Técnicas de desenho urbano - como são e para quê servem?

Variedades

‘Cidades novas’ são núcleos urbanos concebidos com base em técnicas de desenho urbano, visando uma melhor gestão de espaço, gerando ou cidades planejadas, compostas por unidades de vizinhança (cujo conceito será apresentado a seguir), ou núcleos urbanos planejados, fruto de uma revitalização de núcleos pré-existentes, ou de uma promoção de desenvolvimento industrial em região antes pouco desenvolvidas. Brasília é um exemplo de ‘cidade nova’, planejada também com fins políticos. No que se refere à estrutura de transporte, se busca a construção de vias separadas para os diferentes tipos de veículos (automóvel, bicicleta, ônibus, pedestres, etc.), ocorre hierarquização de vias e a busca por um equilíbrio entre transporte público e privado.



Uma unidade de vizinhança é um núcleo urbano, podendo ser parte de uma cidade ou a cidade como um todo, contendo entidades como escola primária, unidade básica de saúde, pequenos parques, comércio e ambiente residencial estritamente locais. Segundo Clarence Petry, além destas características, seria necessária a população em torno de 5000 habitantes (pelo menos), de modo a esta escola primária poder funcionar, e os limites da unidade de vizinhança seriam demarcados por vias suficientemente largas, permitindo o tráfego de passagem. Além destas vias, regiões não urbanizadas poderiam compor a separação, pois não se deseja a ocorrência de conurbações.
As unidades de vizinhança possuem diferentes formas de organização, de acordo com algumas teorias de desenho urbano, sendo elas: Utopia, Cidade Linear, Cidade Industrial, Cidade Jardim e Cidade Parque, além de muitas outras.
As cidades que seguem o modelo ‘Utopia’, cuja definição vem de Thomas More, não possuem distância menor do que 38km, possuindo ruas bem traçadas, com casas contendo uma porta para a rua e outra para o jardim, havendo uma rua para a circulação geral, e outra secundária (para a qual estaria voltada a porta do jardim) onde seria feito o acesso às residências pelos respectivos veículos. Estas cidades seriam divididas em quatro setores, com praças contendo pequenos comércios a sua volta na delimitação entre setores. O limite de população ficaria na faixa de 100 000 habitantes.
A ‘Cidade Linear’ é um modelo de unidade de vizinhança proposto por Arturo Soria Y Mata, contendo uma via principal, com 500m de largura, em que instalações de gás, água e eletricidade passariam, bem como uma rodovia e linha de trens ou bondes. Nesta rua principal, em intervalos fixos, haveria a presença dos serviços públicos como escola, posto de saúde, polícia, bombeiros, etc. e, nas ruas transversais e nas secundárias paralelas de cada um dos lados da cidade linear, ocorreriam as zonas de habitação.
A ‘Cidade Industrial’ é um modelo proposto por Tony Garnier, aplicável a regiões de vale. A população giraria em torno de 35 000 pessoas, cujas residências estariam no plano mais elevado. No plano intermediário, lojas, comércio, serviços públicos, etc. seriam dispostos e, separada por um cinturão de propriedades rurais, estaria a zona industrial no plano mais baixo. A cidade se estenderia no modelo de planta em tabuleiro, com quadras de 30m por 150 m.


[Esquema simplificado de uma cidade-jardim. Imagem: urbanidades]

A ‘Cidade Jardim’ foi enunciada por Ebenezer Howard, possuindo uma unidade de vizinhança cujo centro é um parque circular, de onde saem vias radiais partindo deste centro, que dividem a unidade em seis setores. Ao invés de ruas paralelas, haverá vias concêntricas que interceptam estas vias de divisão setorial. Escolas e igrejas estariam próximas ao parque, bem como as estruturas de poder público. A integração entre unidades de vizinhança se daria por meio por de linhas férreas para trânsito rápido. Um exemplo brasileiro é a cidade paranaense de Cianorte.
A ‘Cidade Parque’ é um modelo de unidade de vizinhança que considera uma população mais elevada do que outros anteriores, na faixa de três milhões de habitantes, com alguns objetivos de planejamento bem definidos, quais sejam: descongestionar o centro da cidade, melhorando a circulação; construir em altura (edifícios) em algumas regiões, o que reduz custos de alta horizontalidade urbana; separação de fluxos entre diferentes tipos de veículos e pedestres, bem como vias de função bem definida (tráfego local, de passagem, etc.); e aumentar as superfícies plantadas, formando parques.
Para a habitação, prédios de 12 a 15 andares seriam construídos. Já para atividades empresariais e serviços, as atividades ocorreriam em edifícios para este fim, ligados por autoestradas em elevação de cinco metros de altura. Rodovias e estradas de ferro ligariam a região empresarial ao outro extremo, onde se concentrariam as indústrias. E para os fins recreativos, os parques seriam arborizados, com quadras esportivas, piscinas e gramados, contendo as escolas em seu interior. Bibliotecas e teatros localizar-se-iam na região central.
Quanto à circulação, os veículos não podem estacionar nas rodovias, sendo preferencial a mão única, sem a ocorrência de intersecção em nível. Eles seguem com a função porta-a-porta. Em paralelo às autoestradas, o transporte coletivo funciona, com paradas a cada 400m. Os veículos pesados também circulam nas autoestradas, em pistas devidamente separadas e cercadas. A circulação de pedestres é protegida em toda a sua extensão por marquises, havendo também passagens subterrâneas abaixo das vias de circulação de veículos, para evitar o cruzamento em nível de elementos de velocidades distintas.






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