Período Liberal-populista (1945 – 64)

História


Neste post estão resumidos os principais acontecimentos deste período na História do Brasil. As eleições de 1945 marcaram o fim da Era Vargas e o início do período Liberal-populista ou Democrático Concorreram as eleições presidenciais de 45 os candidatos Eurico Gaspar Dutra [PSD/PTB], Yedo Fiúza [UDN] e Eduardo Gomes [UDN], saindo o Gen. Dutra [“o indicado de Getúlio”] vitorioso. O período é marcado pelo populismo, prática de apelo emocional às massas principalmente urbanas, usando o culto à imagem do governante entre outras práticas – destaque ao governante – ser “humano”.


A imagem do governante era cultuada como um ídolo, estando em quadros nas paredes de residências, característica marcante no 2º período de governo Vargas.

Governo de Dutra – 1946-51
 

 No governo de Dutra, o liberalismo econômico prevaleceu até 1947, quando Dutra teve de intervir na importação de bens supérfluos, reequilibrando a balança comercial brasileira. A nova constituição foi promulgada, a quinta e mais democrática até então, definia o voto secreto e universal, existência dos três poderes... Todavia negros e analfabetos ainda não poderiam votar.
O plano SALTE – Saúde, ALimentação, Transporte e Educação – foi implantado, não obtendo êxito em boa parte de suas metas. Dele surgiu a rodovia RJ-SP chamada também de Presidente Dutra.
Em 18 de setembro de 1850 – primeira transmissão de TV no país. Antes dela, já havia pessoas que importavam televisores estrangeiros.
Apesar da promulgação de uma constituição democrática, havia certa “cautela” no recebimento de judeus em nosso país, fato comprovado recentemente em telegramas confidenciais do Itamaraty.
Foi neste período que ocorreu a cassação do registro do PCB, que passou a atuar na ilegalidade, motivada principalmente pela adesão do governo do Brasil ao bloco capitalista em plena guerra fria.

O Encore do Pai dos Pobres (Getúlio Vargas) – 1951-54 

 A passagem de cinco anos de redemocratização do país não fez surgir novos líderes políticos. Elegeu-se com 48%, disputando com Eduardo Gomes [UDN] e Cristiano Machado [PSD]. Getúlio [PTB] elegia-se pelas mãos do povo. Vargas adotou postura nacionalista, mas teve de assumir compromissos de abertura ao capital estrangeiro devido ao apoio informal do PSD. Promoveu a estatização das reservas de petróleo nacionais e criou a Petrobrás em 1953. Em parceria com seu Ministro do Trabalho, Jango, promoveu um aumento de 100% no salário mínimo; medida populista.
A Lei de Lucros Extraordinários foi proposta por Vargas e barrada no congresso. Contrariava interesses de grupos Internacionais não queriam restrições ao envio de remessas de lucros às suas matrizes no Exterior.  
 O jornal Tribuna de Imprensa era um meio de Carlos Lacerda [UDN] difundir ideias oposicionistas(  conhecido pela famosa máxima: “O Futuro não é o que se teme, é o que se ousa”). Em contrapartida, o jornal Última Hora publicava notícias com fundo governista. Carlos Lacerda contra-atacou na época, acusando Getúlio de patrocinar a UH.
Numa tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, o “atirador” atinge e mata Gregório Fortunato, culminando numa crise interna que tornaria insustentável a permanência de Getúlio no poder e, em 24 de agosto de 1954 Última Hora noticiava: “Matou-se Vargas!” – Este fato culminou com uma enorme comoção popular, resultado das práticas populistas aliado ao famoso texto da Carta-testamento: “Saio da vida para entrar na História.”

Situação Provisória: Café Filho (1954-55) 
 Ao findar o luto, o vice de Vargas assume o governo, retomando a política econômica deixada de lado por Vargas. Enquanto isso, se armava a disputa presidencial.

Juscelino Kubitschek e seu desenvolvimentismo (1956-1961)
 
A campanha foi polarizada por Juscelino Kubitschek e Juarez Távora, sendo o primeiro o vencedor. João Goulart assume como vice, obtendo maior nº de votos que Juscelino. Os anos JK são conhecidos pela tranquilidade política e altas taxas de desenvolvimento econômico [50 anos em 5]. JK assumiu na data prevista e deixou o cargo do mesmo modo.  A oposição [UDN] ficou isolada devido a forte aliança política governista. 
Neste momento foi forte o desenvolvimento da indústria de bens duráveis como automóveis [Instalação da Volkswagen no Brasil], eletrodomésticos, etc. pela iniciativa privada estrangeira facilitada pelo governo.
O Plano de metas foi um plano sócio-politico-econômico que obteve êxito em 70% de suas metas para energia e transporte embora tenha sido inexpressivo no quesito metas educacionais.







[Esboços de Brasília feitos por Niemeyer.]

As capitais brasileiras até então estavam em pontos de fácil invasão no caso de conflito internacional, e foram invadidas diversas vezes na História brasileira. Além disso, o interior do país era pouco povoado. Para curar estas duas deficiências, Brasília foi concebida em meio ao Cerrado. A associação de Niemeyer [1907- 2012] a Lúcio Costa [1902 - 98], aliada às contribuições paisagísticas de Burle Marx [1909 – 94], de artistas como Athos Bulcão [1918 - ], de engenharia das equipes da Novacap, dirigida por Israel Pinheiro [1896 – 1973], e aos milhares de trabalhadores [candangos] que migraram de diversas regiões do Brasil para trabalhar na construção da cidade, inaugurada em 21 de abril de 1960 e tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1987 pela UNESCO. 
Com a criação de Brasília e o aumento da demanda energética, era necessária a construção de uma nova hidrelétrica, pois o país necessitava de pelo menos mais 1 500 MW para evitar um colapso energético. Furnas foi inaugurada em 1963, a terceira maior da época.
Este período ficou conhecido como a era do rádio e da bossa-nova. Enquanto a televisão engatinhava, o rádio era o principal meio de comunicação e entretenimento [orações, novelas, humorísticos, noticiários, programas de auditório, concursos de rainha do rádio, etc.]. Bossa-nova, ritmo musical embalado pela nova ordem social do país era também um apelido presidencial. 


Jânio Quadros: o político de carreira “meteórica” (1961) –

 Jânio Quadros foi eleito presidente do Brasil sem surpresas, pela rapidez com que chegou ao cargo: em 1947 foi eleito vereador de São Paulo, deputado estadual em 1950, prefeito em 1953, governador de SP em 1954, deputado federal em 1958 e por fim, presidente em 1961, concorrendo com Henrique Teixeira Lott e vencendo por 48% dos votos. Em seu governo, destacou-se seu jeito de governar: adorava usar bilhetinhos para resolver assuntos corriqueiros como proibição das rinhas-de-galo, uso de biquínis nas praias e lança-perfume; em detrimento da resolução dos grandes problemas nacionais, o que transformou expectativa em decepção em quem o votou. Mascarava sua falta de propostas concretas em relação à corrupção com discursos impecáveis de um professor de língua portuguesa que era. Seu símbolo de campanha foi uma vassoura. 
 A dívida externa junto ao FMI foi renegociada e medidas econômicas problemáticas aumentaram preços do trigo e do petróleo, antes subsidiados pelo governo. Ao contrário de JK, as medidas de Jânio eram resolutivas apenas  em curto prazo. Jânio aproximou o Brasil do bloco socialista, inclusive recebendo Ernesto “Che” Guevara no Brasil. Todavia, não tinha um posicionamento político claro: estava na UDN apenas por estar.

 Em 25 de agosto de 1961, sete anos e um dia após o primeiro pai dos pobres falecer, o segundo tentava se consolidar. Jânio envia uma carta de renúncia ao Congresso, que acatou o pedido. Para surpresa de Jânio, o povo não pediu a sua volta e Jango foi empossado, em situação conflituosa.
O governo de Jango – João Goulart (1961-1964)


 Jango teve problemas ao assumir. Estava em missão oficial à China e, portanto era um perigoso comunista. Políticos nacionais defendiam a permanência do interino Ranieri Mazzilli até novas eleições, o que não aconteceu. 
Em dezembro de 1961, o país se torna uma república parlamentarista, em um regime político frágil que se desmantelou em janeiro de 63, com um plebiscito popular que trouxe o país novamente a condição de república presidencialista.
Jango nomeia um conjunto de notáveis e lança planos trienais e reformas de base [agrária, tributária, financeira e administrativa] que implicavam em um impasse com a entrada de capitais estrangeiros pelo caráter esquerdizante. Em 65, o plano havia fracassado totalmente e o governo perdeu o controle da economia do Brasil.
O PTB de Jango era fortíssimo, porém não controlava sozinho o Congresso e ficava a mercê de facções anti e pró Jango. A UNE e a Igreja Católica mobilizavam-se em torno de mudanças.

Em 13 de março de 1964, Jango fala a um público de mais de 150 mil pessoas em seus novos projetos de reforma agrária e urbana, mudança de impostos taxando os mais ricos. Isso acelerou o golpe que pretendia derrubá-lo promovido pela classe média, governo estadunidense, elites e forças armadas. O gen. Castelo Branco lidera o movimento e promove uma marcha com 500 mil pessoas em São Paulo, em resposta. Em pouco tempo o movimento “antijango" espalhou-se em nosso país e foi aderido pelos principais governadores. Leonel Brizola, seu cunhado e governador gaúcho, tentou armar um contragolpe, mas Jango não quis fazê-lo, por ter consciência das consequências de uma guerra envolvendo civis e as inúmeras mortes que isso causaria. Assim, em 1964, se encerra o período Liberal-Populista e inicia o período conhecido como Ditadura Militar.  


Para saber mais sobre este tema, recomenda-se as seguintes fontes de pesquisa:


- VICENTINO, Cláudio. História do Brasil/ Cláudio Vicentino, Gianpaulo Dorigo – São Paulo: Scipione, 1997. (Todo o período);
- www.arquivoestado.sp.gov.br (Edições digitalizadas do Jornal Última Hora);
- www.infobrasilia.com.br; 
 - www.memorialjk.com.br.


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