segunda Guerra Mundial foi o
Tratado de Versalhes, assinado ao fim da Primeira Grande Guerra, pelos países
da Tríplice Entente (Inglaterra, França, Estados Unidos, Rússia; os
“vencedores”) e Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria, Itália; os “perdedores”).
A Alemanha se viu sem o domínio da Alsácia-Lorena, conquistada na guerra
Franco-prussiana em 1870 e então devolvida aos franceses, e sem o chamado
Corredor Polonês, que desde então se tornou polonês. A cidade alemã de Danzig
passara a ser controlada pela Liga das Nações; o território de Sarre ficaria em
posse da França onde há minas riquíssimas em Carvão mineral. Deveria ceder
outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia. Fora vedado à Alemanha
possuir um exército superior a cem mil homens, exigiu-se a desmilitarização da
região fronteiriça da França (Renânia), incluindo o desmantelamento das
fortificações ali situadas, proibida a aviação militar na Alemanha, entre
outras sanções.
Veja abaixo um trecho do Tratado de Versalhes.
Art. 45 – Alemanha cede à França a propriedade absoluta [...], com
direito total de exploração, das minas de carvão situadas na Bacia do Rio
Sarre.
Art. 80 – A Alemanha reconhece e respeitará estritamente a independência
da Áustria.
Art. 81 – A Alemanha conhece a completa independência da Tchecoslováquia.
Art. 87 – A Alemanha conhece a completa independência da Polônia.
Art. 119 – A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos
os direitos sobre as colônias ultramarinas.
Art. 160 – O Exército Alemão não deverá ter mais que sete divisões de
Infantaria e três de Cavalaria. Em nenhum caso, a totalidade dos efetivos do
exército deverá ultrapassar cem mil homens.
Art. 171 – Estão proibidas na Alemanha a fabricação e a importação de
carros blindados, tanques ou qualquer outro instrumento que sirva a objetivos
de guerra.
Art. 173 – Todo serviço militar universal e obrigatório será abolido na
Alemanha. O exército alemão só poderá ser constituído e recrutado através do
alistamento voluntário.
Art. 232 – A Alemanha se compromete
a reparar todos os danos causados à população civil das potências
aliadas e a seus bens.
Adhemar Martins Marques e outros. História
Contemporânea – textos e documentos. São Paulo, Contexto, 1999. P. 115-117
Maria de Lourdes Janotti. A
primeira Guerra Mundial – o confronto do imperialismo. São Paulo, Atual,
1992. P. 62-64
Estas sanções aplicadas à Alemanha geraram um enorme rancor que foi
utilizado pela extrema-direita nazista, na figura de Adolf Hitler, que
começou a crescer em popularidade no ano de 1919. O Tratado de Versalhes feriu
o orgulho alemão, entretanto não suprimiu em sua totalidade o potencial
industrial do país.
A crise econômica de 1929 também influenciou na guerra, pois no momento
já podemos dizer que a economia mundial estava globalizada. Os países iniciaram
uma verdadeira guerra fiscal em prol do protecionismo a indústria nacional. A
produção mundial fora reduzida em quarenta por cento, onze milhões de
desempregados só nos Estados Unidos.
Merece destaque a não existência desses temores na URSS, que tinha uma
economia baseada na produção interna e no comércio com países do bloco
socialista, com seus planos quinquenais.
A Sociedade das Nações ou liga das Nações, formada após a Primeira Grande
Guerra, apenas solucionou algumas questões internacionais, mas não possuía
poder de coerção sobre seus membros e por isso não impediu vários conflitos que
marcaram a década de 30, como a invasão nipônica da Manchúria, guerra
sino-japonesa, Guerra do Chaco entre Paraguai e Bolívia de 1932 a 1935 e a
invasão italiana da Etiópia. Um dos problemas da Sociedade das Nações foi a não
efetiva participação dos EUA, URSS e Alemanha.
A Sociedade das Nações foi ineficiente, como nos relata o historiador
Eric Hobsbawn:
“Por fim, as potências vitoriosas (da Guerra de 1914-1918) buscaram
desesperadamente o tipo de acordo de paz que tornasse impossível outra guerra
como a que acabara de devastar o mundo [...]. Fracassaram de forma mais
espetacular. Vinte anos depois, o mundo estava de novo em guerra.”
HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos – O breve século XX: 1914-1991. São
Paulo:Companhia das Letras, 1996. p. 39-40
Adolf Hitler foi implacável em seu modelo totalitário no quesito
repressão aos adversários políticos, aos quais sufocou em menos de um ano de
poder. Repressão à imprensa e apresentação ao mundo da parte conveniente da
situação sócio-político-econômica alemã fez com que nenhum país além-fronteira
soubesse da situação antidemocrática do país, e, portanto, não intervisse.
Outra estratégia do Führer foi criar uma imagem internacional de anticomunista.
Assinou em 1936 e 1937 (com Japão e Itália, respectivamente) o pacto Anti-Komintern,
marcando um isolamento para com a URSS. Para conseguir retomar o crescimento da
Alemanha e transformá-la em Potência novamente, foi fundamental romper os
termos do Tratado de Versalhes. O espaço vital proposto por Hitler em seu livro
Mein Kampf, não poderia ser conquistado, pois, sem o rearmamento do país e a
reunião dos povos germânicos, através do expansionismo territorial.
O Japão, seguindo a mesma linha expansionista, cria conflitos com a China
e EUA.
A guerra civil espanhola, iniciada em 1936, foi um dos motivos que levou
Hitler a crer que a Alemanha poderia vencer os russos num confronto direto, já
que as tropas de Franco, reforçadas com um contingente nazista, venceram as
republicanas apoiadas por Stalin e URSS.
A ascensão de Hitler ao poder e o seu nacionalismo fizeram alemães de
países vizinhos entrarem em ebulição, com o desejo de integrar-se à Grande
Alemanha. Em março de 1938 foi anexada a Áustria pela Alemanha, e em seguida,
visando evitar conflitos com a URSS, Stalin e Hitler assinam um acordo de não-agressão entre os dois países, com a
divisão da Polônia e anexação de Estônia, Letônia e Lituânia pela URSS.
O acordo de Munique, assinado por Inglaterra, França, Itália e Alemanha,
que desmembrou a Tchecoslováquia; fora desrespeitado. A anexação da
Sudetolândia, Morávia e Boêmia após a ocupação de Praga por Hitler, além do
desrespeito ao Pacto de não-agressão antes firmado deram início à Guerra.
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2 Comentários
Texto altamente tendencioso. Parei de ler quando vi "extrema-esquerda, na figura de Hitler". Pare de inventar. O nazismo é de extrema-direita. Não adianta ir contra fatos históricos!
ResponderExcluirEste foi um detalhe importante @Airton Macêdo que passou despercebido durante a escrita. Não vale o tom desrespeitoso do comentário, mas estou grato pela correção mesmo assim. Já foi aplicada ao post.
ResponderExcluirSeu comentário será publicado em breve e sua dúvida ou sugestão vista pelo Mestre Blogueiro. Caso queira comentar usando o Facebook, basta usar a caixa logo abaixo desta. Não aceitamos comentários com links. Muito obrigado!
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