Os mecanismos de defesa são comportamentos
que o ser humano assume diante de determinadas situações, como forma de ‘defesa’
diante de dores, frustrações, sofrimento, etc. Nem sempre estes mecanismos são
conscientes. Os perigos de que nos defendemos, usando estes mecanismos, podem
ser reais ou não, internos e externos.
Não é psicologicamente problemático
usá-los, entretanto, eles distorcem os fatos que realmente ocorrem no
cotidiano: ter clareza sobre como são estes mecanismos pode fazer com que
saibamos não nos deixar levar por eles e ter clareza para enxergar realmente a realidade. Vejamos a seguir
como são alguns destes mecanismos e exemplos que ilustram cada um deles:
Desvalorização:
A desvalorização é um mecanismo de defesa em que as pessoas reduzem ou
menosprezam o valor daquilo que os outros têm ou daquilo que não conseguiram
ter ou conquistar. Um exemplo interessante de deslocamento é a famosa fábula da
raposa e as uvas: “Uma raposa passava todos os dias diante de um parreiral e
ficava olhando as uvas. Chegava mesmo a babar. Um dia, encontrou uma brecha na
cerca e entrou. Estava feliz porque finalmente poderia comer as uvas que tanto
havia desejado. Mas, infelizmente, as uvas estavam altas demais para ela e,
assim, não conseguiu alcançá-las. Então, depois de muito pular e não conseguir,
ela foi embora dizendo: - Não importa, as uvas estão verdes.” Outro exemplo,
cotidiano, é o do homem que não consegue conquistar uma mulher e, por isso,
coloca-lhe algum defeito, como forma de amenizar a frustração.
Idealização:
Assim
como o deslocamento, é facilmente perceptível no dia-a-dia. Quando uma pessoa
gosta muito de algo ou de outra pessoa, tende a vê-lo perfeito. Porém, isto não
é de todo mau, já que na adolescência usamos isto para definir alguns padrões
que levaremos para a vida a adulta e, outros, é claro.
Projeção:
Aquilo que uma pessoa vê que seja ruim nela, ela projeta nos demais, como o
indivíduo que diz que seus colegas são extremamente competitivos. Ou, pode
ocorrer também de uma pessoa dizer que ela é ruim em algo, mas os outros também
são.
Delírio:
o delírio é uma concepção imaginativa,
sem nenhum fundamento, sobre fatos da realidade, através de falsas
interpretações e até mesmo alucinações. Em alguns casos, estas falsas
interpretações, além de puramente imaginativas, são completamente desprovidas
de coerência. Os delírios mais comuns são as ideias de grandeza, crime, culpa e
perseguição. Por exemplo, uma mulher que se sente rejeitada pelo marido tenta
provar a qualquer custo que sua amiga também o é. Com isso, ao conversarem ao
celular, ela interpreta a conversa a sua maneira e cria uma história fantasiosa
de uma possível amante, história essa criada de acordo com sua conveniência,
mesmo que inconscientemente.
[Foto:
Coruja Tricoteira]
Inveja:
A inveja, além de ser um pecado capital, é um mecanismo autodestrutivo. Poucas
vezes pode ser positiva, quando uma pessoa deseja ou conquistar o que a outra
tem, por admirá-la e; na maioria das vezes, é negativa, quando uma pessoa deseja
que os outros se deem mal, sentindo-se feliz com a desgraça dos outros. A
inveja não precisa ser de algo concreto, pode ser até mesmo de uma habilidade.
Pior do que ver o crescimento do outro, para o invejoso, é constatar sua
própria incompetência e incapacidade.
Regressão:
Uma pessoa retoma a um ponto anterior de sua vida por determinada situação,
desencadeando uma situação inesperada, devido a um trauma ou outra causa. Por
exemplo, uma criança é mordida por um cão de rua. Quando adulta, fica
paralisada se ver um vira-lata passando.
Deslocamento:
O deslocamento ocorre quando o sentimento por uma pessoa é ‘deslocado’ contra
outra. Este é o famoso ‘descontar’ no outro: sempre ‘o mais fraco’ recebe do ‘mais
forte’... Este deslocamento não precisa ser necessariamente de pessoa para
pessoa, mas de pessoa para objeto, pessoa para animal de estimação,... ai do
que estiver na frente. Este mecanismo de defesa precisa ser controlado para que
o indivíduo não diga coisas impensadas e magoe quem mais gosta, que geralmente
está perto nessas horas.
Por exemplo: uma mulher ouve um sermão da
chefe no escritório, fica com raiva e humilhada, mas não reage por temer perder
o emprego. Ao chegar em casa, o marido deixou a toalha na cama, e ela passa a
gritar numa explosão sem tamanho. O marido, sem dizer nada, sai e só volta
quando ela foi dormir.
A Psicologia também menciona casos mais
avançados em que comportamentos de pais e mães são transmitidos através do
deslocamento a filhos ou a cônjuges.
Negação:
A negação se refere ao negar uma realidade desagradável, como se ela não
existisse. Em crianças, principalmente, é comum negar realidades desagradáveis
para evitar o desprazer. Um exemplo é a mãe que escuta de uma professora de
escola que seu filho é completamente indisciplinado, agride os demais, fala em
voz e alta, entre outras coisas. A mãe, ao ouvir isto, responde que só se for
na escola, pois em casa o filho é um anjo.
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